A fruteira não demanda irrigação em boa parte de seu ciclo produtivo, permitindo economia de custosa (Foto: Nathalia Fabro/ Editora Globo)
Espécie nativa do Semiárido brasileiro, o umbu (Spondias tuberosa Arruda) é considerado uma alternativa na complementação de renda de muitos agricultores da região.
Matéria-prima para a fabricação de sucos, néctares, polpas, doces, geleias, compotas e sorvetes pela agroindústria, seu cultivo também tem importância econômica em outras áreas do país, principalmente em um período de diminuição de oferta do fruto oriundo do extrativismo de locais de plantio dependentes de chuva.
Além da seca prolongada no interior do território brasileiro, a ocorrência de desmatamentos e a expansão da fronteira agrícola também contribuem para a queda da produção natural dos umbuzeiros centenários existentes na Caatinga.
Esses fatores foram negativos para os plantios naturais, mas, em contrapartida, proporcionaram o surgimento de mais uma opção de sistema de cultivo sustentável, que pode ser lucrativo para os pequenos agricultores de base familiar.
Por ser resistente, o umbuzeiro tem bom desenvolvimento nos mais variados tipos de solo existentes, sendo necessário apenas eliminar ervas daninhas se presentes no entorno do plantio da cultura.
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Como possui raízes tuberosas (xilopódios), que armazenam água como reservatórios para a planta no período de seca, a fruteira não demanda irrigação em boa parte de seu ciclo produtivo, permitindo economia de custos. Além disso, é pouco exigente em adubação, o que facilita seu plantio.
Embora o umbuzeiro propagado por mudas enxertadas comece a produzir a partir dos oito anos de idade, o agricultor pode aproveitar o espaçamento largo do cultivo para plantar nas entrelinhas culturas de ciclo curto, como milho, arroz, sorgo, feijão-de-corda e guandu. O produtor ainda tem a vantagem de contar com os frutos a vida toda, já que a árvore frutífera mantém-se produtiva por até um século.
A polpa ácida e saborosa do umbu tem bom rendimento, variando de 60% a 70% do fruto, e oferece muitos benefícios à saúde do consumidor. É rica em vitamina C, sais minerais e contém outros muitos nutrientes, como cálcio, magnésio, fósforo, ferro, potássio e zinco.
Dotada de fibras, a fruteira promove sensação de saciedade, auxiliando em dietas para perda de peso. A presença de antioxidantes na composição do fruto também contribui para o combate de radicais livres, agentes que aceleram o envelhecimento e são causadores de doenças no coração, além de câncer e artrite.
O umbuzeiro tem ainda uso na alimentação de criações, formando outro segmento para o agricultor destinar a produção. Animais ruminantes, como caprinos e ovinos, por exemplo, são apreciadores das folhas e frutos da árvore.
Mãos à obra
>>> INÍCIO A aquisição de mudas facilita o começo da atividade para agricultores com menos experiência na propagação de plantas. Exemplares podem ser adquiridos de outros produtores e em viveiros de produção de mudas.
>>> AMBIENTE Originária de áreas de caatinga do Semiárido, o umbuzeiro é uma planta que gosta de clima quente e seco. Apesar de ser tolerante à seca, necessita de irrigações na fase de implantação da cultura em campo.
>>> PROPAGAÇÃO Pode ser por sementes retiradas de frutos maduros, para a produção de porta-enxertos. Porém, para a planta frutificar, leva-se mais tempo que o necessário para a obtenção de mudas formadas pelo método de enxertia. Usa-se o processo de garfagem no topo em fenda cheia a partir da coleta de garfos com três ou quatro gemas. O caule deve ter entre 0,6 e 0,8 centímetros de espessura, medida que atinge com cerca de nove meses. Amarre o enxerto na extremidade do garfo com fita transparente, que será retirada somente após 60 dias, quando for realizado o transplante para o local definitivo.
>>> PLANTIO Deve ser realizado no início do período das chuvas e de preferência em solos com boa drenagem e sem encharcamento. O umbuzeiro também gosta de solos férteis, com bom teor de cálcio, magnésio e potássio. Coloque a muda no centro da cova e feche-a com terra, compactando o solo para firmar a planta no solo. Na ausência de insumos agrícolas (adubos químicos), pode ser adicionado ao solo esterco curtido.
>>> ESPAÇAMENTO Varia de 8 a 10 metros entre covas com dimensões de 40 por 40 por 40 centímetros, o equivalente a dois palmos de profundidade por dois de largura. É recomendada uma área mínima de 64 metros quadrados por planta. No entanto, se forem realizadas podas periódicas, pode ser reduzida para 36 metros quadrados.
>>> PRODUÇÃO Somente depois de oito anos do plantio de mudas enxertadas, atingindo mais vigor a partir dos dez anos. O início da produção é de 12 anos se a propagação for por sementes. Cada árvore tem capacidade para produzir de 65 a 300 quilos por ano. A colheita é manual, no momento em que o umbu estiver de vez (para amadurecer).
RAIO X
Solo: adapta-se a diversos tipos, mas sem encharcamento
Clima: semiárido quente
Área mínima: 8 x 8 metros por planta
Colheita: oito anos após o plantio
Custo: o preço da muda de pé-franco é de cerca de R$ 3 e o da enxertada, R$ 5 ou mais
Onde adquirir: viveiros da região semiárida comercializam as mudas
Mais informações: Embrapa Semiárido e universidades e empresas estaduais de pesquisa
*Consultor: Visêldo Ribeiro de Oliveira, engenheiro florestal da Embrapa Semiárido, Caixa Postal 23, CEP 56300-970, Petrolina (PE), tel. (87) 3866-3600, embrapa.br/fale-conosco
Source: Rural