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Apesar de polêmico, o glifosato ainda é muito utilizado (Foto: Thinkstock)

 

O plantio da próxima safra está se aproximando, o que faz as discussões em torno da suspensão do glifosato e do uso de agrotóxicos ganharem maior proporção. Segundo a Aprosoja-MT, os produtores de grãos não terão como iniciar os trabalhos sem o herbicida – que vem sendo alvo de processos judiciais nos Estados Unidos.

Na última semana, a justiça brasileira reagiu rapidamente à condenação da Monsanto – maior fabricante de produtos que contêm como ingrediente ativo o glifosato – a pagar quase US$ 290 milhões por danos a Dewayne Johnson, jardineiro americano que teve câncer após a exposição reiterada ao Roundup, produto que tem como princípio ativo o glifosato. Somente nos EUA, existem cerca de 4.000 processos semelhantes a este em tramitação.

Ao suspender o herbicida no Brasil, a juíza federal Luciana Raquel Tolentino de Moura se baseou na nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz que diz: "Tanto para os trabalhadores expostos a essas substâncias quanto para os consumidores de culturas tratadas e para a população em geral, razão pela qual necessitam de uma detalhada avaliação para obtenção de registro".

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Para Grace Jenske, engenheira química do Freitag Laboratórios, também foi levado em consideração que no último dia 6 de agosto expirou o prazo que as empresas fabricantes de produtos com este princípio ativo tinham para enviarem à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seus estudos e discussões técnicas informando as doses de referência que devem ser utilizadas na avaliação de risco do glifosato.

Então o herbicida segue suspenso até que a Anvisa conclua a reavaliação toxicológica. A especialista lembra que as discussões se intensificam também em razão da tramitação do Projeto de Lei 6299/2002, conhecido como “PL do Veneno”, que propõe modificações que enfraquecem significativamente os critérios no sistema de regulamentação do uso de agrotóxicos, seus componentes e afins no Brasil.

Segundo a engenheira química, o Brasil precisa aproveitar para um estudo aprofundado para cada tipo de cultura, definindo assim qual a alternativa mais viável a ser utilizada. "Da mesma forma que não existe um consenso sobre os impactos do glifosato, não há conhecimento de outros pesticidas que não apresentem riscos à saúde humana e que combatam as mesmas pragas”, explica Grace Jenske.

No entanto, a engenheira química defende que a agricultura brasileira está a um mês do início da safra e que a decisão da justiça neste momento pode acarretar em impactos significativos na economia brasileira. "É preciso a aprovação de uma política nacional de redução do uso de agrotóxicos nas plantações, como está sendo feito em países desenvolvidos. Existem também outras alternativas como a agroecologia que precisam de um maior incentivo dos órgãos públicos, para que possam se desenvolver de forma sustentável e economicamente viáveis”, completa. 

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Source: Rural

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