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Muitas hortaliças presentes em cultivos espalhados pelo país foram trazidas para cá quando o Brasil tornou-se Império, regime de governo inaugurado aqui com a mudança da família real de Portugal para terras brasileiras, em 1808. A fim de garantir o consumo dos alimentos de que gostavam e aos quais já estavam acostumados nas refeições no continente europeu, os membros da corte lusitana promoveram em território nacional o início da produção em larga escala de diversas folhosas e raízes.

Cultivada desde a segunda metade do século XVIII e ingrediente comum em sopas na Europa da Idade Média, a acelga (Beta vulgaris var. cicla) foi uma das plantas que possivelmente desembarcaram dos navios portugueses para se aclimatar ao ambiente tropical. Oriunda de uma vasta área que vai desde o Paquistão até o litoral mediterrâneo e atlântico da costa europeia, a espécie adaptou-se muito bem aos sistemas de horticulturas domésticos e comerciais implantados de norte a sul.

Embora prefira temperaturas amenas, a acelga tem tolerância para ser plantada em regiões com calor mais intenso, em cultivos com sombra parcial ou com clima mais frio, pois é resistente a geadas leves. Exceto em relação aos mais ácidos, aceita bem variações de pH do solo, que deve estar sempre úmido, mas não encharcado.

Fácil de plantar, inclusive em pouco espaço, a acelga é uma hortaliça que não exige muita experiência de quem se dedica à atividade do plantio da folhosa. É uma opção para o agricultor que planeja aumentar a renda mensal com as vendas da produção. Os brasileiros são bastante apreciadores da acelga, que, por diferentes motivos, ainda é confundida no varejo com a couve-chinesa (Brassica rapa), da família Brassicaceae, a mesma de repolho, couve e couve-flor.

“Prima” da beterraba, a acelga verdadeira tem folhas largas que evoluem do verde-claro ao escuro. O talo longo e firme é desenhado por nervuras espessas e de coloração variada. Apesar de a cor branca ser a mais comum, há versões em tons de vermelho, rosa e amarelo, qualificando a hortaliça como planta para ornamentação de pratos da alta gastronomia.

O consumo, no entanto, é o principal objetivo do cultivo da acelga, que tem desenvolvimento rápido. Em dois meses, está pronta para dar sabor e crocância a saladas, refogados, sopas, recheios de tortas, bolinhos e lanches. A acelga é dotada de elevado teor de vitamina A, C e ferro. Na medicina popular, tem procura para ser utilizada em tratamento de micoses, cicatrizes, cálculos biliares e doenças circulatórias.

*Raphael Augusto de Castro e Melo é pesquisador em fitotecnia da Embrapa Hortaliças, Rodovia Brasília-Anápolis, BR-060, Km 09, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília (DF), tel. (61) 3385-9110, www.embrapa.br/fale-conoscoOnde comprar: sementes são vendidas em envelopes e descortiçadas em lojas de produtos agropecuários e por empresas que comercializam sementes de hortaliças, como as integrantes da Associação Brasileira de Sementes (ABCSEM) – http://www.abcsem.com.br/associados.php
Mais informações: consulte técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) da região e casas agrícolas do município

 

 

INÍCIO Mais fácil é comprar sementes de acelga de talo branco, que já têm boa aceitação no mercado e podem ser adquiridas em lojas de produtos agropecuários, onde são vendidas em envelopes com 2,5 gramas a R$ 1,60, em média. A disponibilidade de sementes de acelga de talo colorido no varejo é mais rara. Mesmo agricultores que cultivam a hortaliça de cores variadas dependem da importação do material, que é realizada por empresas especializadas.

AMBIENTE De temperaturas amenas, oscilando de 18 ºC a 20 ºC, são os mais adequados para o plantio de acelga, embora a hortaliça também tenha tolerância para se desenvolver sob condições de clima mais quente, podendo chegar a 30 ºC. Deve-se ter cautela com o cultivo durante o inverno rigoroso, pois o frio favorece o pendoamento precoce, acelerando a passagem da planta da fase vegetativa para a reprodutiva. Pouco exigente em luminosidade, a acelga pode ser cultivada na sombra.

PROPAGAÇÃO É feita por sementes, que podem ser compradas no varejo já descortiçadas e prontas para a semeadura. Semeadas em bandeja, atingem o ponto para o transplante em cerca de 20 dias, quando contam com cinco a seis folhas e aproximadamente 15 centímetros de altura.

PLANTIO Ocorre em canteiros com solo preferencialmente de textura média, que têm boa drenagem e capacidade de retenção de água, além de rico em matéria orgânica. Sem encharcar, mantenha o solo sempre irrigado, uma vez que a acelga gosta de umidade.

ESPAÇAMENTO Das mudas entre linhas pode variar de 60 a 75 centímetros. Entre plantas, recomenda-se manter uma distância de 20 centímetros.

ADUBAÇÃO Igual à utilizada para o plantio de beterraba, mas com dosagens estabelecidas para cada Estado da federação e de acordo com orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural local. Uma alternativa é usar de 80 a 100 quilos por hectare de nitrogênio, sendo metade no momento do plantio e o restante parcelado em duas ou três vezes ao longo do ciclo produtivo; de 40 a 60 quilos por hectare de potássio e de 80 a 100 quilos de fósforo.

CUIDADOS Com o ataque de pragas contribuem para assegurar a qualidade da hortaliça. Adote boas práticas, como manejo adequado da irrigação, adubação e rotação de culturas, que reduzam as chances de localização e colonização da planta hospedeira, além de impedir a sobrevivência de insetos e ácaros-praga na área cultivada.

PRODUÇÃO Começa dois meses após o início do plantio. A colheita da acelga pode ser escalonada, sendo praticada ao longo de dois a três meses durante a safra. Manualmente, faça cortes na base dos talos da hortaliça.

Fotos: Shutterstock;  thinkstock

 

 

 
Source: Rural

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