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Hortaliça também é conhecida como bretalha ou espinafre-indiano (Foto: Sengai Podhuvan/ Wikimedia Commons)

 

Após sentir o sabor agradável das folhas verdes que brotaram espontaneamente no quintal de sua casa, um leitor solicitou à Globo Rural a identificação da planta. A equipe de consultores desta revista verificou que se tratava da bertalha (Basella alba), hortaliça que a maioria dos brasileiros desconhece e ainda muitos agricultores não descobriram o potencial comercial das vendas em maço que a cultura oferece.

Produtores que já são familiarizados com a plantação listam as vantagens do cultivo da folhosa: cresce com facilidade, tem boa produtividade o ano inteiro (estima-se oscilar entre 15 mil e 37 mil quilos por hectare), apresenta resistência a temperaturas altas e umidade elevada, registra poucos ataques de pragas e não requer muita adubação, o que reduz o custo de produção.

Oriunda do sudeste da Ásia e com presença aqui destacada no Estado do Rio de Janeiro, a bertalha é uma trepadeira vigorosa, com folhas grandes, de textura espessa e cor semelhante à do espinafre, podendo substituí-lo em várias preparações culinárias. Fonte de vitaminas A e C, cálcio, ferro e fósforo, além de digestiva, pode ser consumida cozida em sopas, refogada ou em recheio de tortas, panquecas, entre outras receitas.

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Pertencente à família Basellaceae, a bertalha faz parte do projeto de retomada das hortaliças “não convencionais”, promovido pelo Centro Nacional de Pesquisa em Hortaliças, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em parceria com o Ministério da Agricultura e com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig-MG).

Vale ressaltar que também há no país a falsa-bertalha (Anredera cordifolia), assim conhecida para se distinguir da bertalha “verdadeira”. Chamada de bertalha-coração, devido ao formato das folhas lisas e brilhantes, é nativa do Brasil e consumida, sobretudo, nos Estados do Sul, onde predomina seu plantio.

Na região, ainda tem os nomes de espinafre-gaúcho, folha-gorda e folha-santa, devido às propriedades medicinais que possui. Por contar com mucilagem – substância rica em polissacarídeos que torna-se viscosa em contato com a água –, foi batizada como “ora-pro-nóbis sem espinho” no norte de Minas Gerais.

Mãos à obra 
>>> INÍCIO As sementes para a propagação da bertalha são vendidas em lojas especializadas. Podem ser encontradas até em casas de jardinagem. Dotadas de tegumento espesso, precisam ser deixadas de molho durante 24 horas na água em temperatura ambiente para quebrar a dormência.

>>> AMBIENTE Ensolarado e com temperaturas elevadas, entre 26 ºC e 28 ºC, é o mais adequado para o desenvolvimento da hortaliça, que não tolera geadas. Para a germinação das sementes, a faixa é mais extensa, de 15 ºC a 30 ºC. Regiões com chuvas abundantes e bem distribuídas são favoráveis para a produção da cultura.

>>> PLANTIO Nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, é recomendado nos meses mais quentes, entre setembro e fevereiro, enquanto no Centro-Oeste e Norte pode ser o ano todo. Em solo leve, fértil e rico em matéria orgânica, faça aração e gradagem, seguidas de coveamento e adubação, se adotar o sistema convencional. No caso do plantio direto, revolva as covas, deixando o solo protegido por uma cobertura morta. Mudas também podem ser produzidas em sementeiras no solo, em bandejas, em saquinhos de papel ou por outro método.

>>> ESPAÇAMENTO Para sementeira no solo, marque linhas distantes 10 centímetros uma da outra e coloque uma semente a cada 3 a 4 centímetros. Em bandejas e copinhos, usa-se uma semente por célula. Leva de oito a dez dias para germinar e, depois de 20 dias ou com 10 centímetros de altura, as mudas estão prontas para o transplante. A semeadura no plantio direto é feita em sulcos distanciados em 80 centímetros, deixando-se, após desbaste, um espaço de 50 centímetros entre as plantas de crescimento indeterminado e de 40 centímetros para as de crescimento determinado.

>>> CUIDADOS Tanto a calagem quanto a adubação devem ser realizadas segundo o resultado da análise de solo. Se for necessário, corrija a acidez do solo com antecedência, ajustando o pH entre 5,5 e 6,5. No plantio, opte pelo adubo fosfatado e parte do adubo nitrogenado e potássico, além da adubação orgânica. A cobertura aos 15, 20 dias deve ser feita com fontes nitrogenadas e, de acordo com o manejo, potássicas e com matéria orgânica. Após cada corte, indica-se adubação de 30 quilos de nitrogênio por hectare. Limpe o terreno com capinas manuais e/ou mecânicas e regue as plantas sem excesso.

>>> PRODUÇÃO Começa após 60 a 90 dias do transplante das mudas. Corte os ramos com 40 centímetros de comprimento e elimine os que apresentam defeitos. Lave-os em água corrente e de boa qualidade. Ao amarrar os ramos em maços, a recomendação é que cada um tenha peso médio de 300 gramas. Para o consumo doméstico, uma alternativa é colher apenas as folhas maiores. Importante lembrar que todo o manuseio da bertalha deve ser feito à sombra, além de o transporte ser realizado à noite, para evitar o calor do dia. 

RAIO X 
Solo: leve, fértil e com bom teor de matéria orgânica
Clima: de preferência quente
Área mínima: pode ser plantada em canteiros, vasos ou jardineiras
Colheita: 60 a 90 dias após o transplante
Custo: as sementes têm sido fornecidas entre produtores

Onde adquirir: as sementes são vendidas em lojas de produtos agropecuários. 
Mais informações: Embrapa Hortaliças, BR-060, Km 09, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília (DF), tel. (61) 3385-9000, www.embrapa.br/fale-conosco; e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Av. Raja Gabaglia, 1626, CEP 30441-194, Belo Horizonte (MG), tel. (31) 3349-8001

*Consultora: Izabel Cristina dos Santos, doutora em fitotecnia, pesquisadora da Epamig Sul, Campo Experimental Risoleta Neves, Av. Visconde do Rio Preto, s/no, Vila São Paulo, São João del-Rei (MG), CEP 36301-360, tel. (32) 3379-2649 

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Source: Rural

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