Caminhões na BR-163. Frete mínimo eleva custos do agronegócio, dizem representantes do setor (Foto: Marcos Camargo)
A indefinição relacionada aos preços do frete rodoviário tem provocado reduções de R$ 5 a R$ 10 por saca de soja, em média, no Brasil. A afirmação é do consultor João Birkham, diretor do Sim Consult, em Mato Grosso. Na região oeste da Bahia,onde estão localizados municípios como Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, a saca de 60 quilos que, nas contas dele, deveria estar cotada em torno de R$ 77 não tem sido cotada por mais de R$ 67.
“Novos negócios não estão saindo. Ainda tem um saldo de safra velha que não está sendo comercializado. Está muito ruim, o mercado travou”, diz ele. “Só está movimentando quem já está com o navio esperando para embarcar, e assume esse risco”, acrescenta o consultor.
Surgida nas negociações do governo para encerrar a greve dos caminhoneiros entre maio e junho, a política de preços mínimos do frete rodoviário já foi aprovada no Congresso Nacional. Mas tem sido duramente criticada por lideranças do agronegócio, que reclamam de “intervencionismo” e falam em aumento de custos com o transporte.
No setor de grãos, negócios que tinham sido fechados considerando um determinado custo de transporte estão sendo concretizados a preços diferentes, por conta da mudança nas regras. Estimativas da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) apontam que o custo adicional de logística pode ficar próximo de US$ 2,4 bilhões. A perda de receita das tradings já passa de 20%.
“Poderíamos estar embarcando mais navios para a China, nesse ambiente de guerra comercial, mas não estamos aproveitando”, lamenta Birkham.
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A discussão sobre o frete mínimo está nas mãos da Justiça, sob responsabilidade do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele deve se pronunciar no próximo dia 27 a respeito de ações movidas por entidades setoriais, entre elas a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Até lá, Fux suspendeu os efeitos de outras decisões judiciais sobre o assunto.
João Birkham menciona como ponto importante da avaliação do ministro o chamado frete de retorno. Segundo ele, se Fux decidir a favor de demanda dos caminhoneiros, as empresas que contratam o transporte deverão arcar com os custos também do trajeto de volta, mesmo se o caminhão estiver vazio.
O retorno, que, geralmente tem um preço menor que a ida até o porto com o produto agrícola, é utilizado, principalmente, para atender à demanda por fertilizantes, cuja entrega está atrasada e pode comprometer o plantio da próxima safra.
“Se o caminhão volta vazio, é um problema do caminhoneiro. Se a decisão do Fux for favorável aos motoristas, o custo disso para as empresas vai ser enorme. É o mercado que tem que se ajustar, não se pode mudar as regras com um canetaço”, protesta Birkham.
Ouça também o comentário sobre o assunto na edição deste terça-feira (7/8) do CBN Agronegócios.
Source: Rural