Plantio da próxima safra de soja começará no Brasil dentro de oito a doze semanas. (Foto: Sergio Ranalli/Ed. Globo)
A safra 2018/2019 de soja no Brasil começará a ser plantada dentro de oito a doze semanas, principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Assim como já estamos alertando há algum tempo, a possibilidade da formação de um El Niño não tem sido presente para este próximo verão brasileiro. A falta de chuva já está preocupando os agricultores.
Segundo a Agência de Monitoramento Oceânico e Atmosférico dos EUA (NOAA, sigla em inglês), já a partir de setembro, a América do Sul poderá ser afetada pela presença do fenômeno climático El Niño, decorrente do aquecimento da região do Pacífico-Equatorial em mais de 1 grau Celsius (equivalente a 1 Kelvin).
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Caso confirmado, atrasos no período de plantio serão observados, decorrente da possibilidade de um padrão de chuvas mais escassas sobre a região central do Brasil, onde está concentrada a safra da oleaginosa do país.
Gráfico variação de temperaturas oceânicas (Fonte: NOAA e NCDC (National Climatic Data Center))
Contudo, baseado em estudos de campo da equipe ARC, já são estimados uma área cultivada de soja em 2018/2019 em 36,78 milhões de hectares, sendo 4,8% superior a área semeada durante a safra 2017/2018 – contra a média de 4,71% de expansão de área anual, desde 1987.
Além de possíveis adversidades climáticas que poderão prejudicar o empenho durante o plantio da soja-verão no fim de 2018, a atual Política de Tabelamento Mínimo do Frete tem dificultado as entregas de fertilizante para esta próxima safra. Entre março e junho deste ano foram entregues 8,4 milhões de toneladas de fertilizantes ao mercado (dado segundo a Associação Nacional de Difusão de Adubos – ANDA), sendo quase 400 mil toneladas abaixo do mesmo período em 2017.
Conclusão: alertamos que para manter qualquer estimativa de expansão de área da soja acima dos 4% para esta próxima safra, precisaremos de uma redefinição da Política de Tabelamento Mínimo do Frete, que a viabilidade da distribuição dos fertilizantes ao mercado seja mantida, sem prejudicar os custos do adubo, já em patamares recordes para a maioria das regiões no interior do Brasil.
*Matheus Pereira é analista de commodities da ARC Brasil
Source: Rural