Cacau na árvore: bainos querem promover região como principal polo chocolateiro do Brasil. (Foto: Ernesto de Souza / Ed. Globo)
Com um investimento de R$ 1,5 milhão e a expectativa de receber 69 mil pessoas em cinco dias, público superior ao registrado na edição de 2017, começa nesta quarta-feira (18/7) a 10ª edição do Chocolat Bahia – Festival Internacional do Chocolate e Cacau, em Ilhéus. O evento reúne até domingo produtores, industriais, críticos, profissionais do ramo e consumidores no Centro de Convenções da cidade.
Para promover a região como principal polo chocolateiro do país, o festival terá 120 expositores, debates sobre tendências do mundo do chocolate, rodadas de negócios, cursos de capacitação e palestras de especialistas internacionais. O mercado tem trabalhado com uma safra abaixo do normal e os preços do cacau seguem em alta nas bolsas onde o produto é negociado.
O evento ocorre em um momento de otimismo dos produtores de amêndoas de cacau de Ilhéus, com a expectativa de um aumento significativo na safra e a recente obtenção do selo de Indicação Geográfica pelo Estado. A região é considerada a principal produtora de cacau fino no país, além de ser a que reúne o maior número de indústrias de chocolate, grandes exportadoras. Além dos baianos, os produtores do Espírito Santo também tem o selo de indicação geográfica.
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Marco Lessa, organizador do festival, diz que atualmente há mais de 70 marcas de chocolate produzidas na Bahia com mais de 40% de cacau. “Na primeira edição do festival, em 2009, não havia nenhuma.” A legislação brasileira estabelece um mínimo de 25% de cacau para o produto ser considerado chocolate, mas há um projeto para elevar a 27%. Hoje, uma parte dos produtores da região investe no cacau fino e sustentável, que demanda novos métodos de produção, mais cuidados e tempo de trabalho, mas garante um chocolate com maior teor de cacau e mais qualidade, que é o que interessa aos compradores internacionais.
O próprio Lessa se tornou um investidor do setor ao longo dos anos do festival. Iniciou fabricando chocolate em indústrias de parceiros e abrindo lojas da sua marca e, nos próximos meses, inaugura uma planta industrial de R$ 3 milhões, com capacidade para processar até 15 toneladas por mês.
Indicação geográfica
Em junho, o cacau da Bahia obteve no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) o status de indicação geográfica, uma espécie de selo que atesta a origem do produto, agregando valor ao cacau produzido em 83 municípios baianos, entre eles Ilhéus e cidades do Sul do Estado. A expectativa dos produtores com o selo é uma valorização no preço do cacau de até 70%.
Segundo Marco Lessa, a indicação geográfica melhora a percepção do mercado comprador sobre a qualidade do cacau baiano e dá ao produtor mais responsabilidade sobre plantio, colheita e beneficiamento.
A Bahia perdeu a liderança no ranking nacional de produção de cacau para o Pará nos últimos anos. Na safra 2016/2017, foram produzidas na Bahia 104.830 toneladas, ante as 145.630 do período anterior, segundo dados da Ceplac (Comissão Executiva do Pano da Lavoura Cacaueira). No Pará, a safra foi de 105,8 mil toneladas, registrando um crescimento médio de 13% nos últimos cinco anos. A Bahia ainda tem a maior área plantada, mas em produtividade também perde para o Estado do Norte, que investe em novos plantios: tem média de 500 kg por hectare ante os 916 kg/hectare do Pará.
Na safra 2018/19, sem a seca que atingiu as plantações em 2016 e 2017, a expectativa baiana é chegar a quase 140 mil toneladas e recuperar a liderança do ranking nacional.
Source: Rural