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Dados oficiais apontam consumo de 400 gramas anuais de carne ovina per capita (Foto: Ernesto de Souza/Ed.Globo)

 

 

Ao longo de décadas temos feito reportagens mostrando que a oferta de carne ovina no Brasil é baixa e o consumo fica bastante aquém das de frango, bovina e suína. Esses são fatores que tornam cara a carne oriunda de ovelhas, carneiros ou cordeiros.

Agora, pesquisa realizada pela Embrapa demonstrou que 25 milhões de brasileiros, ou 12% de consumidores nunca experimentaram a proteína dos ovinos.

E mais: “Mesmo entre aqueles que já provaram carne ovina, a maior parte não criou hábito de consumo. Dos entrevistados listados na seção de consumo ocasional, 27% revelaram comer esse tipo de carne algumas vezes por ano e 35% consumiram alguma vez na vida, soma que corresponde a 128 milhões de pessoas. O consumo é frequente apenas para 52 milhões de brasileiros, ou 25% da população nacional, com 17% dos pesquisados saboreando a carne ovina pelo menos uma vez por mês, 7% uma vez por semana e 1% diariamente”, relata a pesquisa da Embrapa.

Ou seja, boa parcela daqueles consumidores que já provou, não fez disso um hábito. “Mesmo no Sul, onde há tradição na criação e consumo, a carne ovina é mais lembrada para os churrascos de fim de semana, para assar em momentos festivos, mas ela não está presente no cardápio durante a semana”, afirma a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul (RS) Élen Nalério, coordenadora do projeto “Aproveitamento Integral da Carne Ovina (Aprovinos)”, que busca levar ao mercado novas opções de consumo dessa carne.

Os motivos do baixo consumo da carne ovina vão desde a pouca disponibilidade do produto no mercado até a falta de costume e inexistência de cortes mais apropriados para o preparo no dia a dia, como acontece com outras proteínas animais, constatou a pesquisa da Embrapa.

Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), sediada no Rio Grande do Sul, os dados oficiais apontam consumo de 400 gramas anuais de carne ovina per capita, enquanto que o brasileiro come, em média, cerca de 44 quilos de carne de frango por ano, 35 quilos de carne bovina e 15 quilos de suína.

Conforme o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Marcos Borba, a cadeia da carne ovina ainda carece de ajustes na eficiência produtiva. Além disso, os atores desse segmento precisam, cada vez mais, considerar as transformações nos hábitos de consumo de alimentos, que vão desde a apresentação do produto até questões de saudabilidade, ética no trato com os animais e durabilidade dos recursos naturais.

“Dentro da porteira nós ainda mantemos baixos níveis de produção, fruto de uma tradição na produção de lã, e que, portanto, requereriam uma assistência técnica mais dirigida, mais de acordo com a realidade. E fora da porteira, nós precisaríamos de uma melhor relação entre os componentes da cadeia, que nos permitisse, por exemplo, melhores processos de agregação de valor e melhores estratégias de relação com os consumidores”, diz  Borba.

E se um pessimista pensaria no quanto a carne ovina ainda é desconhecida e a cadeia ainda precisa de ajustes, o otimista logo destacaria o potencial que o produto tem a ser explorado. E é exatamente esse ponto de vista positivo que pesquisadores têm cultivado, com diversas inciativas que buscam a valorização dessa proteína. “Essa realidade mostra um grande potencial para o aumento da produção e da comercialização, com a possibilidade de chegar a públicos que hoje não têm cultura de consumir esse tipo de carne”, enfatiza Élen Nalério.
Source: Rural

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