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As pragas impedem o desenvolvimento das plantas e podem destruir lavouras inteiras. Para viabilizar novas políticas e métodos de controle eficientes, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa listou as 83 pragas consideradas como de maior risco fitossanitário para o Brasil. A ideia é usar essa lista para apontar insetos, plantas daninhas, entre outros, que devem ter prioridade no registro de produtos para contê-las.

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A partir da pesquisa, as pragas foram classificadas em três categorias de risco: muito alto, alto e médio. O pesquisador da Embrapa Francisco Laranjeira participou do desenvolvimento do estudo e explica que a lista foi feita a partir das indicações do setor produtivo. Além disso, é composta tanto por pragas que causam grandes danos nas culuras, quanto por aquelas que poderiam ser controladas se houvesse algum agrotóxico legalizado para uso. Conheça oito das pragas que mais ameaçam a agricultura atualmente.

Amaranthus palmeri

(Foto: Flickr/University of Delaware Carvel REC/Creative Commons)

 

A Amaranthus palmeri é uma das plantas daninhas mais perigosas para a agricultura. Apesar de estar praticamente controlada no território nacional, ainda exige monitoramento contínuo. Além de ser muito resistente a herbicidas, cresce e se reproduz de maneira veloz. Basta apenas uma planta para gerar quase um milhão de sementes. A praga afeta, principalmente, plantações de soja e milho.

Bemisia tabaci (mosca-branca)

(Foto: Creative Commons)

 

Popularmente chamada de mosca-branca, a Bemisia tabaci é uma das pragas mais temidas nas lavouras de tomate, feijão, melão e batata. Assim como outros insetos, seu ciclo de vida é influenciado pelo clima e suscetibilidade das plantas hospedeiras.

“É um inseto sugador. Quando está na planta, suga seus nutrientes, ou seja, o produto da fotossíntese, e a deixa debilitada. Nesse processo, a mosca transmite viroses que podem causar encardidamento de folhas, sintomas do mosaico, e outros tipos de danos que levam a uma redução da produção”, explica Francisco.

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Ralstonia solanacearum raça 2 (Moko da Bananeira)

A bactéria Ralstonia solanacearum é conhecida por causar uma doença chamada de Moko da Bananeira. É uma das pragas mais destrutivas das bananeiras. É responsável pela má formação e amarelamento das folhas, seguida da necrose da folha bandeira, ou seja última folha do caule. Segundo Francisco, “apesar de não ser comum, é uma praga extremamente perigosa, e estão sendo realizados esforços para que não se alastre para os bananais de todo o país”.

Ceratitis capitata

(Foto: Scott Bauer/Creative Commons)

 

A Ceratitis capitata também é uma praga popular, conhecida como um tipo de mosca das frutas. “A mosca coloca o ovo no fruto e, quando eclode e a larva sai, causa um grande prejuízo. A fruta cai no chão e a produção se perde”.

Além disso, as larvas se multiplicam e causam danos a outras frutas. Esse é um outro exemplo de praga que pode afetar diversos tipos de culturas. “Em geral, as moscas das frutas têm essa essa mesma característica e causam problemas nas goiaba, mangas, entre outras”, acrescenta.

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Candidatus Liberibacter asiaticus (greening)

Além das pragas que atacam culturas diversas, a categoria de risco muito alto também apresenta pragas de culturas específicas, como é o caso da bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, originária da China, que causa o HLB dos citros, também conhecido como greening.

“Na categoria de risco alto da lista, há um bicho chamado Diaphorina citri. Esse inseto vai numa planta doente, se alimenta, pega a bactéria Liberibacter asiaticus e leva para uma outra planta de citros, que pode ser laranja, limão, tangerina, entre outras da família citrus”.

É a principal praga dos citros no mundo inteiro. No território nacional, está presente principalmente no Paraná, Minas e São Paulo. “Tem o potencial de causar reduções muito drásticas na produção de citros. A Flórida, nos EUA, que era o maior produtor, sofreu uma redução brutal na produção por causa dessa bactéria. Aqui no Brasil, os esforços do pessoal da defesa fitossanitária e dos produtores, têm impedido que a praga se espalhe por todo o país”, complementa. 

Schizotetranychus hindustanicus

O ácaro Schizotetranychus hindustanicus afeta basicamente o citrus. Segundo Francisco, ele está na categoria de risco muito alto porque ainda não existe nenhum pesticida registrado para realizar seu controle. Caso houvesse, seu risco poderia ser reduzido.

“Ele causa umas manchas no fruto, deixa a planta debilitada, altera a qualidade do suco e, consequentemente, reduz o valor de mercado. Ninguém vai querer comprar aquelas frutas cheias de manchas”, comenta.

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Phakopsora pachyrhizi (ferrugem asiática da soja)

 (Foto: Creative Commons)

 

As pragas da categoria risco alto também possuem uma grande importância, como é o caso da Ferrugem da Soja (Phakopsora pachyrhizi), que afeta a soja e, segundo o pesquisador,  só não está na categoria de risco muito alto porque já existem formas para fazer esse controle.

“Se não tivesse nenhum método de controle e fungicidas, a Ferrugem da Soja certamente  estaria na categoria de risco muito alto, tamanho estrago que ela pode causar”, afirma.

Pseudocercospora fijiensis (Sigatoka Negra)

 (Foto: Creative Commons)

 

Conhecida como Sigatoka negra da bananeira, a Pseudocercospora fijiensis é outro exemplo de praga que só está enquadrada como risco alto por conta da evolução das pesquisas e métodos de controle.

“Há 20 anos, esta praga estaria entre as de risco muito alto, mas atualmente já existem fungicidas que podem ser utilizados. Além disso, temos um manejo integrado possível e  variedades de banana com uma certa resistência à Sigatoka negra, como é o caso da BRS Princesa, que é uma variedade gerada na Embrapa”, analisa.

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Como lidar com as pragas

A forma de lidar com as pragas varia, pois existem insetos, plantas daninhas, entre outros. Mas de maneira geral, o recomendado é pensar em um manejo integrado das pragas, pois não basta apenas um método de controle para resolver essa questão.

“Não é porque há inseticida que o problema está resolvido. Se tem uma bactéria que é transmitida por um vetor, pode acabar infectando uma muda também. Por isso, é importante comprar mudas sadias de viveiristas idôneos que produzem em uma condição que não permite que aquela planta seja infectada”, recomenda.

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Também é importante plantar a muda em uma área que não tenha histórico da doença, e fazer o acompanhamento para verificar se em algum momento a praga vai aparecer. Caso apareça, é preciso atentar-se a possíveis prejuízos e buscar as medidas cabíveis.

Em último caso, se não for possível solucionar um problema, Francisco sugere remover a chamada “fonte de inóculo”. Mas é importante destacar que as soluções sempre vão depender de cada caso. “De maneira geral, o produtor precisa ficar atento ao manejo integrado de pragas da cultura a qual ele se dedica”, conclui.

Confira a lista completa:

Risco muito alto:

Amaranthus palmeri
Bemisia tabaci
Xanthomonas citri
Ralstonia solanacearum raça 2
Candidatus Liberibacter asiaticus
Schizotetranychus hindustanicus
Ceratitis capitata
Bactrocera carambolae
Helicoverpa armigera
Spodoptera frugiperda
Tetranychus urticae
Botrytis cinerea
Xanthomonas campestris pv. viticola

Risco alto:

Raphanus sativus
Sclerotinia sclerotiorum
Anastrepha fraterculus
Oryza sativa
Tuta absoluta
Pyricularia oryzae
Costalimaita ferruginea vulgata
Oncideres impluviata
Anastrepha obliqua
Lasiodiplodia theobromae
Myzus persicae
Anastrepha grandis
Commelina benghalensis
Brevipalpus phoenicis
Sporisorium scitamineum
Euphorbia heterophylla
Meloidogyne incognita
Eleusine indica
Echinochloa crus-galli
Frankliniella schultzei
Sida santaremnensis
Liriomysa huidobrensis
Gyropsylla spegazziniana
Cenchrus echinatus
Sternochetus mangiferae
Gonipterus scutellatus
Lolium perene ssp. multiflorum
Senna occidentalis
Fusarium graminearum
Polyphagotarsonemus latus
Diabrotica speciosa
Phyllosticta citricarpa
Rhopalosiphum padi
Digitaria insularis
Neonectria ditissima
Atta ou Acromyrmex
Diaphorina citri
Digitaria horizontalis
Pseudocercospora fijiensis
Hypothenemus hampei
Euschistus heros
Ceratocystis paradoxa
Phakopsora pachyrhizi
Leptopharsa heveae

Risco médio:

Empoasca kraemeri
Fusarium oxysporum f. sp. cubense
Cosmopolites sordidus
Leucoptera coffeella
Hedypathes betulinus
Tecoma stans
Dalbulus maidis
Anthonomus tomentosus
Dichelops melacanthus
Hemileia vastatrix
Erinnyis ello
Glycaspis brimblecombei
Fusicladium effusum
Plasmopara viticola
Anthonomus grandis
Aceria guerreronis
Pyrenophora teres
Mycosphaerella musicola
Phaeosphaeria maydis
Sphenophorus levis
Moniliophthora perniciosa
Blumeria graminis f. sp. tritici
Puccinia triticina
Aceria litchii
Peronospora sparsa
Ramularia areola

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Source: Rural

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