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Depois de divulgar uma carta cobrando o Bradesco a esclarecer melhor uma publicação que associava o menor consumo de carne à sustentabilidade, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) anunciou o fim do seu relacionamento com a instituição financeira. Em postagem nas redes sociais, a entidade informou que encerra uma conta de mais de 20 anos com o Bradesco, migrando para o Banco do Brasil.

"ACNB está retirando sua movimentação financeira do Bradesco, onde mantinha a conta por mais de 20 anos, em função do posicionamento do banco, contrário ao setor pecuário brasileiro. A decisão foi migrar a conta para o Banco do Brasil", informa a postagem.

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Nisio Hoffmann, pecuarista, Izabel Guedes França, Gerente Geral da agência do Banco do Brasil em Carlos Chagas/MG, e Nabih Amin El Aouar, presidente executivo da ACNB (Foto: Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (Instagram))

Na semana passada, a entidade que representa os criadores de nelore tinha divulgado uma carta divulgou em suas redes sociais uma carta aberta ao banco Bradesco cobrando "posicionamento claro" do banco sobre a pecuária brasileira e o consumo de carne. Foi mais uma de uma série de críticas feitas por representantes da produção animal brasileira à instituição fincanceira depois da publicação de um vídeo associado à marca, em que era defendida uma redução do consumo de carne como iniciativa mais sustentável, associando a pecuária às emissões de gases de efeito estufa.

"Os neloristas, responsáveis por 80% do rebanho brasileiro e mais de 90% da produção de carne bovina, exigem que o Bradesco explique: por que tomou uma medida gratuita e equivocada contra o setor produtivo da carne bovina?; como autorizou a divulgação de um conteúdo que acusa a pecuária de ser apenas emissora de gás metano, esquecendo a captura de CO2 pela produção vegetal dos pastos, o que muitas vezes gera créditos de carbono?", questionou a ACNB, na carta.

Entenda do caso

Em dezembro, um vídeo publicado em redes sociais do Bradesco defendia como iniciativa mais sustentável a redução do consuimo de carne e a adesão ao movimento Segunda Sem carne, em que, por um dia da semana, deixa de ser consumida a proteína animal. No vídeo, a pecuária é associada às emissões de gases de efeito estufa.

"A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa. Então, que tal a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?", diz uma das "apresentadoras" do vídeo.

Diante da repercussão negativa, o Bradesco divulgou uma  "carta aberta" divulgada nesta sexta-feira (24/12). No documento,  reafirma seu apoio ao agronegócio brasileiro e sua "crença indelével" no setor como vetor de crescimento do país. No comunicado, diz que a posição manifestada por "influenciadores digitais" em relação ao consumo de carne bovina é "descabida", mas reconhece que, "lamentavelmente", acabou associada à empresa.

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"Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo da carne bovina. Pelo contrário. O Bradesco acredita e promove direta e indiretamente a pecuária brasileira e por conseguinte o consumo de carne bovina", diz a carta. O documento reitera ainda que o conteúdo foi retirado de qualquer ambiete público e foram adotadas "ações administrativas internas severas".

Não foi a primeira polêmica envolvendo uma grande empresa com o agronegócio, em função de postagens nas redes sociais. Em março deste ano, pecuaristas pediram um boicote à cerveja Heineken por conta de uma postagem que associava uma vida "mais verde" à redução do consumo de carne. A postagem, motivada pela celebração do "Dia Mundial sem Carne", levou representantes da pecuária a divulgarem uma iniciativa nas redes sociais, que chamaram de "Churrasco sem Heineken".

Após a polêmica, representantes da cervejaria e de pecuarista chegaram a se reunir e conversar sobre a postagem. A indústria de cerveja também chegou a se manifestar, dizendo não compactuar com a posição manifestada na postagem.
Source: Rural

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