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Os números atualizados semanalmente pelo Departamento de Economia Rural (Deral) dão uma ideia dos efeitos da seca sobre as lavouras de grãos do Paraná. A estimativa inicial do órgão ligado à Secretaria da Agricultura para a safra 2021/2022 era de 21 milhões de toneladas. Em dezembro de 2021, já se falava em uma quebra de 12%. De lá para cá, a situação só foi se agravando.

"Temos visto que a seca permaneceu agressiva nos últimos dias. Essa redução na soja evoluiu significativamente e em um levantamento preliminar nós já constatamos perdas próximas a 37,8% na produção", afirma Salatiel Turra, chefe do Deral. Ele afirma que o Paraná vai deixar de produzir cerca de 8 milhões de toneladas.

Estiagem segue castigando região Sul do país, que mesmo com chuvas nos últimos dias, mantém tendência de alta nas perdas (Foto: RBS TV/Reprodução)

 

 

 

 

No milho, o Paraná previa uma inicialmente uma produção de 4,2 milhões de toneladas. Dados mais recentes apontam uma quebra de 42%, produzindo cerca de 2,4 milhões de toneladas.

De 20 de dezembro para cá, o Deral veio constarando uma piora nas condições das lavouras.Na soja, as áreas consideradas ruins passaram de 13% para 31%; as médias, de 30% para 39%; e as boas, de 57% para 30%. No milho, as ruins subiram de 10% para 25%; as médias caíram de 40% para 27%; e as boas, de 63% para 35%. 

"Assim é possível dimensionar como está complicada a situação e a perspectiva não é boa",  diz Turra. "São bilhões de reais que o estado deixa de receber. E e estamos falando só de soja e milho. Apesar de existirem chuvas em áreas isoladas nesse momento, isso não vai recuperar aquela cultura que já estava em uma fase avançada de formação de grãos", acrecsenta

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De acordo com o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, o Paraná deve ter um janeiro extremamente úmido, depois da forte seca de novembro e dezembro, que tem causado quebras gigantescas nas lavouras de soja e milho. Mas as chuvas não vão reverter as perdas. Podem apenas evitar uma situação ainda mais grave.

“Com o retorno das chuvas, mesmo que de forma irregular, os níveis de umidade do solo se elevarão, garantindo melhores condições ao desenvolvimento das lavouras, uma vez que a grande maioria deles ainda estão em fase vegetativa, devido ao plantio mais tardio esse ano”, diz Santos.

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Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, os produtores também estão preocupados com os efeitos do clima na safra de soja e de milho de verão. A lavoura do cereal de sequeiro tem perdas estimadas de 59,2%. Nas irrigadas, as baixas chegaram a 13,5%. Na soja, com a semeadura ainda em andamento em algumas regiões, a quebra é calculada em  a semeadura segue em andamento e atingiu 93%, e as perdas atingiram 24%. Os dados são da Rede Técnica Cooperativa (RTC).

Os custos de produção já serão muito altos e iniciamos de forma melancólica o 2022"

Paulo Pires, presidente da FecoAgro/RS

A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) foi quem divulgou esses números na semana passada. O presidente da FecoAgro, Paulo Pires, disse que as chuvas recentes amenizaram a situação das lavouras. Mas já há prejuízos irreversíveis. “Este era o momento em que o produtor deveria se capitalizar, inclusive com preços que estão ajudando, mas os custos de produção já serão muito altos e iniciamos de forma melancólica o 2022”.

Na última safra, o Rio Grande do Sul produziu cerca de 21 milhões de toneladas de soja, de acordo com Pires. Sem a estiagem, o potencial produtivo do estado era o mesmo para a nova safra. "A soja tem um potencial bom, existe recuperação. Mas devido ao atraso de plantio e desenvolvimento, cerca de 6 milhões de toneladas de soja deixarão de ser produzidas", lamenta.

O presidente da FecoAgro reitera que, além dos produtores, o prejuízo atinge diretamente a economia gaúcha. "As perdas do milho são irreversíveis e 60% do grão do Rio Grande do Sul se perdeu.  Além dos produtores, o prejuízo é para a economia do estado, que vai produzir, no máximo, 3 milhões de toneladas. Um prejuízo gigante para a indústria da proteína animal que vai trazer ainda mais milho do Mato Grosso ou importar de outro país, o que é mais oneroso ainda", afirma.

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Pires reforça a importância dos municípios fazerem os decretos de emergência. “Em 2020, produtores de 200 municípios não conseguiram acessar o socorro do governo federal porque não tinham o decreto de emergência. É importante que os prefeitos agora se dediquem a isto”. Entre as medidas solicitadas, estão a transferência de dívidas financeiras dos produtores, principalmente as que vencem no primeiro semestre, além de uma política clara de armazenagem de água.

“Nós temos um volume de chuva no Rio Grande do Sul durante o ano muito alto. Se conseguirmos as licenças que hoje não permitem que a gente faça esta armazenagem em APPs, teremos uma grande área irrigada e hoje está sendo trancada por questões de cunho jurídico e tecnicamente sabemos que não traz problemas para o meio ambiente. Onde temos água armazenada temos uma floração fantástica tanto da vida animal quanto vegetal”, complementa.

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No Paraná, Salatiel Turra, chefe do Deral, afirma que os municípios vêm entrando em contato com a Defesa Civil. “Isso dá base para os produtores solicitarem suas renegociações, e suportes para acionarem o seguro rural, uma vez que apresente um atestado técnico a nível municipal e estadual que constate essa redução significativa da chuva”.
Source: Rural

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