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A produção brasileira de algodão foi apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP26 como exemplo de comprometimento do agro nacional com a preservação ambiental e a sustentabilidade. Não por acaso, nossa cotonicultura é referência mundial no processo de certificação da fibra, trazendo segurança e as melhores técnicas e práticas para o desenvolvimento da cultura.

O Brasil lidera o ranking global de produção de algodão sustentável desde 2013. Na safra 19/20, 38% da pluma licenciada pela Better Cotton consumida no mundo saiu de lavouras brasileiras. O índice deve se manter na safra 20/21, com a adesão maciça dos produtores ao programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que atua em benchmarking com a Better Cotton Initiative (BCI).

 

O ABR tem como arcabouço as legislações trabalhista e ambiental brasileiras, consideradas das mais completas e exigentes do mundo. Para obter a certificação, cada fazenda deve cumprir 178 itens nos pilares social, ambiental e econômico. A certificação implica, ainda, no cumprimento de 100% do Código Florestal, uma legislação que só existe no Brasil. Isso torna o ABR o programa de sustentabilidade mais completo em nível mundial. Vale ressaltar que, nas propriedades produtoras de algodão no Cerrado, a preservação da mata nativa até mesmo excede os 35% determinados por lei nas chamadas Reservas Legais (RL).

Ao incluírem o custo ambiental em seu planejamento produtivo, os cotonicultores brasileiros incorporaram a consciência ambiental à cultura organizacional para gestão das atividades nas fazendas. Após 10 anos de muito trabalho e investimentos, temos orgulho em dizer que 81% do algodão produzido no Brasil em 2021 têm o selo ABR.

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Esse esforço agora será reconhecido por meio do recém lançado Floresta + Agro, uma iniciativa inédita de união entre Ministério do Meio Ambiente, agricultores e empresas do setor, que visa fomentar e consolidar o mercado de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O programa cria o ambiente legal para que as empresas possam reconhecer o papel dos produtores rurais na melhoria, recuperação, monitoramento e conservação da vegetação nativa em suas propriedades, em todos os biomas.

Tais atividades englobam vigilância, proteção e monitoramento territorial, combate e prevenção de incêndios, conservação do solo, da água e da biodiversidade, entre outras. O pagamento pode ser direto ou indireto, monetário ou não. Mais do que remunerar e incentivar tais ações, o Floresta + Agro permitirá mostrar ao mundo e ao próprio Brasil o que os produtores estão fazendo em termos de preservação ambiental. Por seu consolidado comprometimento com a sustentabilidade e pelo enorme ativo ambiental de suas lavouras, o algodão sai na frente neste processo.

Está em vias de ser assinado um memorando de entendimento entre MMA, Abrapa, Bayer, John Deere e Fendt que representará o lançamento do Floresta + Algodão – mais um passo para a implementação de uma economia verde no Brasil. O acordo prevê incentivos por serviços ambientais das atividades de monitoramento, conservação e recuperação da vegetação nativa, realizados pelos produtores de algodão nas áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente.

Produzir e preservar é possível e isso precisa ser reconhecido pela sociedade brasileira e pela comunidade internacional.

*Júlio Cézar Busato é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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