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As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o mercado de combustíveis, feitas no último fim de semana, mostram desconhecimento de como os preços são formados, avalia o consultor Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting. Ele explica que o fato do mercado oscilar não significa que a Petrobras precisa a todo momento fazer ajustes. 

“O preço tem que seguir o mercado internacional, e o governo deveria ser o primeiro a não querer interferir, porque ele é o maior interessado em receber os dividendos da estatal”, diz.

A política de preços da Petrobras é baseada, princialmente, nos preços internacionais do petróleo e nas variações da taxa de câmbio no Brasil. Diante às preocupações com a variante ômicron da Covid-19, o preço do barril de petróleo do tipo Brent caiu 16,4% no mês de novembro.

Com isso, Bolsonaro disse no domingo (5/12), que a estatal anunciaria reajustes nos combustíveis nesta semana, mas logo na segunda-feira (6/12) a empresa negou.

(Foto: Thinkstock)

 

“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”, informou a empresa em nota. Na segunda-feira (6/12), a empresa chegou a receber uma notificação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais no Brasil, a prestar esclarecimentos.

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Corrêa ainda pondera que há margem para que os combustíveis fiquem mais baratos. “Tem espaço para reduzir o preço do barril de petróleo em R$ 0,32 lá na refinaria, e eu acho que [a redução] vem”. Mesmo assim, diz ele, “é preciso haver uma combinação de preços, que não fique repassando qualquer volatilidade do mercado ao consumidor”.

O foco nos combustíveis fósseis também sinaliza que o avanço dos biocombustíveis no Brasil ainda não é prioridade do governo federal. Enquanto o preço do petróleo de importação depende da combinação entre cotação internacional e volatilidade da moeda nacional, alternativas como o biodiesel estão à margem na discussão.

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O mesmo se aplica para a decisão de manter a mistura mínima de biodiesel em 10% (B10) para todo o ano de 2022, segundo Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO). Para ele, o governo federal sofre com a “falta de compreensão” sobre sustentabilidade e vai na contramão da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). 

Procurada, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas de açúcar e etanol do Centro-sul do Brasil, não comentou o assunto até a conclusão desta reportagem.

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Source: Rural

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