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Estimulados pelo ganho médio de R$ 2 mil a mais por hectare, em função de prêmios que chegam a US$ 17 por saca, produtores de soja, sobretudo no Cerrado, estão optando pelo grão convencional, segundo o setor. "Existe um mercado grande, demandante, em função do prêmio da soja convencional e ganhos na produtividade", diz o presidente do Instituto Soja Livre, Luiz Fioreze.

Soja não-transgênica vem ganhando espaço, especialmente no Cerrado. Novas variedadea devem estimular o plantio desse tipo de grão (Foto: editor)

Ele prevê que, no Mato Grosso, a área plantada sem transgênicos vá de 5,6% a 8% do total em 2022. Em Minas Gerais, ainda pouco expressiva, essa área deve crescer de 60 mil a 100 mil hectares; em Goiás, a alta pode chegar a 20% sobre 100 mil hectares; e, no Tocantins, o salto previsto é de cinco mil para 30 mil hectares, de acordo com o ISL.

O lançamento de variedades visando a safra 2022/2023 deve ser outro fator de estímulo ao cultivo comercial do grão não-transgênico. No dia 17, o Instituto Soja Livre (ISL) lançou três variedades de convencional. No total, há 13 germoplasmas em estudo pela Embrapa e empresas privadas, com apoio da Fundação Cerrado. "As tradings estão fomentando o cultivo de soja tradicional no Cerrado", indica Fioreze.

A coreana CJ Selecta, por exemplo, prevê uma expansão de 20% nas lavouras onde compra soja convencional em MG e GO, de 200 mil para 240 mil hectares. Especializada em proteínas de soja como o SPC (farelo utilizado na ração de pescados), a multinacional processa 1,2 milhão de toneladas de soja por ano em Araguari (MG), com 1,1 mil fornecedores. Do total, 400 mil toneladas são de grão convencional, com 300 fornecedores na região do Cerrado. Para esses produtores, a companhia paga um prêmio de 15% pelo produto, em relação ao preço da soja transgênica.

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"Em termos de custo, os preços são muito parecidos. O grande motor de crescimento são empresas que dão garantias ao produtor", observa o COO da CJ Selecta, Alessandro Santana dos Reis. Segundo ele, a soja convencional ocupa, hoje, 900 mil hectares (2% da área plantada total), número que deve se manter no ano que vem. Reis lembra que essa área já foi de 26% há dez anos e de 6% em 2001.

Mercado exigente

“O convencional precisa de um pouco mais de máquinas, então o transgênico ainda é mais cômodo para o produtor”, pontua Fioreze, do ISL, que também é conselheiro na Fundação Cerrado. Sobre as cultivares anunciadas na última semana, ele explica que três já estão registradas, com áreas de dois a três hectares no Cerrado. Pelo menos outras cinco podem ser lançadas em 2022.

“Se atingirem a produtividade que esperamos, acima de 4 toneladas por hectare, lançamos. Não vamos lançar nada inferior ao que já existe”, diz. “O mercado, hoje, é exigente. As variedades precisam ser precoces, podendo ser colhidas em até 110 dias. Em relação à produtividade, buscamos igualar a convencional à transgênica — tem material que faz 70, 80 sacas por hectare, esse é o ideal que procuramos”, acrescenta Fioreze.

A soja convencional é uma “ferramenta útil”, segundo ele, para substituir áreas de plantio transgênico quando, por exemplo, herbicidas perdem o efeito por excesso de uso, promovendo um mix na semeadura da lavoura. O grão desenvolvido sem transgenia também é a única opção permitida por lei em áreas de divisa entre fazendas e parques nacionais do país. “A soja convencional não tem royalties, então acaba sendo mais barata”, diz o pesquisador.

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O mercado é específico, voltado para leite de soja, farelo e farinha, inclusive a utilizada no hambúrguer de grandes redes de fast food e no tofú. Outra demanda é a internacional: a convencional é apropriada para a ração de salmão no Chile e na Noruega, por exemplo, ou de porco e gado na Europa. Enquanto 70% da soja transgênica é exportada em forma de grão, 70% da convencional é embarcada como óleo ou farelo, agregando valor à produção, de acordo com o ISL.

Além da Embrapa, empresas privadas estão estudando novas cultivares não transgênicas, reforça Fioreze. “Estamos fazendo testes para verificar a produtividade e a viabilidade desse material para cada região.”
Source: Rural

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