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Patrícia Cáceres, primeira leiloeira rural do país, retoma sua carreira interrompida há 20 anos, no dia 27 de outubro, batendo o martelo no leilão virtual da 1ª Feira do Terneiro Búfalo da Fronteira Oeste, no Rio Grande do Sul. Patrícia, de 51 anos, é filha do fundador do Escritório Guará, Pedro Paulo Gonçalves, leiloeiro rural desde os anos 60, empresário e agropecuarista que morreu, aos 81 anos, em dezembro de 2020, em Porto Alegre (RS), devido a complicações da Covid-19.

“Retorno porque senti falta desse trabalho que iniciei aos 18 anos e para levar adiante o legado do meu pai, que foi um pioneiro dos leilões no Rio Grande do Sul. Pretendo conciliar com minhas atividades como fonoaudióloga, professora de oratória e mãe de um garoto de 18 anos.”

Patricia Caceres, primeira leiloeira rural do Brasil, volta a bater o martelo depois de 20 anos. "Retorno porque senti falta desse trabalho que iniciei aos 18 anos e para levar adiante o legado do meu pai" (Foto: Patricia Caceres/Arquivo Pessoal)

Na sexta-feira (15/10), quando foi comemorado o Dia Internacional da Mulher Rural, Patrícia passou o dia percorrendo, com sua equipe de filmagem, fazendas da região de Rosário do Sul, onde nasceu o Escritório Guará, e Uruguaiana, para fotografar e filmar os animais para o remate. Ela acredita que a retomada será tranquila, devido a sua experiência de dez anos e o amor pelos leilões. “Meu pai dizia que eu tinha o mesmo pique e celeridade dele ao anunciar as ofertas. Ele elogiava meu ritmo e minha marca pessoal repetida ao longo dos leilões:  ‘Pega carona na contra oferta’.”

O leilão já tem 500 terneiros (bezerros de até um ano) inscritos e, segundo Patrícia, deve realizar bons negócios em função da qualidade e precocidade da carne dos terneiros, do interesse já manifestado por compradores e pelo fato de que esses animais vêm ganhando mais espaço diante da escassez de bois no mercado.

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A expectativa é vender os terneiros com peso de 180 a 200 kg por preços superiores ao do kg do terneiro, estimado em R$ 10. O plantel do leilão será composto de machos e fêmeas das raças de búfalos criados no Rio Grande do Sul, como murrah, mediterrâneo e jafarabadi, nascidos entre janeiro e abril.

O evento é uma das primeiras ações de outra pioneira, Desirée Moller, a primeira mulher a assumir o comando de uma associação de búfalos no país, a Associação Sulina dos Criadores de Búfalos (Ascribu). Ela tomou posse em setembro deste ano com o objetivo de unir os produtores de búfalos do Estado, atrair novos criadores e promover a bubalinocultura como atividade rentável.

Médica e pecuarista, Desirée começou a criar búfalos há três anos e se apaixonou pelos animais que trata como “suas gurias” na fazenda da família,em Itapuã, distrito de Viamão, a 50 km de Porto Alegre (RS). Ela tem 48 fêmeas e um macho e já vendeu 70 terneiros. Além da rentabilidade, a criadora destaca a docilidade dos animais, a alta taxa de natalidade, a baixa mortalidade e a facilidade de manejo, na comparação com os bovinos que criava antes.

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Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCB), Caio Vinícius Di Helena Rossato, médico veterinário e sócio do laticínio Família Rossato, em Pilar do Sul (SP), a criação de búfalos vive um momento de crescimento no país, tanto na carne, que diz ter menos colesterol, menos caloria, menos gordura e mais proteínas e nutrientes que a carne bovina, e especialmente no leite, que é isento da proteína beta caseína A1, potencial causadora de indigestibilidade e problemas gástricos. “Os laticínios que processam leite de búfala em diferentes estados não estão conseguindo dar conta da demanda.”

Rossato diz ainda que o leite é o produto mais valorizado do búfalo por ter um rendimento quase duas vezes maior que o leite de vacas e pelo valor agregado dos produtos, como mussarela, manteiga e ricota.

O Brasil tem atualmente 16 mil produtores de búfalos e um rebanho de cerca de 2 milhões de animais, sendo 70% de corte e 30% de leite.
Source: Rural

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