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Nesta quinta-feira (7/10), comemora-se o Dia Mundial do Algodão. O Brasil é o quarto maior país produtor e o segundo principal exportador da pluma no mundo. A  renda dos produtores este ano é estimada em R$ 26 bilhões pelo Ministério da Agricultura e as exportações devem superar os US$ 3 bilhões. A pluma é considerada uma "grande oportunidade para o futuro", na visão da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) .

(Foto: Assessoria de Imprensa – Dalila e Cataguases)

 

Da lavoura ao tecido

No mundo, a produção de algodão é de quase 24,5 milhões de toneladas (safra 2020/2021), de acordo com estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). No Brasil, a Abrapa estima que, na safra 2020/2021, foram plantados 1,38 milhão de hectares e colhidos 2,33 milhões de toneladas, em um ano marcado por problemas climáticos na produção.

Por aqui, a pluma é cultivada, principalmente, na segunda safra, na sequência de culturas como a soja. Mato Grosso e Bahia são os principais produtores nacionais. É uma lavoura que exige cuidados de manejo, maquinário adequado e mão de obra qualificada. Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa, afirma que, em função da sua exigência de fertilidade, o solo só está apto para receber o algodoeiro quando a área já foi utilizada para agricultura por volta de 8 a 10 anos.

Após o plantio, a semente tem um ciclo de desenvolvimento que varia entre 130 e 180 dias. Nessa etapa, devem ser evitadas as pragas, em especial, o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), um besouro que já foi responsável por destruir grandes lavouras brasileiras.

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Quando a fibra chega à indústria, passa também por uma série de processos, que implica em cuidados para manter a qualidade da matéria-prima, explica Marcos Aurélio Sousa Rodrigues, diretor-industrial da empresa Cataguases. 

“O algodão chega na nossa empresa em plumas compactadas em fardos. Armazenamos e classificamos as qualidades das fibras de acordo com os dados que recebemos da lavoura e as testagens em nosso laboratório para montarmos receitas uniformes de algodão e manter a qualidade de acordo com nossos parâmetros internos”, afirma o diretor.

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Ele explica que são várias as etapas de fiação até chegar á tecelagem. Os fios são direcionados para etapa de preparação, em que serão produzidos os rolos de urdume para alimentação dos teares e também consumidos diretamente na forma de trama. No processo de engomagem, são aplicados produtos para aumentar a resistência do urdume para tecer.

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Concluída a revisão do tecido em cru, inicia-se o processamento químico-físico do beneficiamento. Primeiro, são retiradas as impurezas que podem resultar do processo de engomagem e os tecidos passam por branqueamento químico, para possibilitar a coloração. Depois, os tecidos são coloridos por tingimento ou estampagem. Na terceira e última etapa,  passam por um conjunto de processos que fornecem ao material propriedades relacionadas ao seu acabamento.

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Após uma revisão, os tecidos são classificados e encaminhados ao Centro de Distribuição. Segundo Rodrigues, de todo o algodão colhido, apenas cerca de 40% a 42% são considerados viáveis para a utilização nos processos têxteis destinados a virar tecido.

O diretor da Cataguases afirma que a produção atual da empresa é de aproximadamente 15 milhões de metros por ano e, que, apesar do foco no consumo interno, “20% da produção é direcionada à exportação”.

Segundo André Klein, representante da Dalila Têxtil, uma dificuldade de trabalhar com fios artesanais e reciclados, está em promover um tecido com bom acabamento, uma vez que eles possuem maior chance de barramento (Foto: Assessoria de Imprensa – Dalila e Cataguases)

 

Mercado consumidor

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, do volume produzido na safra 2020/2021, 700 mil toneladas (30%) serão destinados ao mercado interno e o restante – 1,63 milhão de toneladas (70%) – será exportado, em especial, para a Ásia (cerca de 99%).

Para a nova safra 2021/2022, a expectativa é de aumento na área de plantio, que, para a entidade, pode chegar a 1,5 milhão de hectares, com uma colheita projetada em 2,8 milhões de toneladas.

“Não será o nosso recorde, que foi batido na safra 2019/2020, de 3 milhões de toneladas. Infelizmente, nesta safra que acabamos de colher, nós reduzimos a área de plantio em 17% e tivemos uma deficiência de chuvas no final do ciclo em Mato Grosso e Goiás, o que diminuiu a nossa produção”, aponta Julio Busato.

Na safra 2019/2020, a colheita foi capaz de atender a demanda do mercado interno com apenas 23% de seu volume total, enquanto as exportações totalizaram cerca de 2,3 milhões de toneladas (76%), com uma receita de US$ 3,8 bilhões.

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Busato afirma que, em 2019, antes do início da pandemia de Covid-19, o mundo consumia cerca de 25 milhões de toneladas de algodão, mas esse número aumentou para 27 milhões em 2021. Essa maior demanda levou a uma valorização da pluma, que passou de US$ 0,84/libra-peso para US$ 0,90/libra-peso no mercado internacional.

Além da maior demanda, André Klein, representante da Dalila Têxtil, empresa que processa até 500 toneladas de algodão por mês, afirma que a alta da cotação na Bolsa de Nova York também resulta da crise hídrica e das mudanças climáticas em todo o planeta: “A colheita torna-se mais cara, uma vez que depende da água (irrigação), tal como todo o processo de produção e transporte. Isso, consequentemente, afeta o valor do produto final”.

Para Marcos Rodrigues, da Cataguases, “há uma forte tendência de crescimento no mercado têxtil nacional, porém, o algodão disputa espaço com importantes culturas agrícolas que estão em alta no mercado internacional, tais como a soja e o milho”.

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Competindo com essas outras commodities, o algodão sofre com a disponibilidade de área para plantio. Mas com o câmbio atual, a alta cotação da fibra na Bolsa de Nova York e a maior busca pelo insumo, as expectativas são positivas. Um levantamento da Abrapa demonstra que, além de grande parte do algodão brasileiro da safra 2020/2021, cerca de 50% do volume da safra 2021/2022 e 20% da safra 2022/2023 já foram vendidos.

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*Edição de Venilson Ferreira e Raphael Salomão
Source: Rural

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