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Em setembro de 2015, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, 193 representantes de Estados-membros se reuniram para a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável e reconheceram que sem a erradicação da pobreza, incluindo a extrema, não há como atingir o desenvolvimento sustentável global.

Com isso, lançaram a Agenda 2030, que indica os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a erradicação da pobreza e promoção de uma vida digna para toda a população mundial.

 

Os compromissos e metas são ousados e transformadores e quase todos estão relacionados direta ou indiretamente com a segurança alimentar. Esse contexto tornou-se ainda mais desafiador com a pandemia do novo coronavírus.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os sistemas alimentares globais enfrentam um desafio triplo: i) fornecer segurança alimentar e nutricional para uma população mundial que deve se aproximar dos 10 bilhões de pessoas em 2050; ii) fornecer renda para milhões de agricultores e demais atores envolvidos na cadeia alimentar; iii) fazer isso de forma ambientalmente sustentável. Portanto, enfrentar o desafio triplo promovendo sistemas alimentares mais produtivos, sustentáveis e resilientes é a chave para alcançar os ODS até 2030.

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No final de outubro 2021, seis anos após a Cúpula, a sustentabilidade continua sendo discutida, desta vez sob a ótica das mudanças climáticas. Líderes de 196 países irão se reunir em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU, a COP 26.

O evento deverá discutir quais serão os próximos passos para a completa implementação do Acordo de Paris, o mais importante compromisso multilateral da atualidade tratando sobre questões climáticas. Espera-se que a COP 26 se torne um marco histórico, já que irá acontecer num contexto global completamente diferente e radicalmente alterado pela pandemia.

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Todos esses eventos estão interligados e tem o Brasil como um de seus protagonistas. O país de clima tropical e abundância de recursos naturais tem apresentado resultados impressionantes em produtividade agrícola. Nos últimos 30 anos a produção de grãos cresceu cerca de 339%, enquanto a área plantada cresceu apenas 82%.

O avanço foi possibilitado por tecnologias tropicais sustentáveis que refletiram em ganhos de produtividade ao longo dos anos. A produção de proteína animal também avançou muito, tanto para carne bovina, quanto para suína e de frango, ao mesmo tempo em que a área de pastagem reduziu. Entre as preocupações eminentes, ainda há o desmatamento ilegal, atividade criminosa que deve ser punida de maneira contundente pelas esferas competentes.

A agricultura brasileira vem trilhando um caminho que cada vez mais a conduzirá a ser também um setor mitigador de gases de efeito estufa, com potencial para gerar créditos para esse futuro mercado de carbono

Talita Priscila Pinto

O Brasil pode colaborar de maneira relevante para o avanço desses sistemas sustentáveis. Com sua competência em bioenergia, agricultura e biotecnologia o país é um dos protagonistas mundiais em bioeconomia.

Ainda há, portanto, muito potencial para investir na multifuncionalidade da agricultura com foco na produção de alimentos, fibras, energia, bioinsumos, prestação de serviços ambientais e ecossistêmicos. Atualmente o país já conta com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 48,4% de energia renovável e vem se especializando cada vez mais no setor de biocombustíveis.

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Além disso utiliza em larga escala tecnologias como o plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária-floresta e intensificação da pecuária para garantir a sustentabilidade e resiliência dos sistemas produtivos agrícolas. As soluções oferecidas pela bioeconomia podem contribuir para que as práticas adotadas sejam cada vez mais sustentáveis.

Dentre as oportunidades geradas está também um futuro mercado de créditos de carbono. A agricultura brasileira vem trilhando um caminho que cada vez mais a conduzirá a ser também um setor mitigador de gases de efeito estufa, com potencial para gerar créditos para esse futuro mercado.

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Portanto, o sucesso do Brasil em Glasgow passa diretamente pelo desempenho do setor agrícola e este estará presente de cabeça erguida, apresentando objetivos pautados em sustentabilidade para solucionar os principais desafios globais.

*Talita Priscila Pinto é pesquisadora do FGV Agro, o Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas.

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.
Source: Rural

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