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A decisão do governo da Arábia Saudita de suspender a adoção de medida que previa prazo de validade de três meses para frango congelado significa garantir a presença naquele mercado e a manutenção do fornecimento para o país.

A avaliação é de Ali Saifi, CEO da Cdial Halal, empresa que certifica produtos de acordo com os preceitos e tradições islâmicas. “Conseguimos reverter. Isso salvou a permanência do produto no mercado da Arábia Saudita. É de suma importância, uma conquista muito forte” disse Saifi à Globo Rural.

Entidades e empresas do setor avícola brasileira comemoraram suspensão de medida da Arábia Saudita (Foto: Debora Feddersen/Ed. Globo)

 

Em nota divulgada na segunda-feira (16/8), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que a decisão dos sauditas foi tomada depois de argumentações por países e agentes de mercado. Acrescentou ter atuado com o governo brasileiro para prestar as informações necessárias.

“A acolhida da decisão restabelece os processos de nossas tratativas com o fundamental mercado da Arábia Saudita sob os critérios que norteiam o comércio internacional de alimentos”, avaliou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, na nota.

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A BRF, que, além de exportar para a Arábia Saudita, produz carne no país, ressaltou, também em comunicado, que a autoridade saudita de Alimentos e Medicamentos (SFDA, na sigla em inglês), decidiu, além de suspender a implantação da medida, retirar a notificação à OMC.

"Desastre"

A Arábia Saudita é o segundo principal destino internacional da carne de frango brasileira. Mas, no segmento halal, o país, maior economia entre as que integram a Liga Árabe, é o principal mercado para o produto.

Para Ali Saifi, a efetivação do shelf life de três meses para o frango congelado teria um efeito mais nocivo do que uma redução de plantas aptas a exportar. O próprio Brasil teve 11 unidades industriais suspensas pela Arábia Saudita, em maio, situação que permanece até hoje, segundo a ABPA.

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Atualmente, de acordo com a associação, o Brasil tem nove plantas aptas a embarcar carne de aves para a Arábia Saudita: oito de frango e uma de pato. Conforme a ABPA, com base nos dados do governo federal, de janeiro a julho deste ano, o país importou 254,5 mil toneladas de frango brasileiro, 3,9% a mais que no mesmo intervalo de 2020. A receita foi de US$ 445,1 milhões, 23,5% a mais na mesma comparação.

Ali Saifi, da Cdial Halal, avalia que, mesmo com um número menor de unidades  exportadoras, é possível manter bons volumes. No entanto, a validade reduzida comprometeria o fluxo de mercadoria, praticamente inviabilizando os embarques. Considerando o que leva para movimentar a carga, cerca de 45 dias, pelo menos, o produto chegaria ao consumidor final com um tempo muito curto de prateleira. 

“Seria um desastre”, disse. “Com um prazo de três meses, o produto teria que ser jogado fora. Estaríamos totalmente fora do mercado”, acrescentou, elogiando o trabalho dos representantes da cadeia produtiva do frango. 

 

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Especialistas ouvidos por Globo Rural, no final de maio, avaliaram que o governo saudita estava dando um sinal claro de sua intenção de atrair investidores para a cadeia produtiva local. Saifi, da Cdial Halal, avaliou ser difícil entender a fundo as motivações, mesmo levando-se em conta essa intenção.

“As indústrias locais não conseguiriam abastecer o mercado. Com shelf life de três meses, nenhum país conseguiria. Por isso, é difícil entender essa motivação. Mas o mais importante disso tudo é que acabou”, ressaltou.
Source: Rural

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