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Cerca de 280 contêineres de frutas da América Latina, incluindo mangas e limões exportados pelo Brasil, permanecem bloqueados no porto espanhol de Algeciras desde a semana passada. As autoridades sanitárias alegam que alguns aditivos contidos em ceras e parafinas que revestem as frutas não são permitidos pela União Europeia.

A utilização da cera gera uma película que protege a fruta e garante maior durabilidade, contribuindo para diminuir as perdas de alimentos. Apesar de atender a uma portaria de 2008 da União Europeia, os produtos não estão sendo barrados em outros terminais espanhóis e europeus.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou nesta sexta-feira (25/6) à Globo Rural que foi notificado sobre o bloqueio de cargas brasileiras, oficialmente, na terça (22/6), por meio do portal eletrônico de alertas rápidos, o RASFF, sistema adotado pela Comissão Europeia (CE) para detecção de inconformidades em alimentos importados in natura.

Uma das empresas prejudicadas é a Agrodan maior produtora e exportadora de mangas do Brasil. Na foto, detalhes da fruta (Foto: Ernesto de Souza/Editora Globo)

 

 

As notificações envolvem aproximadamente 24 contêineres de manga e limão que tiveram restrições para entrar na Espanha devido ao uso na cera dos aditivos formaldeído e álcool ethoxilado. “O problema não se restringe a carregamentos do Brasil, pois as autoridades espanholas bloquearam, nas últimas semanas, cargas de diversas partes do mundo pelo mesmo motivo”, diz nota da assessoria do Mapa.

O ministério alega que já alertou os exportadores de frutas para que utilizem somente ceras que não contenham esses compostos e que solicitou às autoridades espanholas a autorização para limpeza das frutas pelos importadores para que as cargas não tenham que retornar ao Brasil.

“As autoridades espanholas ainda não deram retorno sobre o pedido. No entanto, pelo regulamento europeu da CE é possível que essa medida seja adotada.” A limpeza consiste na utilização de água clorada para retirar o filme, criado pela cera, que recobre as frutas.

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Paulo Dantas, da Agrodan, maior produtora e exportadora de manga do Brasil, foi um dos surpreendidos com a mudança em Algeciras na semana passada, quando teve 4 contêineres com 92 toneladas da fruta bloqueados no porto. Há uma semana, ele disse à reportagem que usa cera de carnaúba há muitos anos para conservar as frutas para exportação e que, se tivesse sido avisado do veto, poderia ter usado outra formulação. O empresário tinha outras cargas a caminho de Algeciras, mas desviou todas para o porto de Roterdã, na Holanda.

A diretoria da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) disse que está tratando do assunto com o Mapa e que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.

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Prejuízo

Na foto, frutas em bancada de feira espanhola (Foto: Bruno Blecher/Ed. Globo)

 

O bloqueio das cargas da América Latina tem irritado também o pessoal que trabalha no porto espanhol. O presidente da Associação dos Transportadores e Assimilados Internacionais da Baía de Algeciras, Manuel Cózar, disse ao portal EuropaSur que nem todos os 280 contêineres estão barrados, já que uma parte aguarda aprovação da documentação apresentada, mas outros já sabem que não vão passar pelos controles. Segundo ele, se houver perda de toda a mercadoria bloqueada, o prejuízo é estimado em 700 mil euros.

Cózar disse ainda que a mudança de regulamentação pegou os exportadores de surpresa, que esperavam uma moratória para poder cumprir as novas exigências. Ele estima que o tráfego de contêineres para o porto com produtos vindos da América do Sul e América Central, que normalmente fica em torno de 600 por semana, tenha caído 40% nas últimas semanas.

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O presidente do porto, Gerardo Landaluce, também reclamou que a aplicação estrita e sem informação prévia pelas autoridades sanitárias da regulamentação está causando um caos à cadeia logística do porto, com prejuízos incalculáveis a todo o setor e à comunidade portuária.

A Costa Rica, que exporta mangas, abacaxis, tubérculos e raízes pelo porto de Algeciras, está com cargas bloqueadas desde maio, segundo o site de notícias costa-riquenho La Nación. Para a Câmara dos Exportadores da Costa Rica (Cadexco), a situação põe em risco exportações de U$ 75 milhões por ano e pode se estender para outros portos europeus.

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Source: Rural

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