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Acompanhando uma tendência nacional, a Minerva Foods, terceiro maior frigorífico de carne bovina do país, operou no primeiro trimestre deste ano com um nível de ociosidade acima da média histórica de 20% registrado pela companhia. Em seu balanço trimestral, a companhia destacou o bom desempenho das exportações e das operações em Argentina, Colômbia, Chile, Paraguai e Uruguai, o que elevou a participação da sua subsidiária Athena Foods para 50% da receita bruta consolidada da empresa no período ante 43% no primeiro trimestre do ano passado. Já as operações no Brasil representaram 44% da receita bruta da companhia, queda de quatro pontos percentuais ante o mesmo período do ano passado.

Minerva Foods (Foto: Divulgação)

 

“Naturalmente, pela dinâmica de arbitragem que a gente tem interna, a gente acabou diminuindo o abate em algumas plantas, aumentando em outras, e com isso a utilização de capacidade no Brasil no primeiro trimestre acabou caindo para o nível de 63%”, destacou Edison Ticle, diretor financeiro da companhia.

Enquanto os abates da Minerva apresentaram queda de 12,2% no Brasil na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, com redução de 9,5% nas vendas, os resultados da Athena Foods foram de um crescimento de 39,3% no número de animais abatidos e de 38% em volume de vendas no mesmo período – o que se refletiu num nível de utilização praticamente estável, de 73%.

O diretor presidente da Minerva Foods, Fernando Queiroz, explicou que a medida faz parte da estratégia da companhia que acompanha o nível de volatilidade do mercado pecuário e do câmbio em si.

“Quando maior for volatilidade do mercado, das moedas, do preço de gado e da sazonalidade, mais esse instrumento é um instrumento utilizado, é um instrumento de proteção e é um instrumento de geração de valor. São 25 fábricas que são analisadas profundamente de que carteira, de que países e para quais destinos devemos vender versus de onde devemos originar o gado dentro disso”, pontuou o executivo ao mencionar a desaceleração das operações em Goiás e Rondônia em meio ao uso da capacidade total em Belén, no Paraguai.

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Além das questões de mercado, o atraso nas chuvas também contribuiu para a maior ociosidade da Minerva no primeiro trimestre de 2021, segundo observou Ticle. “Parte do boi de chuvas que viria em março e abril deve vir em maio, junho e até julho, dependendo de como se comportar as chuvas e a secagem da pastagem. Este é um dos pontos que fez com que a oferta que já deveria ser restrita em função da virada do ciclo pecuário se tornasse pontualmente ainda mais restrita em alguns estados como o Mato Grosso”, apontou o diretor financeiro da companhia

Segundo ele, a utilização da capacidade instalada deve voltar a aumentar no país ao longo do ano, conforme haja crescimento da oferta de animais prontos para abate, retornando a uma taxa de ociosidade consolidada de 20% ao longo dos próximos quatro trimestres. “Vale lembrar que essa utilização também está mais baixa em função das medidas que foram tomadas por causa da pandemia. A gente mudou o layout das linhas, deixamos elas mais lentas em função do distanciamento e isso fez com que a utilização da capacidade realmente caísse em relação aos padrões pré-pandemia”, ressaltou Ticle

A perspectiva do executivo é otimista em relação ao mercado pecuário. “Além da parte climática, outro fator que reduziu a oferta no Brasil foi a grande rentabilidade que o criador passou a ter. Então a criação de bezerros foi, nos últimos meses, bastante rentável – o que fez com que o produtor segurasse o abate de fêmeas. A boa notícia disso é que essas fêmeas estão produzindo mais bezerros, que é o gado que virá para o mercado em final de 2021, 2022 e 2023”, completou Queiroz.

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Do lado do consumo no mercado interno, o presidente da Minerva ressaltou o papel da vacinação em massa e a reabertura gradual da economia na recuperação da demanda. “Isso vem ocorrendo em dois extremos. São produtos muito especiais, nichos especiais de produtos caros, e produtos muito competitivos. Dependendo, no limite, é o Angus Cabaña La Minas que cresce e o hambúrguer”, revelou Queiroz ao lembrar que o mesmo fenômeno tem ocorrido na Argentina devido à pressão inflacionária no país.

“A gente tomou algumas decisões que eu reputo, taticamente, bastante inteligentes, que foi mudar o mix de produtos de modo a ter produtos que consigam entrar mais nas classes mais baixas, que têm custos de produção menores e, portanto, preços de venda menores, preservando e até ampliando a margem que temos nesses processados”, explicou Ticle ao mencionar exemplos como patês, hambúrgueres e salsichas. “São produtos que são muito mais baratos em termos de valor unitário, com custo de produção muito mais barato, mas que não necessariamente implicam em margens de rentabilidade pior”, conclui o diretor financeiro da Minerva.
Source: Rural

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