Skip to main content

Agricultora familiar e influenciadora, Patricia Vione faz campanha para que mulheres recebam flores no 8 de Março (Foto: Arquivo pessoal)

“Soja eu já tenho. No dia 8 de março, quero ganhar rosas.” A frase é da agricultora familiar gaúcha Patrícia Vione, que também é influencer digital do agro. Junto com as amigas Graziele de Camargo e Dandara Perez, ela criou e administra a página Agrodelas no Facebook e Instagram. Elas estão divulgando nas redes sociais a campanha “Toda mulher merece ganhar rosas” visando o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março.

O objetivo da campanha do Agrodelas, que tem mais de 6.000 seguidores, é incentivar a venda de flores, já que o setor foi um dos mais afetados pela pandemia do Covid-19 no ano passado, com a suspensão de festas e eventos, e vem se recuperando aos poucos. “A inspiração veio da campanha que fizemos no ano passado, na véspera do Dia das Mães, após conhecer uma produtora de rosas do Paraná que perdeu toda sua produção com a pandemia.”

Para movimentar a página que oferece informações técnicas do agro, live, entretenimento e incentiva mulheres do campo a dividir suas histórias, Patrícia conta apenas com seu celular 4G, já que em sua casa na zona rural de São Gabriel (RS) ainda não tem internet fixa.

“Onde há vontade, sempre há um caminho. Imagina quando eu tiver um computador e internet fixa…”, diz a agricultora, que escolheu uma foto sorridente em que segura um ramo de soja para ilustrar seu perfil nas redes sociais.

Solteira, 31 anos, ela planta soja, trigo e culturas de subsistência em um lote de 22 hectares do assentamento Conquista do Caiboaté, na região da Campanha Gaúcha. “O plano era produzir leite, mas a falta de estradas e de condições de comercialização do produto me empurrou para a soja.”

saiba mais

Mulheres do agro se preparam cada vez mais e vencem barreiras para liderar negócios no campo

 

Patrícia conta que enfrentou várias lutas e preconceitos por ser mulher e assentada, mas nunca recuou. Filha do produtor rural João Edemar Vione, um médio produtor de soja em Horizontina (RS) que perdeu tudo na época do Plano Collor, ela sempre morou e trabalhou no meio rural. Em sítio arrendado após a perda das terras, a família produzia queijo e mel.

“Mas ficou muito caro arrendar terras. Por isso, eu e meu pai nos inscrevemos no edital do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para conseguir um lote no assentamento no nosso município em 2012.” Patrícia conta que, após muita luta, eles conseguiram a terra, mas não o crédito para o plantio. Por isso, ela foi trabalhar seis meses na cidade como cuidadora de idosos e o irmão Alexander, técnico agrícola, foi colher uvas em Farroupilha. O plano era obter recursos para dar entrada em um trator.

Patrícia obteve o empréstimo no Banco do Brasil e, quando terminou de pagar o trator, o banco lhe ofereceu o  financiamento de uma camionete. Em vez de aceitar o carro, ela pediu mais crédito para comprar uma pequena colheitadeira que vai pagar em nove anos.

“O recomeço foi muito difícil, mas tivemos muita ajuda. Hoje, tenho a felicidade de ver meu pai trabalhando de novo com o que gosta. Minha mãe, Maria, me ensinou a dirigir um trator e meu pai está me ensinando os segredos para colher minha verdinha.”

Nas duas últimas safras, sua produção de “verdinha” foi bem baixa devido a problemas climáticos. “No ano passado, faltou chuva e colhi menos de 25 sacas por hectare. Nesta safra, espero recuperar os anos perdidos e, com as novas tecnologias, ter uma boa colheita, acima de 50 sacas de soja por hectare.” Na região, a média é 45 sacas por hectare. Patricia entrega sua produção na unidade da Cotrisel (Cooperativa Tritícola Sepeense Ltda) em São Gabriel.
Source: Rural

Leave a Reply