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(Foto: Emater-RS/Divulgação)

 

Os danos gerados pelas chuvas abaixo da média pela segunda safra consecutiva no Sul do país já levaram mais de mil pequenos agricultores a darem entrada em pedidos de indenização ao Proagro, programa de seguro rural mantido pelo governo federal.

Só no Rio Grande do Sul, a Emater aponta que 1.127 produtores de milho realizaram comunicação de perdas neste ano, o que só ocorre quando o prejuízo nas lavouras é considerado irreversível.

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“É um número enorme. Tivemos uma estiagem generalizada, muitos Proagros foram acessados no milho, mas temos perdas difíceis de serem mensuradas no curto prazo, porque os danos se alongam”, explica o economista da economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz.

Segundo ele, os agricultores atingidos são principalmente produtores de leite que cultivam o milho para produzir silagem durante a estação seca e que devem usar o dinheiro recebido pelo seguro para replantar as lavouras, mas ainda com perdas de 40% em relação à produção esperada no Estado, de 5,7 milhões de toneladas.

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O vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, aponta que as chuvas abaixo da média em outubro, quando ocorre o pendoamento das lavouras de milho, foram decisivas para a formação do quadro atual das lavouras.

“O milho plantado na agricultura familiar, principalmente na atividade leiteira, é usado para fazer silagem. Por isso, precisa de massa corporal para fazer volume, com boa formação de grãos para dar sustentação ao sistema produtivo. E, obviamente, esse milho está em situação muito precária hoje”, aponta Konrad, ao destacar que as quebras também levarão a um aumento nas comunicações de perdas dos seguros privados subvencionados pelo governo.

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“Salientamos que talvez esteja ocorrendo o mesmo ou até pior nos demais seguros. Já recebemos, inclusive, consulta por uma das seguradoras pedindo informação, querendo entender por que está muito grande a demanda de seguro agrícola dentro do Pronaf”, aponta o vice-presidente da Farsul.

Este foi o primeiro ano que produtores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tiveram acesso ao Programa de Subvenção ao Seguro Rural, podendo contratar apólices de seguradores privadas com descontos de 55%.

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Segundo dados do Ministério da Agricultura, 26,5 mil agricultores gaúchos contratam seguro rural com o programa de subvenção 2020/2021, cujo valor total disponibilizado foi R$ 1,3 bilhão. O número é 90,6% maior que o registrado em 2019 e permitiu segurar uma área 190,5% maior este ano, de 2,6 milhão de hectares.

O milho primeira safra segurado via seguradoras privadas, contudo, responde por menos de 5% desse total, com 2,9 mil apólices. “Por conta disso, não está tendo tanto comunicado de sinistro às seguradoras. Está, mas em uma proporção muito menor do que o Proagro porque o volume de contratação é diferente”, explica Daniel Nascimento, vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

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Conforme Nascimento, as seguradoras estão sendo impactadas principalmente pelas perdas com o milho, cuja cobertura no Estado chega a 1,9 milhão de hectares.

Responsável por quase 70% da área segurada com milho verão e 47% da área de soja coberta no RS, a Brasilseg informou, em nota, que recebeu 401 sinistros relacionados à estiagem no Estado entre 1 de setembro e 30 de novembro deste ano, sendo as cidades de Horizontina, São Luiz Gonzaga, Doutor Mauricio Cardoso e Crissiumal as mais afetadas.

Segundo a empresa, no ano passado, quando a região Sul também sofreu com chuvas abaixo da média, foram desembolsados R$ 611,6 milhões em indenizações aos produtores – valor que, de acordo com Antônio da Luz, economista da Farsul, ajuda, mas não resolve a situação dos produtores.

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“A indenização cobre parcialmente os custos de produção, principalmente variáveis. Então ela diminui o prejuízo, mas não dá lucro. Ter o seguro não significa que o produtor vai ganhar aquilo que ganharia se plantasse e colhesse”, explica Luz, ao ressaltar que a cobertura do Proagro ou do seguro subvencionado pelo governo, nesses casos, pode fazer a diferença para manter o produtor na atividade, mas não reverte o quadro no Estado.

“Ele ajuda muito, as vezes é a diferença entre o negócio continuar ou não. Mas ele não é a salvação. A salvação é chover”, conclui o economista.
Source: Rural

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