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O plano visa acabar com a importação de soja ligada ao desmatamento(Foto: Eduardo Monteiro/Divulgação)

 

Depois de fazer muita pressão sobre o governo brasileiro na questão do desmatamento, o presidente da França, Emmanuel Macron, passou à ação. Nesta terça (1/12), o governo francês anunciou um pacote de 100 milhões de euros para elevar o cultivo de leguminosas no país em 40% em três anos. O plano, apresentado aos agricultores pelo ministro da Agricultura, Julien Denormandie, visa acabar com a importação de soja ligada ao desmatamento, aumentando em 400 mil hectares o cultivo até 2023.

Em troca da ajuda financeira, os produtores assinaram uma “carta de compromisso”, prometendo investir no cultivo e pesquisa da lavoura. O plano de Macron prevê ainda dobrar a área plantada para 2 milhões de hectares até 2030 e inclui no orçamento 3 milhões de euros para incentivar o consumo de leguminosas pela população, especialmente as crianças.

Metade das proteínas vegetais para ração animal utilizadas na França vem das importações. Neste ano, o produto brasileiro mais importado pela França foi justamente o farelo de soja, que rendeu uma receita de 467 milhões de dólares, mas entre soja e farelo, as importações francesas não passam de 1,3 milhão de toneladas, o correspondente a menos de 2% das exportações do produto brasileiro. A China, maior comprador, já levou mais de 54 milhões de toneladas neste ano.

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Há três meses, a França já havia anunciado oposição ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul devido ao avanço do desmatamento na Amazônia. Em 2018, se comprometeu a zerar a importação de produtos não sustentáveis até 2030.

Medida protecionista

Para Marcos Fava Neves, professor da USP de Ribeirão Preto e da FGV e especialista em planejamento estratégico do agronegócio, Macron comete o grave erro da generalização e do estímulo à ineficiência. “O problema da soja vinda do desmatamento no Brasil é extremamente localizado, como recentemente foi mostrado pela Revista Science. A imensa maioria da cadeia produtiva no Brasil produz de forma ambientalmente adequada, inclusive com certificação europeia.”

Fava Neves acrescenta que diversas cooperativas de pequenos e médios produtores no Sul do Brasil podem fornecer a soja que a França necessita e que despejar subsídios para produção local a custos muito mais elevados é na verdade uma medida protecionista, contra as modernas práticas do ESG (Environment Social Governance) global. “É mais um jogo para a torcida, para seus eleitores, do que algo que realmente visa a sustentabilidade.”
Source: Rural

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