Skip to main content

Cliam esta afetando avicultutra catarinense (Foto: ANPR/CCommons)

 

O tempo quente seco ao longo do final de 2019 e início de 2020, somado a chuvas abaixo da média e, alguns períodos deste ano e atraso nas chuvas em outros, criou uma situação dramática para os produtores de aves, suínos e leite no oeste de Santa Catarina. Sem água suficiente para oferecer aos animais, alguns produtores do Estado, que é o segundo maior produtores de aves e o maior de suínos do país, chegaram a interromper a produção.

“Nós temos 91% das propriedades rurais do oeste catarinense com menos de 50 hectares. São pequenas propriedades e muitas delas sem acesso a água ou estrutura de retenção de água”, destaca Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).

Segundo Barbieri, mais de 110 aviários precisaram parar as atividades no oeste de Santa Catarina por falta de água para os animais. Quem tem condições, passou a contratar caminhões pipa para abastecer a propriedade, elevando ainda mais os custos de produção, já afetados pela baixa disponibilidade de milho e farelo de soja.

“Estamos indo para um caminho onde vai ser impraticável alimentar animais com esses custos e os produtores que trabalham com o mercado interno terão sérios problemas, porque não tem como passar isso para a sociedade”, explica o vice-presidente da Faesc.

saiba mais

Calor acima de 40ºC causa morte de mais de 40 mil galinhas, em Bastos (SP)

Onda de calor matou mais de um milhão de aves em Bastos (SP), estima Sindicato Rural

 

A Associação Catarinense de Avicultura (Acav) confirmou a paralisação de aviários no Estado. Segundo o gerente executivo da entidade, Jorge Luiz de Lima, o problema se estende ao oeste do Rio Grande do Sul, em aviários que atuam em sistema cooperativo.

“Há duas semanas, portanto antes das chuvas, tínhamos um relato de cooperativas, mas nenhuma das agroindústrias que trabalham no sistema de integração. Elas nos informaram que havia em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, 117 propriedades, na sua totalidade aviários, que não estavam alojando em decorrência da falta de água”, relata Lima.

Pecuária leiteira

Além de carnes, a estiagem no Sul do país também afeta a produção de leite devido ao comprometimento das pastagens desde o final do ano passado. “Não há como substituir forragem produzida dentro da propriedade por ração. Então, caiu drasticamente a produção de leite porque, apesar de o preço ter subido muito, foi por conta dessa queda na produção porque as indústrias estão todas elas trabalhando com ociosidade de material”, explica o vice-presidente da Faesc.

Segundo dados do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram), o déficit hídrico no Oeste catarinense chega a 895,9 mm em algumas regiões, com previsão de chuvas abaixo da média e temperaturas acima do normal ao longo do próximo trimestre. “Embora 2020 tenha sido um ano de El Niño, o que costuma trazer chuvas para a região, ele foi de fraca intensidade e logo seguido por uma rápida formação de um La Niña de intensidade forte a moderada, e isso acabou prejudicando ainda mais as condições de chuva para a região Sul”, explica Alexandre Nascimento, agrometeorologista da Rural Clima.

Para os próximos dias, Nascimento explica que tem se observado o aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico, o que indica um enfraquecimento do La Niña e aumento das chuvas em Santa Catarina e no Paraná já nos próximos dias. Para o Rio Grande do Sul, as previsões são de chuva somente a partir do final da próxima semana. “Ainda são chuvas bem irregulares, mas é uma situação que deve começar a trazer um pouco de alívio para a região”, explica o agrometeorologista.
Source: Rural

Leave a Reply