Skip to main content

Sementes ilegais da China. Ministério da Agricultura afirma que está em contato com autoridades sanitárias dos países de origem dos pacotes para confirmar as informações sobre o envio do material. Recomendação é não plantar e entregar às autoridades (Foto: Gabriel Zapella/Arquivo Pessoal)

 

Os resultados iniciais das análises feitas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) nas sementes enviadas sem solicitação ao Brasil a partir de países da Ásia revelaram a presença de bactérias, ácaros e fungos no material, segundo informou nesta terça-feira (6/10) a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Até o momento, o órgão recebeu 39 amostras para análise de 258 pacotes enviados para 24 Estados e do Distrito Federal. Somente Amazonas e Maranhão ainda não reportaram o recebimento de pacotes suspeitos.

Do total de amostras, 25 apresentaram contaminação por três diferentes fungos, cinco estavam contaminadas por bactérias e uma com ácaros ainda vivos. O Ministério da Agricultura, contudo, ainda não sabe informar as espécies desses microrganismos. Essa identificação ainda depende de investigação complementar.

“Sementes e mudas são um dos principais insumos para produção agrícola. É o insumo que mais tem carga regulatória no mundo porque o risco e perigo iminente para esse produto é o mais alto que existe”, explica o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart. “É um material com alta capacidade de dispersar pragas, alta capacidade de se instalar e se dispersar no Brasil”, alerta.

Diante da falta de informações precisas sobre o material, o Ministério da Agricultura informou que trabalha em “alerta máximo” em relação às sementes ilegais que estão chegando ao país este ano. Além das efetivamente recebidas por cidadãos brasileiros, o Ministério da Agricultura também registrou aumento nas médias mensais de sementes ilegais apreendidas na central dos correios em Curitiba, por onde passam 250 mil pacotes por dia.

saiba mais

Sementes ilegais vindas da Ásia já foram recebidas em 23 Estados e no DF

RJ confirma recebimento de 25 pacotes de sementes desconhecidas vindas da China

 

“No ano passado, em 2019, eram apreendidos, devolvidos ou destruídos cerca de 2 mil pacotes por mês. Este ano, somente no primeiro semestre, esse número saltou para 5 mil”, revela o diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luís Vargas. No total, a fiscalização agropecuária junto à central de distribuição dos correios já realizou a apreensão de 37,7 mil sementes este ano, das quais 26,1 mil foram destruídos. “A partir da análise de DNA desses produtos, é comparado a um banco genético internacional, e fazendo essa comparação conseguimos saber qual a espécie de planta, tipo de planta, espécie de fungos, bactérias e microorganismo que identificarmos nas amostras”, explica Vargas.

Além da contaminação por microorganismos, o Ministério da Agricultura também sequenciou o genoma de 17 sementes ilegais em análise, das quais 4 mostraram potencial de se converter em pragas de difícil controle. “Essas espécies são plantas que não existem no Brasil e ao serem introduzidas podem causar grande prejuízo à agricultura ou mesmo ao meio ambiente brasileiro”, alertou Vargas ao pontuar que a conclusão definitiva das análises pode levar mais de trinta dias.

Além da análise das sementes, o secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal, afirmou que a pasta está em contato com os órgão de defesa vegetal dos países de origem das sementes enviadas ao Brasil. “Vamos primeiro confirmar se as informações do pacote são verídicas. Já estamos identificando que algumas não permitem o rastreamento perfeito. Então vamos ter, sim, a colaboração dos órgãos de fitossanidade de outros países para identificar se realmente o material foi postado de lá e, aí sim, adotar as medidas”, pontuou Leal.

O Ministério da Agricultura também reforçou os pedidos para que os brasileiros entreguem pacotes suspeitos em uma das suas superintendências locais ou aos órgão de defesa agropecuária estaduais, dado o desconhecimento sobre potenciais danos que esses materiais possam causar à agricultura e à biodiversidade brasileira. “O risco é desconhecido. E quando trabalhamos com risco desconhecido o alerta é máximo. Por isso pedimos que não abram os pacotes e não plantem esses pacotes”, alerta o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas.
Source: Rural

Leave a Reply