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Arroz (Foto: Irga/Divulgação)

 

Com quase 7 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, a expressiva alta no preço do arroz, um item presente na mesa de mais de 90% dos brasileiros, atingirá principalmente a camada mais pobre da população. O peso deve ser ainda maior sobre o orçamento daqueles que dependem do auxílio emergencial, reduzido pela metade a partir do próximo mês.

“Certamente, para as pessoas que recebem auxílio emergencial, o efeito da alta é muito maior”, explica o Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), ao destacar que o arroz é um produto de difícil substituição na mesa dos brasileiros. “O arroz já é a opção mais barata de carboidrato. Diferente de uma alta no preço do refrigerante ou das carnes, que possuem alternativas de consumo, ele é muito mais difícil de ser substituído”, observa

Segundo dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada entre 2017 e 2018, o consumo do alimento é 56% maior entre as famílias de menor renda, com 156 gramas por pessoa ao dia ante 99 gramas diárias per capta entre os 25% mais ricos ouvidos pelo levantamento.

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A pesquisa também aponta diferença nos hábitos de consumo. Enquanto entre os mais pobres a frequência de consumo é de 81,2%, entre os mais ricos o arroz está presente em 67,1% das refeições. Além disso, entre a faixa de maior renda da amostra pesquisada pelo IBGE, que ouviu 57,9 mil domicílio distribuídos pelo Brasil, 17,1% do consumo se dá fora de casa – índice que cai para 6,5% entre os mais pobres. 

“Certamente, pessoas com rendas diferentes o impacto de aumento de preços é diferente”, pontua Lucílio Alves, pesquisador do Cepea e professor da Esalq-USP.

A partir dos dados do IBGE, ele aponta que o peso do arroz sobre o orçamento familiar é de 4% entre aqueles que recebem um salário mínimo, caindo para 1,3% quando o rendimento sobe para três salários mínimos.

“As pessoas de menor renda acabam comprometendo uma parte do maior do orçamento com a cesta básica e são as mais afetadas por esses aumentos, porque acabam não tendo opção a não ser absorver essa inflação”, diz Joelson Sampaio, da FGV-SP..

Segundo dados do Dieese, o percentual do salário mínimo líquido gasto para a compra dos produtos da cesta básica para uma pessoa adulta em julho deste ano foi de 54,29%. “Isso é diferente numa família de alta renda, onde a participação da alimentação ou o peso da cesta básica é muito pequeno no orçamento e, por isso, sofre menos”, acrescenta Sampaio
Source: Rural

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