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Representantes da indústria de máquinas esperam crescimento neste ano (Foto: Divulgação/New Holland)

 

Em meio à demanda por alimentos no mercado interno e exportações maiores, principalmente para a China, a produção no campo tem registrado bons resultados, o que deixa a indústria de máquinas agrícolas com boas perspectivas para 2020. Entre março e abril, quando diversas fábricas fecharam as portas temporariamente por conta da pandemia do coronavírus, o setor chegou a prever uma queda de 10% para o ano. No entanto, a reação do segmento da alimentação animou a indústria.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mantém a perspectiva de crescimento de 3% para o ano, o que representaria vendas em torno de 45 mil unidades – foram 43,9 mil em 2019. Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) entende que a expansão pode chegar a 5%.

A projeção é baseada no resultado dos dois últimos meses. Segundo balanço da Anfavea, divulgado nesta sexta-feira (7/8), as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias registraram aumento de 15% em julho, com 4.509 unidades, 608 a mais sobre o mês anterior. O número do último mês representa crescimento similar na comparação com julho de 2019 (14,4%), quando foram produzidas 3.941 unidades.

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Para o vice-presidente de agronegócios da Anfavea, Alfredo Miguel Neto, além da demanda chinesa aquecida, o anúncio do Plano Safra no último mês deu mais segurança para investimentos por parte dos agricultores.

"O desembolso no Plano Safra cresceu 50% em relação ao ano passado, para R$ 24 bilhões. Em abril e maio, faltaram recursos para o financiamento de máquinas. isso teve um impacto, simultaneamente, com o início da pandemia, quando houve um momento de maior preocupação sobre crise. Hoje, a situação é mais estável", diz o executivo.

Entre janeiro a julho, foram comercializadas 24,142 mil máquinas agrícolas, aumento de 1,3% sobre o mesmo período do ano passado. As vendas registradas pela Anfavea, no entanto, não significam necessariamente mais máquinas no campo, mas uma quantidade maior de unidades para a comercialização nas concessionárias. "Entretanto, claro que uma coisa puxa a outra. Quando você está com o concessionário vendendo mais na ponta, significa demanda mais aquecida por parte do produtor", avalia Miguel Neto.

Sinal da perspectiva mais positiva é que a produção teve uma expansão. Apesar da queda de 6,7 mil unidades na produção de máquinas agrícolas nos sete primeiros meses do ano (-21,5%), entre junho e julho a expansão foi de 53,8%, com 1,8 mil unidades a mais fabricadas no último mês, para o total de 5,1 mil máquinas – outro sinal de expectativa positiva.

"Há uma conscientização, por parte do produtor, que ele precisa ser cada vez mais competitivo. Com isso, ele reduz os custos e tem um aumento de competitividade”, pontuou o executivo da Anfavea.

Faturamento maior

Mesmo com os efeitos da pandemia, com paralisação de unidades produtoras e a dificuldade em importar componentes nos meses de março e abril, a indústria de máquinas registra acréscimo na receita em 2020. Segundo dados da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, o faturamento entre janeiro e junho foi 6,5% maior em relação aos seis primeiros meses de 2019, com R$ 8,2 bilhões. Em junho, a expansão foi de 21,4% sobre maio e de 14% sobre o mesmo mês do ano passado, para R$ 1,7 bilhão.

“Houve uma grande valorização do dólar. Na prática, isso eleva os preços dos insumos, mas também aumenta o preço da soja, milho, café e algodão e oferece uma rentabilidade muito boa ao produtor, que está confortável para fazer investimentos”, avaliou Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA.

O desempenho do segmentos de máquinas agrícolas acabou indo na contramão da indústria, de uma forma geral, que sofreu retração de 8,5% no primeiro semestre, e de 12,4% em junho na comparação com o mês anterior.

"O agronegócio se diferenciou porque é um setor que não parou. O pessoal de grãos está em recuperação. Com o aumento na demanda por proteínas, os embarques por grãos e carnes foram maiores. É algo fora da curva", disse Bastos.

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De acordo com os executivos consultados pela Globo Rural, foi necessária uma adaptação do setor por conta do cancelamento das feiras do agronegócio neste ano. Esses eventos concentram boa parte dos lançamentos de máquinas e movimentam bilhões em todo o país.

Para o vice-presidente de agronegócios da Anfavea, as montadoras procuraram apoiar os produtores para estreitar o relacionamento durante a pandemia. “As feiras não resultam, necessariamente, no aumento das vendas. Mas é um canal de contato pessoal e relacionamento. No começo da pandemia, muitas indústrias pararam 20 dias. Os concessionários continuaram apoiando os produtores que estão no campo, mas virtualmente”, explicou Alfredo Miguel Neto.

Segundo o presidente da CSMIA, um efeito prático da suspensão das feiras foi a redução de 16% nos pedidos em carteira em maio e de 22% em junho. Em junho de 2019, por exemplo, eram 8,1 semanas de pedido em carteira ante 6,8 semanas no mesmo mês deste ano. "Como as feiras não aconteceram, a carteira encurtou porque são pedidos para médio prazo. É um resultado bem atípico. Eu nunca presenciei a queda nas carteiras e o aumento nas vendas", admite Pedro Estevão Bastos.

Exportações aquecidas

 

Já as exportações tiveram retração de 32,8% entre janeiro e julho, com 5 mil unidades, 2,5 mil a menos do que no mesmo período de 2019, de acordo com a Anfavea. Mas as 856 máquinas exportadas no último mês representam aumento de 39,4% sobre junho.

“Houve um crescimento. Isso se deve basicamente às exportações para a Argentina. A demanda no setor agro também esteve aquecida no país vizinho, que, assim como o Brasil, foi puxada pela China. Isso nos possibilitou aumentar as exportações de máquinas para a Argentina, com expansão em torno de 58%”, disse Miguel Neto.

Entre as associadas da Abimaq, a receita cresceu de 3,7% com as vendas externas no primeiro semestre, para o total de US$ 347 milhões. "É um resultado tímido, mas ajuda no desempenho do setor e na manutenção dos empregos", avaliou o presidente da CSMIA.
Source: Rural

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