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(Foto: Senasa/Divulgação)

 

A confirmação de duas nuvens de gafanhotos nas províncias de Formosa e Chaco, no norte da Argentina, acendeu o alerta nas autoridades e especialistas. O receio é que mais dias de calor, por conta da aproximação da primavera, favoreça o deslocamento dos insetos e o surgimento de novas ondas nos próximos meses próximo à fronteira com o Brasil.

Na quarta-feira (29/7), o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) destacou que que as duas nuvens egressas do Paraguai já estão no país. "Uma estava localizada perto do rio Bermejo, na fronteira de Formosa e Chaco, e a outra se estabeleceu na cidade de Ingeniero Juárez (em Formosa)", disse o órgão.

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Ao mesmo tempo, a agência governamental declarou que mantém o monitoramento na cidade de Federación, na província de Entre Ríos, onde aplicações com químicos eliminaram cerca de 350 milhões de insetos da nuvem no último sábado (25/7), restando cerca de 50 milhões. “O objetivo é controlar os gafanhotos restantes para evitar que consigam concluir o ciclo e botar ovos, o que levaria a uma geração local da praga”, afirmou o Senasa.

O chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, Ricardo Felicetti, avalia que o controle da nuvem em Entre Ríos, onde os insetos estão a 98 quilômetros do Brasil e a 20 quilômetros do Uruguai, afasta o risco imediato da entrada em território brasileiro.

(Foto: Senasa/Divulgação)

 

No entanto, é preciso monitorar outros grupos que estão no país vizinho. "Precisamos entender quais os direcionamentos que essas novas nuvens que estão no norte da Argentina vão tomar, assim como acompanhar as crias dessa nuvem que foi controlada. Novos insetos podem surgir a partir de 21 dias. Temos de estar atentos para todos esses aspectos nos próximos meses", alertou Felicetti.

Para o entomologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jerson Carús Guedes, não se trata de uma nuvem pontual, mas de um movimento constante de gafanhotos que nascem na região do Chaco paraguaio. “Isso não é uma nuvem ou outra, é um movimento de um ciclo de cinco ou seis anos que deve formar um período de emergência. Acho que é um movimento que tem chances de vir para o Brasil”, avaliou.

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O entomologista da UFSM observa que o primeiro alerta emitido pelas autoridades argentinas com a nuvem no norte do país ocorreu no fim de maio. Dois meses depois, os gafanhotos estavam a menos de 100 quilômetros do Brasil. Além disso, ele observa que, com o fim do inverno em meados de setembro, temperaturas mais altas possam incentivar novos deslocamentos com intensidade ainda maior da praga.

Na avaliação do pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Dori Edson Navas, será necessário acompanhar o movimento do gafanhoto sul-americano nos próximos meses. “Uma das nuvens que está no norte da Argentina seria maior do que essa que nós temos perto do Brasil, sendo o mesmo local de entrada da que está em Entre Ríos”, disse.

Isso nos preocupa porque nas próximas semanas as temperaturas serão maiores. A Argentina já teve várias nuvens desde o ano passado e a gente tem observado que isso faz parte do processo de migração dos gafanhotos. Não sabemos se os gafanhotos farão o mesmo trajeto (da nuvem em Entre Ríos) ou se vão se deslocar para os Andes, o que normalmente acontece

Dori Edson Navas, pesquisador da Embrapa Clima Temperado

 

 

Prejuízo milionário

Os especialistas seguem atentos por causa do dano potencial que os gafanhotos podem causar. A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul calcula que os prejuízos poderiam chegar a R$ 1 milhão por dia, com o maior impacto em culturas como trigo, aveia, cevada, além de lavouras perenes, como citros, videira e oliveira, bem como pastagens.

Da mesma maneira, o governo da província de Córdoba, na Argentina, estima que 40 milhões de insetos são capazes de comer o que 2 mil vacas consomem em um dia. Foi por isso que o Ministério da Agricultura aprovou a emergência fitossanitária para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina pelo período de um ano.

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Na última semana, a Secretaria da Agricultura do Estado publicou uma instrução normativa oficializando um plano de emergência e estabelecendo a criação do Comitê de Emergência Fitossanitária responsável pelo acompanhamento dos gafanhotos, uma forma de prevenção caso os insetos adentrem em território gaúcho.
Source: Rural

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