Skip to main content

(Foto: Reprodução/Convergência pelo Brasil)

 

Ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central se uniram e assinaram uma carta a favor da economia de baixo carbono para alertar para a consciência de que o desenvolvimento econômico do Brasil está diretamente relacionado às ações que respeitam o meio ambiente.

Divulgado nesta terça-feira (14/7), o documento ‘Convergência pelo Brasil’ destaca quatro principais desafios possíveis de trilhar rumo a uma economia verde, aliando práticas de menor emissão de gases de efeito estufa e redução do aquecimento global à recuperação da reputação positiva perante investidores nacionais e estrangeiros. São eles, o incentivo dos credores a atividades de baixo carbono, o desmatamento zero na Amazônia e no Cerrado, o aumento da resiliência climática e o apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias que promovam modelos de negócio para menor emissão de CO2.

De acordo com o economista Ilan Goldfajn, não há como ter crescimento econômico sem cuidados com o meio ambiente. Para ele, é necessário que haja investimento responsável, incluindo governança, meio ambiente e sustentabilidade.

saiba mais

Debate sobre sustentabilidade no campo deve crescer após Covid-19, diz Tereza Cristina

 

“Os investimentos no mundo não estão mais independentes destes pilares. Recentemente, tivemos vários investidores do norte da Europa condicionando o dinheiro ao uso responsável e sustentável. A imagem do Brasil está relacionada a esse tema e o investimento obviamente vai afetar nosso crescimento em médio e longo prazo”, ele pontua.

Negar subsídios a setores que impulsionam as emissões e provocam mudanças climáticas é uma das estratégias mais mencionadas pelos signatários da carta. Neste sentido, o também economista Gustavo Loyola chamou a atenção para o papel fundamental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao propor incentivo a investimentos sustentáveis. “Ele [BNDES] pode deixar de incentivar investimentos que sejam agressivos e direcionar as atividades do banco para um portfólio mais limpo do ponto de vista de carbono”, sugere o ex-presidente do Banco Central.

saiba mais

Empresariado cobra fim do desmatamento ilegal ao vice-presidente Hamilton Mourão

 

O ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy concorda. Em sua visão, não apenas as grandes empresas devem se preocupar com as atividades de carbono neutro, mas também os pequenos e médios empresários.

Nosso desafio é trazer isso para o pequeno, o médio, que está procurando se orientar nesse assunto. E também trazer isso para o eleitorado para que ele tenha convicção de que uma economia mais sustentável vai trazer retorno à sociedade

Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda

Atual governo

Além da redução do desmatamento, o uso de fontes de energia como eólica, solar e hídrica fazem parte do horizonte de uma economia sustentável. Porém, apesar da aptidão do Brasil para estas práticas, os signatários do documento sinalizam um sentimento de pessimismo devido à condução das pautas ambientais por parte do atual governo de Jair Bolsonaro.

saiba mais

Projeto piloto de pagamento por serviços ambientais destinará R$ 500 milhões à Amazônia Legal

 

Em resposta à Globo Rural, Gustavo Loyola acredita que faltam políticas de repressão a práticas ilegais, como a grilagem. E que ainda há o incentivo a atividades que desmatam e fomentam o uso indevido do solo. Ele ressalta que a fiscalização não é apenas responsabilidade do governo federal, mas também dos estados e municípios.

“Não se pode ter fiscalização sem o envolvimento das três esferas de governo. Inclusive vale salientar que embora o Brasil não tenha conseguido desmatamento zero, houve uma redução significativa há alguns anos quando a consciência do setor privado e a repressão foi praticada”, diz.

Na visão do economista e diplomata Rubens Ricupero, as reações do atual governo são “puramente de relações públicas”, à medida que o índice de desmatamento continua muito alto e a reputação do Brasil no exterior continua comprometida.

saiba mais

Ministério da Agricultura e CBI lançam plano de títulos verdes para o agro brasileiro

 

Ele lembra que na última segunda-feira (13/7), foi demitida a coordenadora do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) responsável pelos programas Deter e Prodes, que contabilizam os alertas e dados sobre desmatamento no Brasil. E que houve também exonerações de responsáveis do Ibama, além da indefinição da subsecretaria de combate às mudanças climáticas.

“Quem é que não ouviu na famosa reunião a declaração do anti-ministro sobre passar a boiada? Ainda que se chegasse a um desmatamento zero, o ano está perdido. A mobilização das Forças Armadas é uma dessas ações para inglês ver, porque as forças não estão preparadas para essa ação. Há interesses nefastos, existe um problema de cumplicidade. Eu acho difícil que haja uma melhora, o máximo que pode acontecer é limitar os danos, porque se não acontecer isso, esse governo até o fim de seu mandato vai causar mais problemas irreversíveis”, enfatiza Ricupero.

saiba mais

MPF pede afastamento de Ricardo Salles do cargo de ministro

Justiça suspende transferência da gestão de florestas para o Ministério da Agricultura

 

Além das personalidades já mencionadas, assinam a carta ‘Convergência pelo Brasil’,  Alexandre Tombini, Armínio Fraga, Eduardo Guardia, Fernando Henrique Cardoso, Gustavo Krause, Henrique Meirelles, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega, Marcílio Moreira, Pedro Malan, Persio Arida e Zélia Cardoso de Mello. O documento é fomentado pelo Instituto Clima e Sociedade e Instituto Mundo que Queremos.
Source: Rural

Leave a Reply