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(Foto: Globo Rural )

 

As melhores empresas para se trabalhar no agronegócio têm a preocupação de colocar as pessoas no centro. Mas também têm desafios a vencer, como uma abertura maior para a diversidade, especialmente na participação feminina no comando. A afirmação foi feita pelo diretor da consultoria Great Place to Work (GPTW), Vitor Garcia, durante transmissão ao vivo realizada pela Revista Globo Rural nesta terça-feira (7/7).

“Despertar o pleno potencial das pessoas, fazer com que as pessoas inovem, consigam se desenvolver, dar o melhor delas no dia a dia. Essas empresas estão colocando as pessoas no centro. De fato, têm esse olhar e, não por acaso, têm excelentes resultados financeiros”, disse Garcia.

A transmissão, que também contou com a participação do presidente do Conselho da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, marcou a divulgação do ranking das melhores empresas para se trabalhar no agronegócio. Feito em parceria da Globo Rural com GPTW e Abag, o levantamento classificou dez empresas entre as grandes e outras 20 entre pequenas e médias.

A avaliação contou com a participação de 111 empresas de diversos segmentos, representando cerca de 78 mil funcionários. Entre as grandes, as três melhores foram a Caterpillar, John Deere e São José Agroindustrial. Nas pequenas e médias, o ranking foi liderado por Amêndoas do Brasil, Remasa Reflorestadora e Nutrilite (para ver a lista completa, clique aqui)

“Em um ano desafiador como esse, essas pequenas e médias foram as que mostraram grande resiliência para tocar o agronegócio nacional”, destacou o presidente da Abag, Marcelo Brito. “Quero parabenizar as campeãs. É uma satisfação ver isso. Parabenizar a Globo Rural e a Great Place to Work. É um prazer participar com vocês”, acrescentou.

De acordo com o levantamento da GPTW, um dos fatores que caracterizam as empresas mais bem avaliadas é a baixa rotatividade de funcionários, em 4%. Oportunidades de crescimento e qualidade de vida são indicadores considerados relevantes para a permanência na companhia. Outro fator importante é o investimento em educação. Em 87% das empresas participantes, há o oferecimento de bolsas de estudo.

Entre as respostas com maior índice de positividade, estão o bom tratamento, independente de sexo, etnia ou idade, e o orgulho do trabalho desenvolvido pela companhia. Critérios como estes receberam mais de 90% de avaliação positiva. Mas essas proporções caem para em torno de 70% quando os critérios são remuneração justa e envolvimento de outras pessoas nas decisões por parte dos gestores.

“A dica de ouro é proximidade: o quanto nós, líderes e gestores, estamos próximos das pessoas. A escuta é um desafio importante. Há gestores que ignoram ideias antes de ouvi-las”, comentou Garcia, pontuando as mudanças na gestão e nos regimes de trabalho no cenário atual, com a pandemia. “Feedback é importante. Quanto mais feedback eu tenho, maior é meu índice de confiança”, acrescentou.

Apesar de um movimento crescente de discussão e incentivo à participação feminina no agronegócio, essa presença ainda é baixa, mesmo nas melhores empresas para se trabalhar no setor. De acordo com o GPTW, elas representam, em média, 23% do quadro geral de funcionários e 13% na alta liderança. Nenhuma tem uma mulher como CEO.

“As mulheres são pouco representativas no agronegócio. É um desafio. A gente sabe que o impacto da diversidade no resultado do negócio é muito importante”, disse Garcia, da GPTW.

“Isso é mundial. Hoje, há aproximadamente 5% das empresas do agro mundial com uma mulher como CEO. Não tenho a menor dúvida de que elas estarão chegando, comandando e transformando nosso setor”, comentou Brito, da Abag, destacando ainda o Congresso Brasileiro de Mulheres do Agronegócio, promovido pela entidade.

Manifesto

Durante a transmissão, o presidente do Conselho da Abag, Marcello Brito, falou também sobre o manifesto enviado por empresas de diversos segmentos do agronegócio  pedindo maior atenção com a imagem do Brasil no exterior. O manifesto reuniu 38 empresas, amparado por entidades como a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e a própria Abag.

Brito destacou que, atualmente, o vínculo do agronegócio com o desmatamento ilegal é praticamente nenhum. A prática está mais associada a fatores como grilagem de terras e o que chamou de “interesses imobiliários escusos”. Ainda assim, essas preocupações acabam colando no setor agropecuário. Daí a preocupação das empresas em se manifestar.

“Não é uma carta de contraponto. A gente elenca alguns cuidados, alguns sinais amarelos que estão acessos que a gente deve olhar em parceria com o governo e, mais do que isso, nos oferecendo como ferramenta de apoio, de ajuda e de construção neste momento que o Brasil tanto precisa pavimentar um modelo de economia de baixo carbono”, disse Brito.

Em relação ao cenário econômico em meio à pandemia, Brito avaliou que o agronegócio será o único setor a crescer neste ano. A Abag trabalha com um cenário entre 1,5% e 2%, disse ele. Composto por diversas cadeias, o setor não esteve imune aos efeitos do coronavírus, mas sofreu menos que outros setores da economia.

“A gente só precisa ter cuidado com o ufanismo. Não carregamos o Brasil nas costas, o agro não é locomotiva do Brasil. Representamos 23% do PIB (Produto Interno Bruto) e queremos trabalhar isso com afinco para dar qualidade, geração de impostos, empregos e desenvolvimento para o Brasil”, pontuou o presidente do conselho da Abag.
Source: Rural

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