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(Foto: Divulgação)

 

Um levantamento da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) estima em R$ 36,1 bilhões os prejuízos para a economia do Estado com a seca que prejudicou a agricultura entre dezembro e janeiro. O montante soma 7,5% dos R$ 480,5 bilhões do PIB gaúcho no último ano. 

Segundo o estudo, as perdas são de R$ 10,4 bilhões na atividade agrícola direta no campo (29%) e outros R$ 25,7 bilhões referentes aos demais setores da cadeia agroindustrial que atuam com o transporte e a comercialização de grãos.

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“Um agricultor que produz 100 mil sacas, neste ano colheu 50 mil, mesmo tendo plantado para 100 mil. Ele perdeu metade do seu faturamento. Com isso, o caminhoneiro que leva o produto na cerealista ou trading e fazia mil viagens, vai fazer a metade. A cerealista também terá uma quantidade menor de grãos para armazenar e vai receber menos por isso", explicou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.

Não há um cálculo exato sobre o quanto cada cultura deixou de arrecadar dentro e fora da porteira.No total, o Estado deixou de produzir 8,1 milhões de toneladas de grãos no último ano, recuo de 23%. “O RS veio de 7 anos de boas safras e chuvas normalizadas, mas esse ano veio a estiagem”, avaliou o secretário da Agricultura do Estado, Covatti Filho.

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Impacto por cultura

AA soja foi a cultura mais impactada pela quebra de safra, com perdas estimadas em 7,2 milhões de toneladas, cerca de 39% da produção, segundo o IBGE. No milho, a retração foi de 1,5 milhão de toneladas na quantidade produzida, com volume 27% menor sobre o último ano.

Grãos de inverno, como o sorgo e a cevada, também tiveram reduções de 40% e 16%, com perdas de 4,3 mil e 23 mil toneladas, respectivamente. A boa notícia foi a safra de arroz, que teve um acréscimo de 506 mil toneladas (7%), para 7,6 milhões de toneladas, e ajudou a reduzir os prejuízos em R$ 2,2 bilhões.

Para evitar que o problema com a seca se repita nas próximas temporadas e cause novas quebras no campo, o governo do Estado tem apostado em obras. "Como o prejuízo com os grãos a gente não consegue reverter, estamos focando em tentar criar ferramentas para os municípios e produtores com a perfuração de poços nas comunidades. Já entregamos 1,4 mil açudes e estamos com a expectativa de entregar mais mil e aproveitar o inverno, que vai ser chuvoso, para abastecer os reservatórios d’água", afirmou Covatti Filho.

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Recuperação

 

Para amenizar os impactos financeiros com a quebra de safra, o Banco Central publicou, em abril, uma resolução que autoriza a renegociação de dívida dos produtores que tiveram perdas com a seca. A estimativa da instituição financeira é que o volume de transações chegue a R$ 5 bilhões, com cerca de 200 mil produtores beneficiados.

Na avaliação de Antônio da Luz, economista da Farsul, por conta da crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus, agricultores que cultivam produtos com maior facilidade de escoamento no mercado externo terão maior facilidade para se recuperar.

Tudo o que o Brasil não quiser comprar de soja e milho, a gente vende lá fora. O arroz e a carne bovina nós conseguimos exportar uma parte. No caso do leite, é uma coisa mais complicada. Quanto mais dependentes do mercado interno, maior deverá ser a sensibilidade da produção agropecuária sobre os efeitos negativos na economia

Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul

 

Ele observa, ainda, que a perda de postos de trabalho na cadeia agrícola gaúcha pode ser menor do que o impacto econômico com as estiagens. “Quando a gente observa as secas de 2005 e de 2012, vimos que o desemprego foi desproporcional às perdas econômicas. Mesmo que tenha tido um resultado ruim, o produtor pode manter o pessoal porque não é fácil encontrar mão de obra qualificada”, avalia.
Source: Rural

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