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(Foto: Divulgação/ Teaser Filme Brasil)

 

 

A busca por um hobby ou uma capacitação durante a quarentena do coronavírus pode ser um caminho despretensioso para empreender de casa ou adquirir uma renda extra. De acordo com um levantamento do Google, a procura por especializações à distância teve um salto de 130% nas buscas nos últimos dias. O curso “Mestre dos Destilados”, da Escola da Cachaça, foi um dos que registou o crescimento de 50% na procura durante os últimos meses.

“Quando começou mesmo o processo de quarentena, a gente teve um aumento significativo de vendas de cursos que a gente não imaginava. Dobraram as vendas. Toda essa questão da pandemia acabou atraindo várias pessoas por diversão, que queriam fazer suas próprias bebidas para passar o tempo, aprender alguma coisa nova e talvez até começar um negócio de bebidas destiladas no futuro. As vendas continuam a todo vapor”, afirma o empresário Leandro Dias, que criou o curso em 2017, acompanhando a ascensão do mercado de bebidas artesanais no país.

O paranaense Guilherme Bossoni começou com a destilação de bebidas em casa depois de um convite um amigo – e hoje sócio – que voltou de uma temporada na Alemanha, onde há muitas microdestilarias. “Ele perguntou: vamos comprar um alambique pequenininho e começar a fazer gin? Eu topei”, conta.

Começaram a estudar pela internet para fazer o próprio gin por hobby, mas pegaram gosto de produzir a própria bebida. Bossoni, que era advogado da área trabalhista, deixou a empresa onde trabalhava para abrir a Hálito Puro. Nesse período, ele começou a também a se profissionalizar na produção de destilados e hoje atua nas suas empresas.

Quando compraram o alambique com capacidade de 5 litros, Guilherme disse que havia pouquíssima literatura e informação disponível para a produção de destilados caseiros. Por isso, o curso online foi fundamental para que dessem um start na empresa. “A gente começou a pesquisar blogs naturais sobre matéria-prima, processos, nesse meio tempo, encontramos o curso e fizemos sem pensar. Compramos o curso inteiro que nos deu uma boa base não apenas sobre o gin, mas a diferenciar cachaça, aguardente, vodca, whisky, rum, aprendemos a fazer brendy. Foi um curso muito completo, de conhecimento muito grande. Por mais que você queira fazer só gin, é importantíssimo você saber outros processos de fabricação de bebidas”, disse.

No ano passado, os sócios decidiram lançar o Gin Hambre, dando início ao empreendedorismo no ramo de bebidas. Hoje, a produção é, em média, de oito mil garrafas de 750 ml por mês. Além disso, a Hambre possui 2 medalhas internacionais, bronze no Word Gin Awards e prata no The São Francisco Word Spirits Competition.

Segundo Bossoni, o mercado brasileiro para bebidas destiladas artesanais tem se aprimorado e, com isso, estimulado a produção e a qualidade. “O mercado de bebidas artesanais no Brasil tem crescido muito e de gin principalmente. Hoje temos cerca de 140 gins nacionais e o que se percebe é que, nas últimas décadas, as bebidas nacionais, começando pela cerveja, estão sendo muito valorizadas. Por conta disso, as pessoas começaram a desenvolver melhores produtos e hoje temos produtos de extrema qualidade”, destaca.
 

Cachaça de cacau

Apreciador de boas bebidas, o empresário André Scampini, entrou no ramo de cachaça artesanal depois de um anúncio do curso online de destilados. “Me senti atraído, me matriculei e fiz o curso”, conta ele.

Com família ligada à produção de cacau na região de Linhares (ES), Scampini teve a ideia de explorar a poupa do fruto para criar uma aguardente, produto inédito no mercado. “O fruto é produzido na região com foco na extração da amêndoa para fazer chocolate, mas o restante do fruto nunca foi bem aproveitado. Como eu já estava aprendendo a fazer destilados (cachaça, vodca, gin, whisky), eu desenvolvi receitas todos a base de cacau. Hoje, tem três aguardentes e um gin tipo genebra à base de cacau”, explica ele.

Para quem está interessado em investir num curso com metas em transformar o hobby em negócio, ou mesmo para desenvolver uma bebida própria de maior qualidade, Scampini dá as dicas: “Levar mesmo o curso a sério, estudar, pesquisar, comprar os materiais, o alambique, e botar a mão na massa. E aprender a desenvolver o paladar para esse tipo de bebidas, ir além do curso, se inteirar do movimento nacional em torno da cachaça, participar de congressos e eventos, principalmente se tiver alguma pretensão mesmo profissional em cima disso. Tem chance sim, participando de um curso desse, ir em direção de um negócio novo, como eu estou fazendo”, diz ele.
 

Mestre

O curso Mestre dos Destilados é ministrado pelo Leandro Dias e os outros especialistas João Almeida e Arnaldo Ribeiro, ensina como fazer cachaça, rum, vodca, aguardente e outros destilados em casa, de uma maneira rápida e fácil. A primeira aula do curso é gratuita, para que os interessados conheçam o trabalho antes de adquirir o curso.

A produção de bebidas em casa não permite a venda. Para vender qualquer bebida alcoólica, é preciso ter registro e autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O home distilling é uma prática para consumo próprio, para hobby. E como nós ensinamos conceitos profissionais de destilação e fermentação, a gente aplica os mesmos conceitos de produção industrial para pequena escala. Para quem queira montar uma destilaria no futuro ou tenha essa intenção, ele acaba já aprendendo aqueles conceitos que são aplicados a uma destilaria profissional”, ressalta Dias.

O especialista garante que o processo de destilação caseiro é totalmente seguro, mas é preciso que a pessoa tenha os conhecimentos técnicos necessários para manusear o alambique. “Isso é um ponto muito importante porque é uma objeção que as pessoas têm sobre segurança. O alambique é um sistema aberto, não fechado, não é uma anela de pressão, não tem risco de explosão. Precisa-se de conhecimentos técnicos para operá-lo e para fazer a fermentação. E são esses conhecimentos técnicos que a gente passa no curso, de maneira extremamente segura. Você fazer a destilação em casa é tão seguro quanto cozinhar um arroz numa panela”, comenta.

Mais importante do que isso, Dias salienta a necessidade de se observar os risos à segurança alimentar quando se trata de produção de destilados caseiros. “No começo de 2017, quando vimos esse movimento, vimos que tinha gente fazendo aquelas coisas bem absurdas. E pensamos ‘não é possível que só tenha isso disponível na internet, vamos fazer algo profissional, onde traga a segurança alimentar para quem está apreciado a bebida e a segurança com relação a fogo e tudo mais’”, lembra.
Source: Rural

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