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Arroz está valorizado no mercado nacional (Foto: Irga/Divulgação)

 

A valorização do arroz tornou a cultura remuneradora para o produtor, em meio a um cenário de boa safra nas principais regiões produtoras e de demanda mais alta no varejo, por conta das restrições impostas pelo coronavírus. E, mesmo com a alta no varejo, o produto continua acessível para o consumidor, afirmaram representantes do setor em entrevistas ao vivo no perfil da Globo Rural no Instagram, na segunda-feira (4/5).

De acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o arroz acumulou durante o mês de abril uma valorização de 10,21%. A referência, com base no mercado do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, terminou o mês passado com a saca de 50 quilos valendo R$ 57,22 (em 30/4). Na segunda-feira, a tendência foi mantida, com, a saca valendo R$ 57,74.

“A produção está bem ajustada e, no ano que vem, podemos conquistar mercados. Com o aumento de preço, temos a possibilidade de aumento na atividades como um todo”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Elton Doeler. “É ruim o aumento de preço do ponto de vista do consumidor, mas é necessário que se mantenha para que, no futuro, tenhamos abastecimento garantido”, acrescentou.

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Doeler destacou que, assim como ocorreu com outros produtos básicos, as restrições impostas pela pandemia fizeram o consumo migrar dos bares e restaurantes para a dentro de casa. Mas, no caso do arroz, esse movimento acabou favorecendo a demanda, que foi maior mesmo com a cadeia produtiva não podendo contar com o food service.

“Enquanto houver restrição de circulação, o consumo estará aumentado por causa do uso doméstico. A gente vê o varejo demandando muito mais produto e, sem dúvida, isso favoreceu bastante a cadeia”, afirmou.

O presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Guinter Frantz, tem percepção semelhante. Segundo ele, as medidas de isolamento e distanciamento social levaram a um movimento maior de compra no varejo, com o consumidor buscando estocar produto. E as redes varejistas, por sua vez, também aumentaram seus pedidos, com o objetivo de garantir o abastecimento nas gôndolas e prateleiras.

“Isso provocou uma pressão de alta que, nós, produtores, esperamos há anos. O produtor vem carregando um passivo e custos acima do preço de mercado”, disse ele. “Queremos crer que muitos produtores vão conseguir colocar algumas coisas em dia”, acrescentou.

Bons preços

Na visão dele, os preços atuais do arroz praticados no mercado estão bons para o produtor. E, mesmo em um cenário de alta para o consumidor, o cereal ainda pode ser um produto considerado barato e acessível. Desta forma, a valorização das cotações ao produtor, que ele considera justas, não está trazendo impacto no consumo.

“O arroz continua sendo um produto extremamente barato. Um produto extremamente nutritivo, um amido de altíssimo valor. Esse aumento justo para os produtores não está tendo impacto para quem consome na ponta”, afirmou.

O presidente do Irga destacou ainda que esse cenário de cotações melhores para o rizicultor acabou coincidindo com um momento de boa safra. Segundo ele, a produtividade média da lavoura do Rio Grande do Sul na safra 2019/2020 indica um novo recorde, acima de 8 toneladas por hectare, em que pese o fato do produtor vir reduzindo área plantada nos últimos anos. Com o bom rendimento, Frantz não acredita em problemas de oferta de arroz brasileiro, seja no mercado interno, seja para o exterior.

“No abastecimento, estamos bastante tranquilos. Temos espaço para continuar exportando. Assim como exportamos carnes, soja, temos que começar a ser um país que exporta arroz. E também importamos arroz”, lembrou o presidente do Irga, destacando que o Brasil compra o cereal dos vizinhos do Mercosul.
Source: Rural

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