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Pró-Semiárido tem transformado para melhor a situação de produtores rurais na Bahia (Foto: Divulgação)

 

Um projeto que tem feito a diferença na vida de milhares de pessoas que vivem no semiárido baiano, ajudando a produzir e até exportar o que há de mais adaptado ao bioma e às condições climáticas adversas, foi considerado o melhor do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Semiárida da Bahia (Pró-Semiárido) ficou em primeiro lugar no ranking de 231 ações financiadas pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) em 98 países.

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Executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a iniciativa baiana visa reduzir a pobreza rural de forma duradoura, por meio da produção sustentável, geração de emprego e renda em atividades agropecuárias e não agropecuárias e do desenvolvimento do capital humano e social.

Foco da iniciativa são regiões em municípios com menor Índice de Desenvolviment Humano (IDH) (Foto: Divulgação)

 

 

Investimento de R$ 204 milhões

Na Bahia, cerca de 60 mil famílias do semiárido de 32 municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estão sendo assistidas pelo projeto.

Até o início deste ano, mais de R$ 204 milhões foram investidos em ações de apoio aos principais sistemas produtivos, como a fruticultura de espécies nativas como o umbu e o maracujá-do-mato, apicultura, caprino-ovinocultura e bovinocultura de leite.

Impacto social

Segundo Wilson Dias, diretor-presidente da CAR, o grande diferencial do projeto é estimular a convivência com o Semiárido, e não impor culturas ou atividades que historicamente tentaram-se implantar nesse ecossistema.

“Estamos falando de (criar) abelhas, que com meio litro de água você resolve o problema de uma colmeia. Ou cultivar espécies vegetais nativas como o umbu, que consegue armazenar água em suas raízes por longos períodos de estiagem”, ressalta Dias.

O projeto foi assinado em 2014 num convênio com o FIDA no valor de US$ 98 milhões, iniciando as atividades em 2015 com duração até 2021. Segundo Dias, os investimentos já estão definidos e as ações nos próximos anos são no intuito de consolidar o andamento das atividades.

Nosso objetivo agora é consolidar a assistência técnica e dar esse gancho de mercado aos produtos, fazendo alianças produtivas para que a agricultura familiar chegue ao mercado

Wilson Dias, diretor-presidente da Companhia de desenvolvimento e Ação Regional (CAR)

 

 

 

Coco vira cosmético

 

 

 

Licuri é vendido como matéria-prima para produção de cosméticos (Foto: Divulgação)

 

As quebradeiras de licuri do município de Capim Grosso, no sertão baiano, são um dos exemplos de ações contempladas pelo projeto que retratam bem a sua eficácia. Licuri, um coco típico da região, é historicamente coletado por mulheres conhecidas como “quebradeiras de licuri”.

Assim como as suas antepassadas, elas coletavam o fruto e quebravam a casca para vender o fruto in natura na feira. Hoje, por meio da Coopes (Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina), formada através do projeto, estão beneficiando o fruto para a produção do óleo.

O produto é vendido como matéria-prima para a L’Occitane au Brésil, marca de cosméticos francesa que criou uma linha de produtos especialmente do fruto, comercializado no Brasil.

Acerola rica em vitamina C

 

Cerca de 200 famílias foram treinadas para beneficiar a pasta de acerola para uma multinacional (Foto: Divulgação)

 

No município de Sobradinho, oeste baiano, foi criada uma agroindústria para o beneficiamento da acerola verde, uma espécie nativa que tem cinco vezes mais vitamina C que a variedade vermelha.

Cerca de 200 famílias foram capacitadas para produzir o fruto na agricultura orgânica e para beneficiarem a pasta de acerola verde, que é comercializada para uma multinacional da indústria farmacêutica. A pasta é utilizada a matéria-prima em diversos medicamentos. A renda média de cada família que era de até R$ 500, hoje chega a R$ 6 mil.

Acesso à água

 

Em Ponto Novo, uso de sistema ampliou capacidade do reservatório de água da barragem em 24% (Foto: Divulgação)

 

Dentre outros fatores positivos que garantiram o primeiro lugar no ranking do FIDA, estão as parcerias no tema de recatingamento com o Instituto Regional de Pequena Agropecuária (IRPAA), a valorização de produtos locais e a reorganização fundiária de comunidades de fundos e fechos de pasto. Além disso, o projeto se destacou na questão do acesso à água.

No município de Ponto Novo, por exemplo, a implantação do sistema fusegate – que possibilita o controle dos vertedouros de uma barragem sem necessidade de intervenção humana ou elétrica – garantiu a ampliação da capacidade do reservatório de água da barragem em cerca de 24%.

Seleção com base no IDH

 

Beneficiados também recebem assistência do projeto para regularização fundiária e ambiental (Foto: Divulgação)

 

De acordo com Wilson Dias, o plano de investimento é feito segundo a organização de grupos de interesses, como a de licuri, de mel, agroflorestais. “Nesses vários grupos, discutimos as ações com eles. Temos 10 assistências técnicas que vão a essas comunidades, definem o plano de investimento e realizam um convênio com a associação local, treinando as lideranças para gerar recursos que vão para as tecnologias”, explica.

Para participar do projeto, foram selecionados os municípios com os menores índices de desenvolvimento humano (IDH) aliado ao chamado “índice de semiaridez”, em função do volume de chuvas, solo e relevo. Os beneficiados recebem assistência do projeto para a regularização fundiária e ambiental para terem direito ao acesso ao crédito do Pronaf.
Source: Rural

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