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Alexandre Dzierwa é a terceira geração de produtores de batata e investiu na parceria com a AgroScout para mapear doenças na cultura (Foto: Jonathan Campos/Ed Globo)

 

 

 

 

 

Para enfrentar a dificuldade em entender o comportamento de fungos, pragas e doenças no cultivo de batata, o agricultor Alexandre Dzierwa, do Paraná, resolveu apostar em uma tecnologia israelense que mapeia e orienta ações de manejo a partir de fotos feitas por drone.

O agrônomo planta 400 hectares na região de Porto Amazonas, dos quais 75% são arrendados. O Grupo Dzierwa, da família dele, é referência no plantio de batatas do Estado, investindo em cinco cultivares diferentes: a Atlantic, que tem domínio público, e outras quatro patenteadas pela PepsiCo, as chamadas fritolays.

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Foi por intermédio da multinacional do ramo alimentício que Dzierwa teve contato com a empresa israelense AgroScout, que utiliza um software de inteligência artificial para registrar por foto a incidência de pragas e doenças. "Tudo que for maior que dois milímetros, o pessoal de Israel disse que consegue parametrizar e encontrar", explica o agrônomo.

De acordo com a Associação Brasileira de Batata (ABBA), enquanto a pesquisa nacional na cultura tem deixado a desejar, o investimento em tecnologia cresceu significativamente. “As novas tecnologias estão presentes principalmente em produtos importados, com destaque para a mecanização”, afirma Natalino Shimoyama, diretor executivo da ABBA.

Produção de batatas chips no Paraná

 

 

Segunda a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a batata é a hortaliça mais importante do Brasilcom produção anual de aproximadamente 3,5 milhões de toneladas em uma área de cerca de 130 mil hectares.

Devido à necessidade de pesquisas na bataticultura, Dzierwa firmou a parceria com fins experimentais, uma vez que a AgroScout está coletando imagens para um banco de dados que ainda será analisado para, então, gerar algoritmos que identifiquem pragas e doenças.

Se todo mundo quiser resultados prontos, ninguém nunca terá. Alguém precisa começar esse trabalho, então nós assumimos isso. Ainda não tenho retorno, estamos experimentando

Alexandre Dzierwa, produtor de batata em Porto Amazonas (PR)

 

Aprovação do consumidor

Quando o agrônomo fala "nós", ele se refere ao pai Emílio e ao avô Isidoro, todos carregando o mesmo sobrenome e a paixão pelas batatas. A vocação da família fez a terceira geração se atentar mais à sustentabilidade do negócio, levando em consideração o interesse do consumidor em conhecer os processos produtivos.

Este comportamento do cliente final tem influência direta nas cultivares de batatas que serão colocadas em campo, visando melhores resultados no mercado de chips.

Para termos a validação do consumidor, é preciso colocar no mercado o equivalente a quatro carretas de 30 toneladas cada. Quando todo esse volume for aprovado, sabemos que a variedade de batata está apta para o plantio oficial

Marcelo Zanetti, diretor de Agronegócios da PepsiCo

Zanetti explica que levam cerca de sete anos para que uma nova cultivar seja aprovada, desde a semente no laboratório sede dos Estados Unidos até o aval do cliente final. “Às vezes, temos variedades propícias para o solo da região, que se adaptam à temperatura e boa produtividade, mas se o cliente não aprova a aparência, por exemplo, não damos continuidade àquela semente”, diz.

O mercado de batata chips é considerado uma opção de lanche rápido fora do lar (Foto: Jonathan Campos/Ed Globo)

 

Bons preços ao produtor

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-USP) estima que a área total de batata no país em 2019 foi de cerca de 100,1 mil hectares, volume similar à safra de 2018. “A diferença é que, em 2018, a produtividade foi muito elevada, o que gerou uma oferta muito maior e preços muito baixos”, explica Margarete Boteon, coordenadora do Projeto Hortifruti Brasil, do Cepea, e professora da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP).

Da área total, a batata de mesa, comprada in natura em feiras e supermercados, corresponde a 65 mil hectares. Em segundo lugar, está a área para indústria, de 23,4 mil hectares, cuja metade é voltada ao segmento de chips, e 11,7 mil hectares restantes à produção de sementes.

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Conforme explica Boteon, “a melhoria dos indicadores econômicos e os bons preços ao produtor em 2019 (após dois anos de crise de rentabilidade) devem impulsionar a oferta tanto do mercado de mesa como o setor industrial, principalmente a produção de pré-fritas, que segue em expansão em 2020”.

O mercado de chips, especificamente, tem padrão de consumo elevado no país e se mantém por ser considerado uma opção de lanche rápido fora do lar. “No entanto, o fato de outros produtos substitutos da batata chips estarem disponíveis nos mercados e os desafios relacionados à saudabilidade tendem a limitar o crescimento deste segmento”, aponta.

*A jornalista viajou a convite da PepsiCo
Source: Rural

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