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Raquel Casselli, gerente do The Good Food Institute (Foto: Leco Viana/GFI)

 

No mundo todo, o Brasil é considerado uma potência no agronegócio. Não só pelo volume das exportações – o país ocupa o terceiro lugar no ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC) –, como também pela força de instituições de ponta que apoiam o desenvolvimento do setor, como a Embrapa.

Em 2019, o agro mostrou ainda mais a sua força ao lançar, em um único ano, uma série de produtos para atender um novo mercado, o chamado plant-based. São produtos feitos a partir de ingredientes vegetais para substituir produtos de origem animal. Gigantes do setor como Mantiqueira, Marfrig, JBS, Fazenda Futuro, Danone, Nestlé e Unilever decidiram investir neste novo perfil de consumidor. Entre os lançamentos estão um ovo vegetal, hambúrgueres, nuggets, leites e derivados vegetais, além de uma maionese vegana.

O interesse dessas empresas é embasado por uma crescente demanda que fica evidente ao analisar alguns dados de mercado. Segundo a pesquisa Global Views On Food, divulgada pela IPSOS, 47% dos brasileiros disseram que comeriam alimentos plant-based em substituição à carne. Mas afinal, qual é a grande motivação dos brasileiros ao fazer essa escolha? Segundo pesquisa realizada pelo The Good Food Institute (GFI) em parceria com Snapcart, para 59% dos respondentes o que motiva essa escolha é a preocupação com a saúde e 11% dizem que as restrições alimentares os influenciam nessa decisão.

Há ainda o crescimento constante da população mundial, que também é um fator importante no incentivo à indústria. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), entre 2017 e 2020, a estimativa é que a produção brasileira de carne bovina deve crescer em 13% e as exportações devem subir 40%. O cenário para a carne suína é de aumento de 12% na produção e 34% nas exportações e, para a avicultura, alta de 3% no volume produzido e 5% nas vendas externas.

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Quando olhamos, por exemplo, para o gap que o USDA projeta entre o quanto a produção brasileira irá crescer versus o incremento nas exportações vemos uma grande oportunidade do produtor brasileiro e da indústria em atender essa demanda com alimentos plant-based. O apetite do consumidor brasileiro por esses produtos é alto.

Vale ainda ressaltar o potencial do mercado brasileiro, líder na produção mundial de grãos, em criar proteínas e ingredientes voltados para esse mercado, inclusive com maior valor agregado. A maioria dos lançamentos de carnes vegetais utiliza soja e ervilha na sua composição, como fonte proteica. Isso mostra que o produtor de grãos pode ter maior rentabilidade tanto por causa da demanda pela commodity, quanto pela oportunidade de agregar valor no processamento e venda de um produto minimamente manufaturado, com melhores margens. Também podemos estudar a diversificação da matéria-prima olhando para nossas potências, como o feijão. O Brasil está se posicionando para manter sua liderança no agronegócio. Todos os atores da sociedade já estão trazendo para o presente a comida do futuro e colhendo bons resultados com isso.

*Raquel Casselli é gerente do The Good Food Institute, especialista em gestão de Sustentabilidade.
Source: Rural

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