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China e Estados Unidos incluram o milho entre os produtos agrícolas que fazem parte do acordo comercial (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

Os mercados de milho, trigo e arroz estão entre as incógnitas do acordo comercial entre Estados Unidos e China, cuja primeira fase foi assinada na quarta-feira (15/1), em cerimônia na Casa Branca, em Washington (EUA). A avaliação foi feita pelo especialista em comércio internacional e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, em entrevista à Globo Rural.

A Fase 1 prevê compras adicionais de produtos agrícolas de pelo menos US$ 12,9 bilhões em 2020 e ao menos US$ 19,5 bilhões em 2021, tomando por base as exportações de 2017, de US$ 24 bilhões. Com isso, os negócios devem chegar a pelo menos US$ 36,5 bilhões em 2020 e US$ 43,5 bilhões em 2021, em itens como soja, milho, algodão, arroz, carnes, entre outros segmentos.

Jank destaca que os chineses têm um mercado de cereais de difícil acesso. Em meio a uma política governamental de garantir níveis de autossuficiência, o país protege a sua produção de grãos como milho, trigo e arroz.

“Eles nunca sinalizaram que poderiam abrir esses mercados. Esses níveis de autossuficiência, a China sempre preservou. Abriram a soja porque não tinha jeito, mas sempre preservaram os cereais. No milho, não importam nada perto do que importam de soja. Existe um grande espaço para aumentar a exportação de milho e os americanos estão olhando para isso, e, pelo que vi, estão olhando para arroz e trigo”, analisa.

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No relatório de oferta e demanda mundial referente a janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a safra chinesa de arroz 2019/2020 em 146,73 milhões de toneladas e estoques iniciais de 114,42 milhões de toneladas. O consumo interno no país no período é estimado em 143 milhões de toneladas e os estoques finais de 117,25 milhões de toneladas.

No caso do milho, as estimativas do USDA são de estoques iniciais de 210,32 milhões de toneladas na China e uma produção de 260,77 milhões no ciclo 2019/2020. O consumo interno no país é estimado pelos técnicos do governo americano em 279 milhões de toneladas e os estoques finais em 199,07 milhões.

Algodão

Já em relação ao mercado de algodão, Jank acredita em um processo de redistribuição do comércio. Ele lembra que, nas exportações da pluma com a China, os Estados Unidos foram superados pelo Brasil. também houve um movimento dos próprios chineses de desregulamentar o setor e colocar no mercado seus estoques.

“O algodão me chama menos a atenção. Tem outros países que comprarão o algodão do Brasil. Apesar da China ser um mercado importante, estamos crescendo também em Bangladesh, Indonésia e outros lugares. Acredito que haverá uma redistribuição”, diz ele.
Source: Rural

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