Skip to main content

Pecuária da tela do celular – Manejo do gado na Fazenda Arte Real (Foto: Divulgação)

 

Uma pesquisa sobre a pegada de carbono da carne bovina brasileira exportada para a União Europeia foi desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVCes). O estudo busca medir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes das atividades desenvolvidas ao longo do ciclo da produção bovina.

Entre julho de 2017 e outubro de 2019, Beatriz Kiss, coordenadora geral da pesquisa, notou que cerca de metade das emissões do gado acontecem durante a fase reprodutiva. Ao avaliar esse dado, ela indica como possível solução reduzir o intervalo entre partos das matrizes. “Se a gente reduzir o intervalo para seis meses, por exemplo, conseguimos diminuir em mais ou menos 14% a pegada de carbono”, explica Beatriz.

Se a gente reduzir o intervalo para seis meses, por exemplo, conseguimos diminuir em mais ou menos 14% a pegada de carbono

Beatriz Kiss,  coordenadora geral da pesquisa da FGVCes 

“Hoje, a média no Brasil, é de 18 meses o intervalo entre partos e as fazendas mais eficientes conseguem chegar a 12 meses. Por isso, falamos em reduzir em seis meses este intervalo a fim de diminuir as emissões”, explica Ricardo Dinato, coordenador técnico do estudo, ao ressaltar que não se considerou o bem-estar das fêmeas como fator de avaliação.

Com apoio da Embrapa e dos frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva, o trabalho se atentou a outras fases da produção, como insumos, ração, transportes, cria, recria, engorda, frigoríficos e exportação. Segundo Beatriz Kiss, há uma relação entre a idade do abate e o registro das emissões de GEE. “Quanto mais cedo for o abate do animal, maior a contribuição para reduzir as emissões. Isso é verdade, mas desde que esse abate precoce seja associado ao ganho de peso do animal.”

Planta do frigorífico Marfrig(Foto: Marfrig/Divulgação)

 

Ela também explica que a logística de transportes representa apenas uma pequena parcela da pegada de carbono. “Ao contrário do que muitos pensam, os transportes representam somente 3% dessa pegada de carbono, considerando todos os modais: rodoviário, ferroviário e marítimo. Os processos na fazenda em si representam entre 85% e 90% da pegada”, diz Beatriz.

A coordenadora do FGVCes explica que a pegada de carbono registrada no estudo é de 27 a 99 quilos de carbono por quilo de carne desossada. Segundo ela, é um índice alto e que se explica devido ao aumento da Mudança de Uso da Terra, definição que avalia a incidência de desmatamentos.

“Essa variação é bastante grande e o que influencia nessa diferença é, principalmente, a questão de desmatamento. Os estados em que foi registrada uma expansão na área de pastagem nos últimos 20 anos, em cima da área de vegetação nativa, é onde a gente vê essas emissões relacionadas ao uso da terra”, explica Beatriz, ao mencionar o Mato Grosso como o estado em que os índices de mudança de uso da terra estão mais evidentes.

saiba mais

Imaflora: Brasil precisa comprovar eficiência na agricultura de baixo carbono

Rússia libera exportação de carne bovina de unidade da Minerva em Araguaia (TO)

Brasil e Alemanha firmam acordo para apoiar agropecuária sustentável

 

A realização do estudo considerou 23 fazendas localizadas também em Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. O coordenador técnico do estudo explica que se a propriedade estiver em uma área desmatada, existe o potencial de a pegada de carbono ser oito vezes maior. Como solução, ele aponta a recuperação de pastagens. “Com isso, há o sequestro do carbono e uma redução do efeito estufa, sendo possível até alcançar níveis negativos de pegada de carbono”, explica.

Beatriz Kiss lembra que a União Europeia é um destino exigente e que 41% da carne que importa é advinda do Brasil. “Os países europeus costumam ditar tendências de exigências para outros mercados e blocos, principalmente quanto à sustentabilidade do produto”, ela diz ao reforçar que os mercados internacionais sinalizam que estes aspectos socioambientais são fatores críticos para a competitividade de produtos.

saiba mais

UE gastará €200 milhões para promoção de produto agrícola em 2020

Confinamento bovino cresce 5% em 2019, para 3,57 milhões de animais, diz Assocon

 
Source: Rural

Leave a Reply