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Integração lavoura-pecuaria-floresta (ILPF) (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Começou nesta segunda-feira (02/12), a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP25), em Madrid, na Espanha, onde o Brasil enfrentará o desafio de mostrar ao mundo sua aptidão na agricultura de baixo carbono, no momento em que enfrenta críticas internacionais em relação ao aumento dos índices de queimadas e desmatamento no país.

Ciniro Costa Junior, engenheiro da equipe de clima e cadeias agropecuárias do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) afirma que “é evidente que tudo isso que está acontecendo atrapalha. É um sinal negativo, você vem para uma negociação ambiental e a imagem que o País vem passando não é condizente”.

Para ele, o Brasil deveria assumir na COP25 o compromisso de aumentar a ambição de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), algo diretamente relacionado à recuperação de áreas de pastagem degradadas.

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No Acordo de Paris, os países se comprometeram com a meta de limitar o aquecimento do planeta em 2ºC até o final do século. Para isso, Ciniro aponta que o Brasil poderia explorar mais o sistema de integração lavoura-pecuária, o plantio direto e o manejo de pastagens, como práticas que já são sucedidas no País e tem potencial de crescimento.

"O Brasil tem muitos bons produtores, mas isso não é a escala. Nós precisamos de escala. Massificar as boas práticas de produção”, ele enfatiza.

Além das práticas em si, outro fator determinante para o Brasil é monitorar o que já vem sendo feito. O engenheiro da Imaflora lembra do Comitê Diretor da Plataforma de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), criado em 2017 para acompanhamento das ações do Plano ABC, mas que foi extinto no início do atual governo.

“Esse grupo foi fechado pelo novo governo e impediu que se avançasse no monitoramento dessas práticas. Isso infelizmente deu um breque muito forte na oportunidade que o Brasil tinha de comprovar com maior transparência a quantidade de gases de efeito estufa que a agropecuária é capaz de emitir e resgatar. E isso tá bloqueando que o setor acesse outros tipos de investimento dentro das finanças verdes”, ele explica.

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Ao falar sobre finanças verdes, Ciniro se refere à oportunidade de trazer investimento estrangeiro para obter lucro com a emissão e sequestro dos GEE. Ele fala que o Brasil poderia “recuperar mais de 20 milhões de hectares de pastagens degradadas, que são pastagens que não produzem praticamente nada e que poderiam produzir toda a demanda de carnes, grãos, fibras e combustíveis que o Brasil precisa, pelo menos na próxima década”.

As finanças verdes, ainda segundo o pesquisador do Imaflora, não se resumem apenas ao retorno financeiro, mas também representam retorno ambiental. Para isso, o fim do desmatamento e a recuperação de pastagens são fundamentais. “Para que o Brasil atraia esse tipo de investimento, é preciso ter um sistema de redução de emissão que seja monitorado. É fundamental que se instale novamente o comitê, se não o Brasil não vai conseguir comprovar suas práticas de baixo carbono”, ele reitera.

“O Brasil só não consegue doações se não quiser, as pessoas estão querendo investir e ajudar, mas ambas as partes tem que cumprir o contrato. Não existe finança verde vinculada ao desmatamento e não existe finança verde vinculada à área degradada”, ele diz.
Source: Rural

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