Skip to main content

As hortas verticais serão construídas no mesmo terreno do Alambique Canabella, em novembro deste ano, no interior de São Paulo (Foto: Divulgação/Alambique Canabella)

 

Conhecido pela produção de cachaça, o Alambique Canabella está investindo na agricultura orgânica. Em conjunto com a Inova – Rede Brasileira de Inovação Industrial, criou a startup Bee-organic, baseada em um sistema de produção com hortas verticais e uma plataforma digital para comercialização, que começam a ser implantados em novembro.

As hortas verticais ficarão entre os municípios de Salesópolis e Paraibuna, no interior paulista. Robson Oliveira, executivo da Inova, afirma que a região é propícia para o desenvolvimento do negócio, já que há uma cooperativa e organizações não-governamentais envolvidas na produção e certificação de orgânicos e que serão parceiras da iniciativa.

A ideia surgiu há 6 meses, a partir de pesquisas que apontam tendência de crescimento no mercado de orgânicos. Segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), o setor faturou R$ 4 bilhões no ano passado – valor 20% superior ao registrado em 2017. E o número de unidades de produção no país cresceu 308%, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

No entanto, os responsáveis pelo empreendimento consideram que ainda há dificuldades para promoção, distribuição e exportação desse tipo de produto no Brasil. “Estamos criando um entreposto para os produtos orgânicos. E faremos um processo de distribuição local via loja online e física, mas também voltado para a distribuição direta, B2B, entre produtor e revendedor, em nível Brasil e para exportação", conta Robson Oliveira, executivo da Inova.

O projeto também acompanha uma tendência de evolução nos investimentos em tecnologia digital na agricultura. Ele cita como exemplo a empresa indiana NinjaCart, que entrega diariamente vegetais do produtor para varejistas e restaurantes. Em maio deste ano, conseguiu aporte de US$ 100 milhões do fundo Tiger Global Management.

Menciona também o caso da Plenty, empresa de agricultura vertical de San Francisco, no estado americano da Califórnia. Em julho de 2017, a empresa conseguiu US$ 200 milhões de investidores como Jeff Bezos, da Amazon, Eric Schmidt, do Alphabet, e da empresa japonesa SoftBank.

saiba mais

STF cassa decisão que excluiu indenização de florestas em despropriação

Mais brasileiros passam a consumir alimentos orgânicos, diz pesquisa

 

 

 

Para desenvolver o projeto, o executivo visitou hortas verticais em países como Holanda e Japão. A intenção era chegar a um modelo com custo de implantação e operação entre seis e oito vezes menor. “Uma fazenda vertical na Holanda, Alemanha e nos Estados Unidos custa em média na faixa de 1.850 dólares por metro quadrado, e seu custo de produção está por volta de 6 dólares por quilo de vegetais cultivado, devido a necessidade de uma infraestrutura e custos de operação muito mais altos do que no Brasil", diz ele.

Segundo dados da Bee-organic, o custo brasileiro para esse modelo será de na faixa de 340 dólares por metro quadrado e um custo de produção entre 1,1 e 1,6 dólares por quilo cultivado, dependendo do tipo de produto. Nas contas dos empresários, o investimento no projeto da empresa gira em torno de R$ 10 milhões.

A redução dos valores de investimento e custo de operação em relação a outros projetos vem de um modelo de automação da energia e iluminação do espaço que utilizará luminárias LED, diz o executivo. Como o uso da energia será intensivo, com cerca de 15 horas ligada diariamente, segundo a Inova, os desenvolvedores estão trabalhando de forma que esse custo seja até 60% mais baixo.

Na horta vertical, a intenção é produzir vários tipos de vegetais, unindo-os ao que já é feito pelo alambique, como cana, banana e mel orgânicos. Serão feitos também experimentos com morangos, tomates, flores para reprodução de abelhas, agentes fundamentais para a produção de orgânicos e de produtos da agricultura familiar.

“E conseguiremos produzir vegetais com 90% menos uso de água, zero agrotóxico e cinco vezes mais rápido em área dez vezes menor em comparação ao plantio tradicional”, afirma Oliveira.

saiba mais

Vaticano inicia sínodo para discutir ação da Igreja Católica na Amazônia

Secretário-geral da ONU pede ações de combate a mudanças climáticas

 

 

 

Para ele, as fazendas verticais são uma revolução. “Conseguimos produzir alimento em qualquer tipo de clima, no Polo Norte ou no Deserto do Saara, de forma que esta tecnologia cria condições de que os países em desenvolvimento possam competir com grande vantagem em relação aos países desenvolvidos na produção de alimentos tanto  in natura como nos de valor agregado", afirma.

“Percebemos que, atualmente, a questão alimentar é uma questão fundamental de desenvolvimento, desigualdade e economia”, pontua Oliveira, o qual acredita que a agricultura moderna precisa ser lucrativa, geradora de emprego e sustentável.

Modelo de negócio

A intenção dos empresários é vender produtos procesados a partir das frutas e hortaliças cultivadas na horta vertical. O produto in natura será direcionado a uma beneficiadora e, depois de processado, será promovido e vendido na loja física e virtual da Bee-organic. Na visão da empresa, é uma forma de promover a mão-de-obra local, gerando uma renda adicional para quem, até agora, está, segundo eles, à merce da comercialização de produtos in natura.

“Queremos diminuir essa dependência fazendo o seguinte: pagamos pelo trabalho dele e cuidaremos da distribuição. Com isso geramos emprego e mão de obra intensiva para aquele produtor, que continua sendo produtor, de forma que ele terá sempre uma renda mensal constante para continuar a realizar e ampliar seu trabalho”, diz Robson Oliveira, da Inova.

“Este projeto pretende ampliar as vendas da Canabella em 500% nos próximos 2 anos, mas também contribuir para a ampliação da venda, exportação e visibilidade de outros produtos orgânicos brasileiros”, revela o diretor presidente do Alambique Canabella, Willy Zirr. A Canabella também pretende acessar o mercado internacional, agregando valor a vários produtos orgânicos, especialmente no B2B.

saiba mais

Ana Primavesi tem produção reunida em site

Conheça a abelha responsável pela polinização da Caatinga, do Pantanal e da Mata Atlântica

 

 

 
Source: Rural

Leave a Reply