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Angus Premium, do cardápio da Monster Dog (Foto: Divulgação/Monster Dog)

 

Quando resolveu colocar um sanduíche mais “premium” na sua rede de fast food popular, José Ricardo da Silva queria fazer um teste, por três meses. Mas já faz quase dois anos que o Angus Premium está no cardápio da Monster Dog, franquia de lanchonetes em terminais de transporte coletivo, a maioria na região metropolitana de São Paulo, por onde circulam milhões de pessoas diariamente.

“Comecei a pesquisar a carne certificada buscando o cliente que gosta de um produto de tíquete médio maior. Desenvolvi o sanduíche e o franqueado gostou da ideia”, garante. A receita é a mesma em todas as lojas onde o sanduíche pode ser encontrado. Hambúrguer de carne angus, bacon, queijo, tomate, alface e um molho de ervas finas no pão tipo brioche.

A rede Monster Dog foi iniciada em 2007, na capital paulista, com a ideia de ser um fast food com preço acessível. No site oficial, a empresa se define como a “democracia do fast food”, propondo “unificar a comida rápida de rua com qualidade e garantia de origem”.

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José Ricardo, o proprietário, é do Ceará. Filho de agricultores, conta que está em São Paulo há 22 anos. E que, na metrópole, tentou ser fornecedor de salgados para bares e foi camelô, vendendo frutas em frente a uma estação de metrô. Quando conseguiu entrar na estação, abriu uma cafeteria.

Enquanto já tocava a vida de empreendedor, diz ele, cursou administração de empresas e, dessa formação, começou a ter a ideia de uma identidade, de uma marca para o negócio. Nasceu a Monster Dog. Começou com o cachorro-quente e foi diversificando para atender à demanda de pessoas que gostam de produtos diferentes a qualquer hora do dia.

“Queria levar para dentro das estações o conceito de comida de rua, mas com um ambiente bacana, em que a pessoa sentisse mais confiança”, diz. “Pertencer à classe C e D não significa que a pessoa quer comer algo de baixa qualidade. É o mesmo pensamento que eu tinha como consumidor. Eu não vendo nada que não comeria”, garante.

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A Monster Dog tem 43 lojas, sete próprias e 36 franquias na região metropolitana de São Paulo e em Campinas, interior paulista. Além de um food truck para levar a marca para eventos. A estrutura da empresa inclui também uma distribuidora própria, onde são avaliados produtos e são centralizadas as remessas de ingredientes para garantir o padrão nos pontos de venda. O investimento inicial na franquia gira em torno de R$ 150 mil.

Como sugerido pelo nome, o principal item do cardápio é o cachorro-quente, mas os hambúrgueres já respondem por 20% a 25% das vendas. Dos mais tradicionais, saem, em média, 100 mil unidades por mês. No Angus Premium, a média é de 5,2 mil.

O sanduíche angus começou a ser vendido em estações de metrô, onde o tíquete médio, geralmente, é maior e José Ricardo diz ter detectado procura por itens de valor superior. Mas pode ser encontrado em outros terminais de transporte público. Hoje, está em 29 unidades. Até o final de outubro, deve estar em toda a rede.

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Em média, o produto premium custa de 10% a 20% a mais que os hambúrgueres tradicionais. Por isso, a demanda varia de acordo com o local e com o período. “A procura é maior em dias de pagamento de salário ou quando o cliente recebe o vale refeição”, explica o empresário, que já planeja aumentar os itens premium no cardápio.

Mercado crescente

Fornecedora da carne nobre para a Monster Dog, a VPJ Alimentos, do pecuarista Valdomiro Poliselli Junior, tem no hambúrguer metade da sua produção e 40% do faturamento. E uma visão de mercado otimista para este segmento da indústria de proteína animal.

Poliselli explica que empresa se especializou no produto classificado como premium. O de angus é líder de vendas, dividido em duas categorias. Uma, com unidades entre 56 e 120 gramas, atende clientes de perfil mais popular. Outra, com unidades entre 180 a 400 gramas, atende quem tem perfil gourmet. É o mesmo padrão. “Pura carne certificada”, garante ele. Só variam peso e preço.

“O segmento mais popular está crescendo. A percepção do público está relacionada ao sabor da carne e é irreversível. As pessoas estão aprendendo a comer e, quando tem acesso a um produto melhor por preço acessível, o mercado reconhece e paga”, diz ele.

Interior da loja Monster Dog (Foto: Divulgação/Monster Dog)

Esse aprendizado do consumidor deve ajudar a VPJ Alimentos a manter os níveis de crescimento, que têm sido entre 36% e 37% ao ano, segundo Poliselli. A meta é triplicar os abates e o faturamento até 2020. A empresa está em expansão. Estão em construção um centro de distribuição e uma unidade de produção de hambúrguer, que devem entrar em operação no ano que vem.

O empresário acredita que é nesse tipo de processado que está o maior mercado para proteína animal atualmente. Padronizado e com maior praticidade de manuseio, quando comparado aos cortes, o hambúrguer é uma forma que ele considera mais democrática  de consumir carne.

“O crescimento é muito relevante no fast food, mas já começa um movimento de hambúrguer na churrasqueira. Em grandes eventos de churrasco, é uma das estações que acabam primeiro. O jovem é muito ligado no hambúrguer”, afirma.

Mais certificação

Para a Associação Brasileira de Angus, que reúne os criadores desse tipo de bovino no país, casos como o da Monster Dog são mais um indicativo de maior demanda pela carne certificada originária de gado da raça. Ana Doralina Menezes, gerente do Programa Carne Angus, pontua que o consumo de hambúrguer vem aumentando.

“Existe uma demanda aquecida. Antes, o consumo era restrito a grandes redes. Hoje, você vai na casa de alguém e consome. Mostra que o consumidor visualiza angus como um produto de qualidade e procura”, avalia.

O Programa Carne Angus certifica frigoríficos com linhas de produção de carne da raça. A indústria precisa comprovar o cumprimento de padrões de cria, abate e processamento definidos e auditados. É possível certificar outros estabelecimentos, como restaurantes, por exemplo, com carne angus no cardápio.

Ana Doralina afirma que a certificação cresce conforme o esperado em número de animais abatidos e volume produzido de carne. Em 2018, a Associação registrou o abate de 430 mil animais dentro do programa. A expectativa para 2019 é aumentar em 10%.

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Source: Rural

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