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A potra Bailarina durante o pós-operatório (Foto: Divulgação)

No Paraná, a pequena potra Bailarina nasceu com um desvio ósseo e seu triste destino seria a eutanásia. Mas, graças a uma equipe de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) ela recebeu uma segunda chance.

Ao ser encaminhada à universidade, os veterinários enxergaram uma ótima oportunidade para testar uma nova técnica que, além da potrinha, pode começar a salvar a vida de equinos que nascem com má formação nos ossos: a ostectomia em cunha, um método inédito em cavalos, mas já amplamente usado em cachorros. Ela ainda não tinha sido usada em equinos devido a grande diferença entre as estruturas óssea dos animais.

“O cavalo apresentava significativa deformidade do terceiro metatarso, que seria canela, do membro pélvico esquerdo, mas não foram notados outros problemas de origem óssea”, explicou José Villanova Junior, doutor em Ciências Veterinárias pela PUC-RS e responsável pela pesquisa, por meio de comunicado.

O antes e o depois da potra Bailarina (Foto: Divulgação)

Bailarina já começou a fazer o acompanhamento desde cedo, pois o exame radiográfico foi solicitado logo em seu primeiro dia de vida, com as imagens do membro afetado. Na semana seguinte, foram feitos hemogramas e mais exames – dessa vez, bioquímicos.

Depois de 20 dias da data de nascimento, a potra teve que ser separada de sua mãe para ser tratada na Fazenda Experimental Gralha Azul, pertencente à PUC-RS. Uma vez com os pesquisadores, ela foi examinada e apresentou um comportamento normal, mas, em contrapartida, a deformidade piorou e, aos 40 dias de vida, a potra passou pela intervenção cirúrgica.

A pressa para se realizar a operação é justificada:“Se houvesse demora em todo o processo, poderia prejudicar o desenvolvimento de outros membros. Seria algo como um efeito dominó”, explica Villanova Junior. A tendência seria piorar, principalmente a articulação que fica um pouco acima do casco, local onde as taxas de crescimento são mais rápidas em recém-nascidos, mas que diminuem consideravelmente após os seis meses de idade.

A cirurgia é baseada na correção do desvio ósseo do animal e fixação de pinos para que o osso possa calcificar na forma correta. Com isso, após o período de recuperação, o animal pode crescer e se desenvolver corretamente.

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Neste tipo de procedimento, a correção é feita com apenas um mês de vida, tempo crucial para evitar maiores deformidades no animal. Além disso, o procedimento torna possível salvar o valor genético do animal já no começo da vida, para uma vida reprodutiva futura.

“Todos nos disseram que não havia alternativa, exceto a eutanásia. Mas se tivéssemos sucesso, ela não perderia o valor genético e poderia reproduzir normalmente”, diz Villanova. A potra veio de  uma linhagem de corredores, ou seja, mesmo que ela não possa correr devido a um desvio na pata, poderá reproduzir filhotes com genética adequada para a prática esportiva.

Após a cirurgia, o animal foi submetido a tratamento intensivo para uma perfeita adaptação ao fixador externo e para que não houvesse sobrecarga nos pinos e barra de conexão fixados aos ossos.

A recuperação foi ótima: após 180 dias de pós-operatório de calcificação óssea total, os implantes foram retirados e a potra passou a se locomover corretamente, realizar todos os movimentos e até mesmo correr sem dificuldade. Hoje, ela vive uma vida normal.

O tipo de anomalia apresentado por Bailarina atinge apenas poucos potros e, na maioria dos casos, é notada logo após o nascimento. Para analisar o grau de desvio do osso do animal, utiliza-se um transferidor ou softwares específicos que coleta a informação e a analisa.

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Source: Rural

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