Skip to main content

Boi Angus (Foto: Fagner Almeida/ Divulgação)

 

Integração. O trabalho conjunto de criadores, representados pela associação brasileira da raça, frigoríficos e varejo tem alavancado o crescimento constante e sem limites da criação do bovino angus nos últimos anos no Brasil. O cenário positivo, no entanto, não seria possível se o elo final da cadeia não estivesse dando sustentação: o consumidor.

Nos últimos anos, com a melhora do poder aquisitivo e a preferência por carne certificada, cuja origem é conhecida e o sabor se destaca, lojas e gôndolas de supermercados incrementaram a oferta e também passaram a receber e dispor de uma variedade maior de cortes. Assim, mesmo diante de uma das crises econômicas e políticas mais agudas da história do país, esse mercado tem crescido.

No Programa Carne Angus Certificada, maior experiência do gênero no país, que teve início em 2003,  a evolução do número de animais certificados é de 20% a cada 12 meses. Segundo Fábio Medeiros, gerente da iniciativa, de 2003 a 2017, foram certificados 3 milhões de cabeças. “Somente em 2017, foram 500 mil animais, o equivalente a 30.000 toneladas equivalente-carcaça”, diz Fábio. Para ter ideia, em sua fase inicial, o volume não superava 10 mil cabeças.

Leia também: 
>> Biogás: a energia que vem do esterco
>> Pasto consorciado com feijão aumenta produtividade em MT

E se em 2004 a parceria pioneira foi feita com dois frigoríficos, hoje são 15 os frigoríficos e 40 plantas industriais, informa Fábio Medeiros. A bonificação para as carcaças certificadas pode ir a até 12%.

Fábio observa que o Programa Carne Angus é o maior de toda a América Latina. “À medida que o bolso do brasileiro foi engordando, sua opção por produtos diferenciados ativou o programa. Ao mesmo tempo, houve oferta um pouco mais elástica de cortes, e isso foi decisivo.” “Quem pensava em churrasco lembrava da picanha. Tudo mudou, e outros cortes, como coxão mole e duro, patinho, hoje entram na cesta.”

O Programa  Carne de Origem já abateu 500 mil cabeças em 2017 (Foto: Eduardo Rocha) 

 

A raça angus é taurina, ou seja, de origem europeia. No Brasil, sua adaptação foi plena na Região Sul, principalmente no Rio Grande do Sul, por conta do clima frio. Experiências de cruzamento com o zebu, como o nelore, espalharam o rebanho por outros Estados e a Associação Brasileira de Angus, sediada em Porto Alegre, está comemorando o avanço da criação agora nos celeiros do Centro-Oeste, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e ainda no Pará. Em consequência, o quadro de pecuaristas associados à entidade duplicou nos últimos anos.

A meta do programa, anuncia Fábio, é marcar presença nos 15 principais Estados da pecuária até 2020. “E atingir 1 milhão de cabeças certificadas a cada ano.”

Leia também: 
>> Como preparar ração para o gado leiteiro
>> Touro mais temido nos rodeios vai ganhar monumento no interior de SP

Ele lembra os aspectos técnicos que são respeitados para certificar uma carcaça do programa: “O sangue angus tem de ser comprovado. Além disso, os animais abatidos atendem às exigências de acabamento de carcaça e idade. São aprovados somente os exemplares mais jovens.”

Do total de carne produzida pela iniciativa, quase 100% é consumida dentro do Brasil, o que comprova a exuberância do mercado interno. “Não tem crise. É que o tipo de consumidor dessa carne gosta de qualidade e nunca volta atrás”, afirma Fábio Medeiros.

Touro Tedious, grande doador de sêmen (Foto: Divulgação)

 

Focando o mercado mundial, ele afirma que a participação em feiras internacionais está sendo feita visando estreitar laços com importadores. “A demanda mundial pela carne de elite é poderosa. No momento, não exportamos mais porque comemos toda ela aqui dentro.”

Frigoríficos como o Marfrig e o Frigol, marcas conhecidas como McDonald’s, VPJ Alimentos e Premium Casa Branca e redes de supermercados como a Zaffari são parceiros.

“Em 2013, quando entramos no programa, abatíamos de 200 a 400 angus ao mês. Hoje, estamos entre os três maiores abatedouros de carne certificada, com 4 mil cabeças ao mês”, afirma Luciano Pascon, CEO do Frigol, empresa sediada em Lençóis Paulista (SP).  Ele relata que a ampliação do mercado foi possível graças também à migração do consumo de carnes mais nobres para produtos até então não muito procurados. “No auge da renda e do emprego, além da picanha, entraram no cardápio outros cortes e o mercado foi ampliado. Linhas para churrasco, embaladas a vácuo, dividiram espaço na preferência do público com coxão mole, coxão duro, paleta, etc.”

O grupo participa do Programa Carne Angus Certificada, tem uma linha Angus Frigol e criou uma linha gourmet denominada BBQ Secrets.

O executivo acredita que o grau de marmoreio da carne angus premium, entre outros atributos, caiu no gosto do consumidor e a tendência é de evolução. E, para dar resposta a esse crescimento acelerado, o cruzamento entre a angus e outras raças vai se consolidando nas fazendas.

O cruzamento com os zebuínos, entre eles o nelore, e também a urgência para aprimorar o rebanho de angus têm feito a comercialização de sêmen dar saltos impressionantes nos últimos anos.

Dados divulgados pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) em 2016 referentes ao comércio de sêmen angus registravam o total de 4,3 milhões de doses negociadas na temporada de 2016. O volume superava em 15% os 3,7 milhões de doses vendidas em 2014.

A partir de 2016, a Asbia deixou de divulgar os resultados anuais por raça, passando a focar o mercado como um todo. É certo que a comercialização de sêmen angus continuou evoluindo e a raça ultrapassou a então líder nelore.

“Em 2005, as vendas de genética angus estavam  ao redor de 500 mil doses ao ano. Nos dias atuais, elas emplacam 4,5 milhões”, enfatiza Fábio Medeiros.
Source: Rural

Leave a Reply