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Sede da Bayer, em Leverkusen, Alemanha. Empresa considerou a sentença da Justiça dos Estados Unidos desproporcional (Foto: Divulgação)

A Bayer disse nesta segunda-feira que o veredicto do júri que condenou a Monsanto nos Estados Unidos a indenizar um cidadão está "em desacordo com o peso da evidência científica, décadas de experiência no mundo real e as conclusões dos reguladores em todo o mundo". As ações da companhia alemã, que recentemente concluiu a aquisição da Monsanto, despencaram nesta segunda-feira (13/8) 10,51% na Bolsa de Frankfurt, para 83,67 euros.

Na sexta-feira (10), um júri do Estado da Califórnia condenou a Monsanto a pagar US$ 289,2 milhões em um processo histórico sobre se a exposição a herbicidas causa câncer. A decisão da sexta-feira foi de que os produtos Roundup e Ranger Pro da Monsanto representavam um "perigo substancial" para os consumidores, e que a empresa de St. Louis sabia – ou deveria saber – dos riscos potenciais que representavam. O caso é o primeiro de muitos que podem ir a julgamento e representa uma questão incômoda para a Bayer, que fechou a aquisição da Monsanto por mais de US$ 60 bilhões em junho, após dois anos de disputas.

A Bayer observa que a decisão está sujeita a recurso. Um porta-voz da empresa acrescentou que o envolvimento da companhia alemã no caso e sua capacidade de fazer mais comentários são limitadas por acordos antitruste dos EUA. A empresa se recusou a comentar sobre quaisquer possíveis passivos.

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A Monsanto informou que está ciente de 5.200 reclamantes que alegam ter sido prejudicados pela exposição a produtos feitos a partir do glifosato. A empresa disse anteriormente que não poderia estimar as perdas referentes a litígio. O próximo julgamento envolvendo o Roundup, também um caso estadual, está programado para começar em outubro em St. Louis. Datas para ações judiciais em tribunais federais ainda não foram definidas.

A controvérsia envolveu o herbicida Roundup por anos, já que estudos produziram resultados mistos sobre o potencial risco carcinogênico do glifosato, seu ingrediente ativo. No entanto, a decisão de sexta-feira foi uma surpresa para alguns por causa dos regulamentos existentes nos EUA que permitem o uso do ingrediente.

O processo da Califórnia é de Dewayne "Lee" Johnson, que trabalhava como jardineiro do Distrito Escolar Unificado de Benicia, na área da Baía de São Francisco, e foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin. Os advogados de Johnson disseram que a Monsanto sabia que o teste do glifosato era insuficiente e que os funcionários escreveram artigos científicos favoráveis e pagavam a cientistas externos para publicar os artigos sob seus nomes.

A Monsanto no Brasil informou, por meio de nota, que a empresa "entende o anseio do senhor Johnson e sua família em busca de respostas e compreende o quanto elas são importantes", mas que a decisão na ação "não muda o fato de que mais de 800 estudos e análises científicas – e conclusões da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, dos Institutos Nacionais de Saúde americanos e autoridades regulatórias em todo o mundo – apoiam o fato de o glifosato não causar câncer, e não foi a causa do câncer do senhor Johnson".

"A Monsanto Company apelará desta decisão e continuará a defender o produto, que tem um histórico de 40 anos de uso seguro e continua a ser uma ferramenta vital, eficaz e segura para os agricultores e outros."

As vendas do Roundup compõem a maior parte da divisão de produtividade agrícola da Monsanto, que gerou US$ 3,7 bilhões em vendas para o ano fiscal de 2017 da empresa – cerca de um quarto do total de vendas da Monsanto. O glifosato, o principal ingrediente químico do produto, não tem patente há anos, mas o Roundup está na base da franquia multibilionária da Monsanto em culturas geneticamente modificadas, incluindo variedades de milho, soja, algodão e canola projetadas para resistir ao herbicida.
Source: Rural

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