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José Francisco de Araújo e o sistema de irrigação em sua plantação (Foto: Divulgação/Ama)

O agricultor cearense José Francisco de Araújo, 53 anos, sempre teve dificuldade para plantar alimentos no seu sítio. A 32 quilômetros da cidade de Iguatu, a área em que sempre morou e herdou do pai sofria com um problema muito comum na região: a falta de água.

Há três anos, uma mudança enorme ocorreu. O que antes era uma área praticamente improdutiva se tornou uma plantação de 80 metros quadrados. Nela, José Francisco colhe cebola, acerola, macaxeira, pimentão, abobrinha e quiabo, entre outros produtos.

O que tornou isso possível foi a chegada de um projeto batizado de Mudas, um método de irrigação desenvolvido por Kevin Brasil, empreendedor, técnico em agronomia que mora em Iguatu. “Começamos com um piloto para três famílias. Constatamos que o sistema funcionava, então passamos a atender oito famílias. Hoje, 25 usam o sistema, além de cinco escolas da cidade, que alimentam os alunos com a produção das hortas”, explica.

>> Confira o passo a passo para construir o sistema de irrigação

Kevin conta que desenvolveu o Mudas para que a água na região fosse usada sem desperdício, mas atento ao custo para o produtor. Um valor acessível era crucial para a ideia dar certo. Segundo Kevin, o custo médio de implantação do sistema que desenvolveu, de R$ 8,07, é 95% mais barato que o custo de sistemas similares encontrados no mercado.

Os micro-aspersores em funcionamento (Foto: Divulgação/Mudas)

 

O sistema inclui uso de mangueiras, com pequenos furos, onde são encaixados micro-aspersores totalmente artesanais. Eles são feitos com palitos de pirulito, pregos e arames e funcionam como pulverizadores: ao chegar na cabeça do prego, a água se dispersa em gotículas.

Além do sistema de irrigação em si, um sensor de umidade do solo também faz parte do sistema. Na realidade, são dois sensores que atuam juntos: um a 10 centímetros e outro a 20 centímentos de profundidade, separados por uma distância de 5 centímentros. “É fácil de manejar. Eu só irrigo quando a plantação realmente precisa de água”, explica o agricultor José Francisco.

O sensor, ligado a duas profundidades diferentes (Foto: Divulgação/Mudas)

 

O sistema, segundo ele, mudou a vida da família. “Antes, eu não tinha orientação nem ajuda. Agora, além da alimentação, eu ainda vendo parte da produção. Minha renda mensal aumentou cerca de R$ 500”.

Kevin tem planos para aumentar a rede do projeto. Já há um projeto piloto em atividade no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, e um projeto para expansão em outras comunidades cearenses. “Ao gerar renda, o sistema reflete na qualidade de vida da família dos agricultores. Isso é muito importante”, diz o empreendedor.

Negócio acelerado

Kevin desenvolveu o Sistema Mudas com apoio da Aceleradora Ama, uma iniciativa da água mineral de mesmo nome, produzida pela Ambev e que investe 100% do seu lucro em projetos para levar água ao Semiárido brasileiro. “Temos projetos específicos para comunidades rurais que não tem acesso à água. Fazemos perfuração para atingir lençóis freáticos, disponibilizamos energia para bombear essa água, e também fazemos o tratamento dela”, conta Richard Lee, gerente de sustentabilidade da Ambev. Depois de implantadas nas comunidades, as estações de bombeamento se tornam autossustentáveis, porque tem painéis de energia solar, explica Richard. “Os moradores pagam pela água, mas o dinheiro arrecadado não vai para a Ambev. É uma quantia pequena, que fica na comunidade, suficiente apenas para reparos e manutenção da estação”.

A iniciativa também financia obras, projetos e pesquisa, como aconeceu com o Kevin, do Ceará. Richard explica que as obras em si são um aspecto essencial do projeto, mas buscar ideias inovadoras têm o potencial de atingir comunidades em um número exponencial. “Uma iniciativa como a do Kevin pode ser usada em hortas e plantações por muitas pessoas. Até em comunidades não atendidas pelo nosso projeto”, diz o executivo da Ambev.

O gerente ressalta que o trabalho da aceleradora não para após encontrar uma boa ideia. “O projeto do Kevin, por exemplo. Depois de identificar o potencial, fizemos um trabalho de sentar com ele, orientar, dar dicas, sugerir um modelo de gestão e dividir experiências. É um processo que dá maturidade e consistência para o projeto. E de fato virou um modelo de negócio maduro”, afirma Richard.

A Ama viabilizou o Sistema Mudas, mas também atua em outras regiões e projetos. São 7500 pessoas beneficiadas em 11 comunidades nordestinas. Até o fim de agosto, a marca espera entregar projetos de acesso à água para quatro novas comunidades, chegando a 15 mil pessoas beneficiadas pela iniciativa.

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Source: Rural

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