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Em meio a um cenário de forte volatilidade de preços e indicadores como o dólar e a própria taxa de juros, 35,3% das foodtechs focadas em soluções para a cadeia agropecuária deixaram de operar no mercado brasileiro entre 2019 e 2021. É o que apontam os números de um monitoramento realizado pela consultoria PWC em parceria com a aceleradora de startups Liga Ventures e que mapeou 396 startups de 23 segmentos voltados para o setor de alimentação em atividade no país até fevereiro deste ano.

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Volatilidade do mercado e complexidade do setor agropecuário são desafios para empresas de inovação que buscam oferecer soluções para o setor  (Foto: Divulgação/Raizs)

 

“Em geral, as startups do setor de food são formadas por empreendedores que não têm muita capacidade gerencial. Eles não estão acostumados a viver as volatilidades que a gente tem, principalmente nessa cadeia agro, em que tem havido um impacto grande porque a volatilidade é maior”, explica o sócio da PwC Brasil, Gerson Charchat, ao mencionar a oscilação do dólar e aumento da taxa de juros entre os fatores que tornaram mais difícil a vida dessas startups nos últimos anos.

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“Esse é o fluxo: você tem uma demanda de mercado fazendo surgir startups pela questão da pandemia, pela questão da consciência do consumidor, do crescimento do agro especificamente e, por outro lado, você tem aí uma pressão macroeconômica e de capacidade de gestão que faz com que algumas também saiam”, resume o executivo.

De acordo com o sócio-diretor de produtos e inteligência de mercados da Liga Ventures, Raphael Augusto, a movimentação dessas empresas é algo característico do setor de startups, cujos negócios tendem a ser de alto risco. “Da mesma forma como você pode acertar a nova maneira de um consumo ou mercado, você também está exposto a um risco grande de não sustentar o  seu negócio naquele momento caso ele já não resolva um grande problema”, destaca Augusto.

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No caso da agropecuária, ele ressalta que a complexidade da atividade é um fator adicional de risco para essas startups quando comparado a outros setores relacionados ao mercado de alimentos, como distribuição e varejo, por exemplo. “Essa volatilidade é comum, mas ela vai ser maior em segmentos mais complexos ou em segmentos que não têm tanto investimento disponível, o que aumenta a probabilidade de insucesso”, explica o executivo ao reforçar que o fechamento de foodtechs também tem sido acompanhado pela abertura de novos negócios de inovação – movimento ao qual a PWC e a Liga Venturas dão o nome de “oxigenação”.

Considerando todo o universo de foodtechs, o mapeamento identificou o crescimento de 15,5% na quantidade dessas startups em atividade entre 2019 e 2021, resultado atribuído às mudanças nos hábitos de consumo durante a pandemia. “As pessoas passaram a ficar dentro de casa e passaram a comprar produtos dentro de casa, ter experiência dentro de casa e com isso passaram a buscar alternativas de delivery o que fomentou um crescimento grande de um  grande grupo de startups atreladas a esses temas”, avalia Charchat.

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Ao todo, 23,11% das foodtechs monitoradas tornaram-se inativas entre 2019 e 2021 após um período médio de atividade de 8,1 anos. Por outro lado, houve aumento de 29,9% na base de dados usada pelo levantamento. No caso específico da cadeia agropecuária, 13 novas startups foram incluídas no monitoramento da PWC em parceria com a Liga Ventures. “No caso das food techs o cenário é muito positivo. A gente vê que existe muito mercado para essa parte de novos alimentos e bebidas e tecnologias relacionadas à digitalização do consumidor”, observa Augusto ao citar como exemplo desse potencial o crescimento de 34,6% na quantidade de pessoas atuando nessas empresas.

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“Isso reflete também o potencial que as startups têm de impactar a economia porque são crescimentos muito acelerados, capazes de colocar muitas pessoas literalmente do dia pra noite dentro das empresas”, conclui o executivo.
Source: Rural

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