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O preço do algodão está em alta no mercado brasileiro, com suporte, principalmente, das cotações na Bolsa de Nova York (EUA). O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) voltou a registrar recorde nominal (sem desconto da inflação) na série iniciada em 1996. Entre os dias 22 e 29 de março, a referência teve alta de 3,25%, chegando a R$ 7,2799 por libra-peso (terça-feira, dia 29). No mês, a valorização é de 5,72%.

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Preço do algodão está em alta no mercado internacional e no Brasil (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

De acordo com os pesquisadores do Cepea, as indústrias estão evitando comprar novos lotes da pluma, priorizando a utilização dos estoques ou de volumes recebidos de contratos a termo. E como ainda há dificuldade de repasse dos custos ao longo da cadeia têxtil, algumas empresas estão trabalhando com capacidade reduzida.

"O movimento no varejo ainda está enfraquecido, diante do fragilizado poder de compra da população. Já vendedores seguem pedindo preços maiores, o que limita a liquidez no spot. Além do preço, a qualidade também é um fator limitante para as negociações, uma vez que há divergências entre a qualidade exigida por indústrias e a disponibilizada por vendedores", diz o Cepea, em nota divulgada nesta quarta-feira (30/3).

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Em relatório divulgado também nesta quarta-feira, o banco holandês Rabobank ressalta que a cultura do algodão no Brasil foi estimulada pelos bons resultados da safra 2020/2021 e pelas boas expectativas de margem para a temporada 2021/2022. Nas estimativas da instituição, a área plantada com algodão deve chegar a 1,6 milhão de hectares na safra atual, 17% a mais na comparação com a anterior. A produção deve ser 2,85 milhões de toneladas, o que, se confirmado, será a segunda maior desde o ciclo 1991/1992.

"A antecipação da colheita de soja possibilitou o bom andamento da semeadura do algodão de segunda safra em Mato Grosso. Na Bahia, as lavouras também tiveram um desenvolvimento inicial dentro das expectativas, apesar do volume de chuvas acima do normal no início do ano", avalia, no relatório.

A instituição destaca ainda que o algodão brasileiro tem encontrado espaço no mercado externo. Entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022, os embarques somaram cerca de 2,2 milhões de toneladas, informa a instituição, com base em dados do Ministério da Economia. É o terceiro maior volume exportado neste período, de acordo com os analistas.

"As exportações da fibra brasileira vêm sendo favorecidas pelos desafios logísticos enfrentados pelos americanos. Além dos elevados custos relacionados ao frete marítimo, problemas enfrentados na logística interna e também nos portos, a baixa disponibilidade de contêineres limitaram a exportação da fibra americana", diz o Rabobank.

Petróleo e safra dos Estados Unidos

As cotações internacionais do algodão vem recebendo suporte também a alta dos preços do petróleo, principalmente depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia. O movimento eleva os preços das fibras sintéticas, concorrentes da natural, à base da pluma, destaca o Rabobank.

A instituição financeira destaca, no entanto, que o cenário atual, agravado pelo conflito armado no leste europeu, traz uma expectativa de baixa no consumo global de algodão, que deve ser de 5% neste ano. De acordo com o banco, além das cotações em patamares mais elevados em Nova York, deve pesar o menor desempenho da economia mundial.

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Um dos principais pontos de atenção no mercado brasileiro neste momento, segundo os analistas do banco, é com o baixo nível de comercialização. Com base em dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), o Rabobank pontua que, até este mês, 675 mil toneladas da pluma da safra 2021/2022 estavam comprometidos, 17% a menos que no mesmo período no ano anterior.

O clima nos Estados Unidos também tende a ser acompanhado de perto pelos agentes do mercado. "O plantio de algodão nos Estados Unidos, ocorre durante os meses de abril e maio, o clima será acompanhado de perto a partir do próximo mês e poderá impactar a área plantada da safra 2022/23", avalia o banco.
Source: Rural

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