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O Ministério da Agricultura (Mapa) informou, nesta segunda-feira (24/1), à Globo Rural, que está ciente do problema causado pela falta de dessecantes para o uso na lavoura de soja e que tem se reunido com fornecedores para buscar soluções. Sojicultores têm manifestado preocupação com a falta de produtos como o Diquat e seus possíveis efeitos negativos sobre o trabalho de colheita da safra 2021/2022. Em nota, o Ministério informou ainda que "sobre novos registros, o Mapa tem mantido entendimentos com a Anvisa e o Ibama para buscar priorizar registros que possam substituir ou novas fontes do Diquat."

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No dia 19 de janeiro, a a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a liberação emergencial dos herbicidas Diquat e Paraquat para a dessecação das lavouras de soja. Ainda não há resposta. O pedido se baseia em precedete aberto com a autorização de uso emergencial do benzoato de emamectina, para controle da lagarta helicoverpa armigera.

Produtores de soja alegam que falta de Diquat prejudica trabalhos de colheita da safra (Foto: Ernesto de Souza/ Editora Globo)

 

Em comunicado, a Aprosoja Brasil destaca que a liberação emergencial só foi autorizada para o benzoato, um produto novo, porque esse defensivo agrícola já estava registrado em pelo menos três países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Agora, os produtores alegam que não conseguem comprar o Diquat justamente quando mais precisam. Alegam que a falta pode trazer prejuízos à qualidade da produção brasileira e ao país como um todo.

Em comunicado à imprensa divulgado em dezembro, a Syngenta reconheceu desafios de curto prazo para abastecer o mercado com produtos com Diquat como ingrediente devido à alta demanda em 2021 e por problemas logísticos e disse estar amplamente comprometida em aumentar a oferta do produto no mercado brasileiro.

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Segundo a Aprosoja Brasil, a Syngenta já se posicionou contra a permissão para que produtos não avaliados e aprovados pelas autoridades regulatórias brasileiras sejam disponibilizados aos agricultores. De acordo com a entidade que representa os sojicultores, a atitude da empresa difere da tomada em 2015, quando, também detentora do registro do benzoato, não foi contrária à liberação emergencial do produto.

Para a Aprosoja Brasil, a atitude diferente se explica porque várias empresas têm o registro no país do Diquat. “Ou seja, fica claro que a preocupação neste caso não é com a segurança do produto, mas de enfrentar a concorrência de outros fabricantes”, diz a nota.

Já o Paraquat foi banido pela Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) em 2017, com carência de três anos, ou seja, poderia ser usado na soja até 31 de março de 2021. O produto ainda é permitido em países como a Austrália e o Canadá. “Importante destacar também que, diante da falta de comprovação sobre a toxicidade do Paraquat, autoridades sanitárias dos Estados Unidos liberaram o uso desse herbicida por mais 15 anos.”

Aumentos de preços

A Aprosoja Brasil também destaca que o produtor vem sentindo o impacto no bolso. O litro do Diquat, que antes era comprado por R$ 30, está custando mais de R$ 160. Além disso, a entidade relata ter recebido reclamações de produtores que adquiriram o Diquat e ainda não receberam o herbicida.

“Na verdade, não existe falta do produto. O que existe é que empresas estão restringindo produtos que foram comprados por R$ 30 para poder vendê-los por um preço bem maior. E com isso a Aprosoja Brasil não pode concordar”, finaliza a nota.

Em dezembro, tanto a Aprosoja como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) enviaram pedidos ao governo para fiscalizar a conduta de lojas que não estariam entregando os produtos comprados e a possível alta abusiva dos preços de defensivos no país.
Source: Rural

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