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Originário da Ásia Central, o alho é uma hortaliça rica em amido e substâncias aromáticas de alto valor condimentar que possui ação fitoterápica. É uma das espécies mais antigas cultivadas no mundo e começou a ser plantada há mais de 5.000 anos pelos hindus, árabes e egípcios.

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Mas, afinal o que é essa semente livre de vírus que revolucionou a cultura do alho? Francisco Vilela Resende, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que trabalha há 43 anos com o alho, explica que as viroses sempre foram as principais doenças da cultura, tirando o vigor produtivo da planta. “Não é uma doença fácil de ser curada como um fungo ou praga, que você pode controlar com produtos químicos. No alho, o produto químico pode matar a planta.”

Alho (Foto: Pixabay)

 

Desde a década de 70, quando a produtividade do alho nacional era de apenas 4 toneladas por hectare (hoje, passa de 18 toneladas), pesquisadores de universidades, empresas privadas e institutos nacionais e internacionais estudam como livrar o alho dos vírus. A tecnologia desenvolvida é baseada em um processo de limpeza clonal realizado em laboratório que prevê a multiplicação in vitro e uma série de testes para eliminar totalmente os vírus e outros microrganismos nocivos da planta.

Em 2001, a Embrapa desenvolveu um projeto pioneiro para levar essa tecnologia ao pequeno agricultor, capacitando-o para multiplicar as sementes livres de vírus em suas propriedades. Segundo Resende, os insetos (pulgões) pegam o vírus na planta infectada e transmitem para a planta sadia, por isso é necessário isolar a área produtora de sementes para evitar a recontaminação. “Incentivamos a construção de telados para barrar os insetos e manter o banco de sementes livre de vírus. Com essas sementes, algumas variedades mais que dobram sua produtividade.”

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Segundo o pesquisador, a tecnologia hoje está disseminada em todas as regiões produtoras de alho do país. Ele estima que mais de 80% da área plantada use as sementes livres de vírus, que são disponibilizadas também para os pequenos plantios de alho comum, que representam menos de 15% do total. No caso dos grandes produtores do Cerrado, a semente é comprada em empresas e multiplicada em estufas nas fazendas. No plantio comercial, o produtor compra de 200 a 400 dentes de alho-semente para multiplicar em suas fazendas. A cada 4 ou 5 anos é necessário adquirir novas sementes e reiniciar o processo de limpeza.

A Embrapa e outras instituições como a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) disponibilizam as sementes para os pequenos produtores e agricultores familiares. O pesquisador diz que a Embrapa trabalha atualmente com o Mapa visando criar uma legislação para a produção certificada de alho-semente.

Resende ressalta que não existe lugar mais avançado no mundo na cultura do alho que o Cerrado brasileiro. Além da limpeza de vírus, os produtores da região investem muito no tratamento de frio da semente antes do plantio. Chamado de vernalização, o processo permite plantar em regiões mais quentes o alho roxo de boa qualidade que só produziria bem em regiões mais frias, como o sul do país.

“Há produtores no Cerrado que conseguem colher até 27 toneladas por hectare, praticamente a mesma produtividade da China, que tem um clima propício para a cultura e consegue produzir bem sem esforço e com padrão tecnológico bem inferior”, diz o pesquisador da Embrapa.

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Source: Rural

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