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O ano de 2021 foi marcado por importantes avanços nos setores de aves e suínos, mesmo em tempos de pandemia. O avanço da vacinação no Brasil e ao redor do mundo trouxe esperança, mas o surgimento de variantes, como a ômicron, ainda trazem apreensão. Apesar deste desafio, um dos maiores da nossa geração, a indústria da proteína animal demonstrou resiliência. E este não foi o único de tantos desafios encarados pelo setor, como a escassez de insumos e a forte pressão sobre os custos de produção. Se ainda pairam dúvidas sobre o cenário para 2022, uma certeza é que a avicultura e a suinocultura nacionais se mostraram preparadas para os desafios que virão.

 

Nestes quase dois anos de Covid-19 no Brasil, as indústrias de proteína animal investiram mais de um bilhão em proteção dos trabalhadores para manter a oferta de carnes de aves, suínos e ovos na mesa dos brasileiros. O preço dos produtos subiu, é verdade. Mas fomos o veículo de um aumento onde não respondemos pela causa mas, sim, pelos efeitos do aumento (nocivos, já que, em parte, foi especulativo) do milho e do farelo de soja – insumos básicos que respondem por 70% dos custos de produção.

Com tudo isto, fechamos a conta de 2021 com 54,5 bilhões de ovos produzidos, 2% superior em relação a 2020, quando crescemos 53,5 bilhões de unidades. São mais de 1,3 mil ovos produzidos por segundo. Proteína mais acessível em termos de custos para o consumidor, este setor perdeu um pouco o fôlego de crescimento com o aumento do preço do milho. Para este ano, a projeção frente ao que existe de alojamento é crescer 3%, chegando aos 56,2 bilhões de ovos produzidos. O consumo per capita ano passado chegou ao recorde histórico de 255 unidades por habitante ao ano e, para este ano, o número deve chegar a 262, avanço de 2,5%.

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A carne suína foi uma das estrelas do último ano. A proteína continua tendo um grande desempenho, porém, com menor força, afetada pelos efeitos da pandemia e da alta dos custos de produção e o maior preço dos insumos. A diminuição progressiva do incremento das exportações não assusta, pois ampliamos de 71 para 93 o número de mercados abertos para a proteína. Se em 2020 fechamos o balanço em 20% de aumento, em 2021 as exportações alcançaram 10,5% de avanço, com 1,130 milhões de toneladas. A China, mais uma vez, foi nosso principal mercado consumidor, recebendo mais de 50% da produção. Mas seguimos trabalhando para atender o mercado doméstico.

Em relação à carne de frango, em 2021 ultrapassamos a barreira das 4,5 milhões de toneladas embarcadas, chegando a 9% de crescimento. Para este ano, vemos um número mais moderado no radar, já que teremos a recuperação das produções locais nos países compradores, com até 5% de previsão, chegando a 4,750 milhões de toneladas. Apesar do avanço consistente nas exportações, tivemos ampliação de 2% da oferta do mercado interno e, para o ano que vem, projetamos 5,5% de expansão do mercado. Ou seja, o preço do frango não foi influenciado pela diminuição de oferta, mas ofertas equilibradas que possibilitaram à nossa população substituir proteínas mais caras.

Os desafios para este ano continuam sendo os custos de produção e a pressão sobre os insumos. Tivemos o apoio do governo em algumas medidas como a retirada do PIS/Cofins para importação do milho do exterior, a abertura da importação desse grão dos EUA e a retirada da TEC da importação do milho de fora do Mercosul, o que fez com que o setor parasse o processo especulativo que experimentamos desde setembro de 2020. Os custos de produção continuam preocupando o setor, com altas médias superiores a 40%, tanto para aves, quanto para suínos.

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Outro desafio são os entraves logísticos. Mais de 80% do comércio internacional é transportado por navios – no caso de nossas proteínas, este índice é muito próximo dos 100%. No cenário atual, vemos a suspensão e reorganização de rotas marítimas, a menor disponibilidade de navios, de contêineres e o cancelamento de booking. Temos trabalhado com outras entidades na busca de ações específicas e emergenciais, para que tenhamos uma política de longo prazo como hubs navais e embarcações com maior capacidade. Somente em aves e suínos, são mais de 5,5 milhões de toneladas. Precisamos olhar para condições logísticas para escoar essa produção, já que o mundo precisa da segurança alimentar oferecida pelo Brasil.

As pestes suína africana e clássica, assim como a Influenza Aviária, que acontecem mundo afora, também geram apreensão e redobram nossos cuidados. A primeira acendeu uma luz amarela para todos, com os casos registrados na República Dominicana e no Haiti. Ações da ministra Tereza Cristina e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) intensificaram as fiscalizações em portos e aeroportos, alinhamento de estratégias continentais, engajamento de toda a cadeia produtiva e reforço dos protocolos de biosseguridade. Em relação à Influenza Aviária, tivemos campanhas preventivas em todo o país, numa estratégia de prevenção em linha com a campanha de PSA. Queremos manter a marca de nunca registrar casos da doença no país.

Fomos resilientes em relação à pandemia. Tomamos todos os cuidados e assim seguiremos. Mas, acima de tudo, não deixamos faltar oferta para os brasileiros e alimento na mesa em um momento de fragilidade da humanidade. Agora, para celebrar a retomada, voltaremos a realizar o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura, de 9 a 11 de agosto deste ano. Tenho certeza de que será, mais uma vez, um dos maiores eventos políticos, técnicos e comerciais do agronegócio do Brasil e do mundo. Um SIAVS da retomada, da celebração e da fé na nossa capacidade de sermos, cada vez mais, produtores de esperança e de alimentos para o planeta.

*Ricardo Santin é presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

**as ideias e opiniões expressasneste artigo são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural
Source: Rural

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